45 - Criaturas da Água

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- Taehyung on-

  - Mallya! - O grito escapou da minha garganta antes que eu pudesse realmente planejar fazê-lo. O carro veio pra cima de nós, deslizando no chão como se tivesse perdido o controle, e eu só conseguia pensar em agarrar a Mallya e subir pra cima, o mais distante possível, as asas já estavam beliscando as omoplatas para serem libertas quando, de repente a Mallya urrou alguma coisa. Tão impronunciável que eu me assustei quando vi marcas de linhas incandescentes se alastrando nas veias da pele dela, nítido a olhos nus. O cabelo que partiu para a cor branca se moldou num tom arroxeado, e foi então que eu entendi o que estava acontecendo. Pela primeira vez os instintos de ninfa haviam falado mais alto do que a razão humana, e ela sem consciência mandou o carro pro ar.
  Deu pra escutar um grito que vinha de dentro do carro. Num flash eu pude contemplar uma foice surgindo diante da minha visão, num corte tão rápido que eu mal pude respirar quando algo agarrou meu pé e me derrubou no chão.
  Antes do baque com as pedras eu já estava sendo arrastado pra dentro da água.
  Me debati, sem conseguir prender a respiração a tempo acabei engolindo água salgada e me engasgando.
  Senti mãos que pareciam ser humanas agarrarem a minha camisa e tentar me puxar pra cima, enquanto uma calda dourada e atrativa nadava na água. Eu nunca havia chegado tão perto de uma. E agora estava tendo contato direto com a sereia de todas as maldições que surgiam nas histórias que os humanos contam uns aos outros.
  Eu também já sabia qual era o nome dela, fitando de olhos abertos seu cabelo louro comprido, sem nem precisar perguntar. Aniary, a primeira sereia de todas, criada pelas mãos do próprio que me fez despencar do céu. Se ela tinha vindo foi por uma causa importante, ela jamais sai das profundezas do oceano sem um motivo de vida ou morte.

- Alícia on-

  Mark soltou o cinto e me segurou, eu que estava sem acabei levando ele no caminho de machucados junto a mim. O carro rodava no ar, até cair de uma vez no chão, de ponta cabeça. Com tanta brutalidade que o que restou dos vidros das janelas e para-brisa quebrado terminaram de estilhaçar com a pancada.
  Mark fez todo o esforço possível para me proteger, vi seus olhos serem tomados pela escuridão e meu corpo todo parecia moído quando toda agitação cessou. Dava pra sentir a ardência em determinados locais do corpo, onde haviam cacos de vidro atravessados na minha pele. E todos os hematomas. Em certo momento eu havia batido a cabeça e assim que levantei a mão cheia de roxos até a testa senti ela encharcar de sangue.
  Eu conseguia perceber que Mark estava falando comigo, cheio de machucados, mas não conseguia entender. Minha cabeça ainda parecia estar girando em sincronia com o carro, mesmo que ele já tivesse parado.

- Mallya on-

  - ALÍCIA! - Gritei num engasgo, e corri até o carro do Mark, ainda tentando recobrar o que tinha acontecido, eu só lembrava dos faróis do carro vindo na minha direção, depois tudo sumiu e agora eu estava correndo em direção ao carro, em uma confusão gigantesca por também não saber onde estava o Tae.
  - Alícia! - Gritei outra vez, chamando quando avistei o que havia sobrado daquele carro, estava bem amaçado e o chão assim que pisei pude sentir vários estilhaços de vidro sendo moídos pela bota - Alícia! Mark! Pelo amor de Deus! - Eu me engasguei com um soluço, sem perceber já estava chorando, agoniada com aquele silêncio, do carro estava saindo fumaça, e algo dentro de mim, estava corroendo meu coração com pesar dentro do peito em insinuar que aquilo era culpa minha. E eu achava que era.
  - Estamos aqui! - Escutei a voz de Mark e quase gritei, o alívio correu nas minhas veias como sangue. Fui até a parte da frente do carro, enxergando com dificuldade pela intensidade da chuva sobre a minha cabeça enquanto me abaixava.
  E aos poucos comecei a avistar dois corpos. Mark estava tentando fazer a Alícia sair do carro, mas ela mal sustentava os olhos abertos, muito menos o corpo. Não parecia estar entendendo o que estava acontecendo.
  - Passa ela pra mim. - Pedi, e Mark o fez, pegando ela com cuidado e trazendo pra mim, fiz o máximo que pude para apoia-la em mim, e então a puxei pra fora, logo em seguida Mark também saiu.
  - Cadê o Tae? - Perguntei em alerta e ele, me fitou, os braços e o rosto estavam ensanguentados, por um instante raiva pareceu ter passado por seus olhos, mas ele apenas inclinou a cabeça pro mar.
  - Alguma coisa puxou ele pra água! - Mark disparou e me deixou com a Alícia, enquanto corria e logo em seguida pulava na água sem pensar duas vezes.

Olhem que milagre! Nesse cap eu n passei do limite😂😄votem e comentem e até o próximo!

PRISON IIOù les histoires vivent. Découvrez maintenant