116 - Fim da Linha

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- Alícia on-

Um grito estridente me fez levantar no susto.
- Mallya! - Botei a mão no peito angustiada, parecia o grito dela - Mallya! Mallya! - Continuei chamando assustada, quando olhei na cama de cima não localizei nada além de seu Dragão, que aliás estava acordado e bastante inquieto. Por que ele não estava junto com ela? Ele nunca desgrudava dela...
- Cade a Mallya Huoyan? - Indaguei, como se ele pudesse me responder, mas o belo animal apenas se virou, continuando a monitorar a janela, como se estivesse de guarda.
Por que eles estaria de guarda se a dona dele não estava aqui? Me indaguei surpresa, mas não perdi tempo pensando nisso.
Caçei a arma debaixo do travesseiro e assim que a alcançei corri pra fora do quarto.
Descendo as escadas já havia destravado ela.
- Mallya? - Chamei o escuro, aguardando algum movimento, mas não escutei nada. Me lembrava meus pesadelos ficar no andar debaixo com tudo escuro.
Tentei lembrar onde estava o interruptor, já tinha um bom tempo que não ficava em casa e meu pai havia reformado algumas coisa. Pro meu azar não conseguia lembrar onde estava dessa vez. Talvez meu nervosismo havia me condenado.
- Mallya? - Chamei de novo e meu coração me respondeu disparando, estava batendo tão forte mo peito que eu já podia sentir ele nos ouvidos.
Parecia que a cozinha inteira estava escutando meus batimentos.
Só percebi que estava soando frio, quando lembrei que em filmes de terror, o demônio sempre está atrás do protagonista.
Um calafrio desceu pela minha espinha quando calculei que estava certa, e me virei automaticamente apontando a arma carregada pra sombra que se erguia atrás de mim.
Na mesma hora meu coração se esmagou de preocupação, e se esse demônio tivesse feito mal a Mallya.
- Quem é você?! - Perguntei rangendo dentes e ele balançou a cabeça na escuridão. Me fitando com duas órbitas enegrecidas. Um cheiro forte do meu medo pareceu percorrer meu sistema nervoso tão rápido quando aquele demônio me analisou.
- Você sabe quem eu sou. - A voz dele era reconhecível demais pra mim ter coragem de atirar, me lancei em seus braços, contente e inalando seu cheiro com saudade, rapidamente, toda aquela estrutura óssea se converteu em pele e músculos e eu o abraçei mais forte, mesmo sentindo o cheiro de morte.
- A onde você estava? - Perguntei notando que estava gelado e tremendo.
- No mar, me ajuda Alícia, eu não estou me sentindo muito bem. - Ele fraquejou e pornum instante achei que fosse cair. Parecia estar ferido e debilitado.
- O que houve Mark? - Indaguei angustiada, quem poderia ter feito isso? Jong Up pra me afetar? Alguma máfia com ódio de mim? Ou algum lobo de alcatéia inimiga, afinal Mark já tinha histórico com eles.
Travei a arma e suspirando fundo comecei a levá-lo escada a cima, conseguia sentir na minha pele os tremores dele, estava passando pra mim, os mesmo cortes, as mesmas dores pra subir as escadas, os mesmo braços arranhados e roxos. Pela dor que ele estava sentindo, que eu acabava de começar a sentir, tinha quase certeza que ele tinha levado uma surra.

- Quem fez isso Mark? - Indaguei de novo entrando no banheiro, Mark, debruçado no banquinho em que lhe sentei estava encolhido enquanto a água do chuveiro levava seu sangue seco e suas sujeiras de terra embora.
A camiseta rasgada o a calça arrebentada estavam no chão, e enquanto ele se mantinha sentado, encolhido apenas de cueca, meu coração se remoeu de pena. Eu podia sentir a dor dele, mas a angústia que estava deixando seu coração tão acelerado eu não conseguia entender.
- Mark já chega! Você está assustado como eu nunca vi antes, - Me abaixei na sua frente, sem me importar se estava me molhando também - Me conta o que aconteceu agora! - Exigi, mas ele ainda estava olhando pra baixo com os olhos vermelhos, chorando... Coloquei minha mão em seu queixo e sutilmente levantei seu rosto para olhar em seus olhos - Mark por favor me conta... - Pedi angustiada e ele me puxou, abraçando meu corpo enquanto tremia.
- Eu sei quem é o Gap Dong Alícia, - Senti o coração dele martelando no meu peito, meu coração ritmado com seu sofrimento parecia me dizer que aquilo estava certo, mesmo que lá no fundo minha mente implorava que estava errado. Estava dividida.
- Quem é o Gap Dong? - Indaguei, engolindo em seco e ele tremeu nos meus braços, as dores se intensificando, minha roupa agora estava levantando o cheiro do meu sangue, seus cortes eram meus cortes, assim como sua dor, agora também era minha. E a todo momento me perguntava se ele era capaz de usar nossa conexão pra me enganar.
- Eu estava voltando da delegacia, quando cruzei com uma mulher cambaleando na rua, ela estava prestes a se jogar na frente de um carro... Eu não tinha entendido porquê, na hora achei que estivesse louca, mas ai vi que o Tae estava do outro lado da rua, estava estava com uma faca na mão e ela pingava muito sangue. Eu não sei por que Alícia, eu me joguei na frente daquele carro e tentei tirar aquela mulher do caminho, mas já era tarde... - Mark soluçou, nunca tinha lhe visto tão vulnerável assim. Estava horririzada, minha mente estava quase se materializando pra me dar um tapa na cara e explodir meu coração, mas eu não conseguia desacreditar suas palavras.
Meu coração estava se entregando a versão de Mark, mas minha mente era incapaz de assimilar que Tae era um assassino.
- Mark... - Eu estava perplexa e confusa. Não sabia se conseguia aceitar, muito menos entender. Havia levado um choque tão grande de informação que não compreendia.
Mas tudo levava a uma coisa naquela noite, eu sabia que no fundo, meu coração me venceu.

PRISON IIWhere stories live. Discover now