72 - Sem Máscaras

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- Alícia on-

  - Vamos ser diretos. - Um homem começou a falar, não dava pra ver o rosto, mas uma sensação alarmante de que eu conhecia aquela voz me atravessou mais forte que um choque. De alguma forma também havia convencido a Mallya, pois do jeito que ela gelou do meu lado, logo em seguida se virou pra mim com os olhos arregalados.
  - É ele! - Sussurrou alarmada e eu tentei entender a confusão, ele quem? O Tae? Não, não era o Tae, aquela era a voz de outro homem, alguém que eu sabia que conhecia, mas a dor estava sendo cruel castigando meu corpo a ponto de me permitir lembrar.
  - Ele quem? - Indaguei e escutei uma movimentação assustada na frente do balcão, não era preciso ser gênio pra adivinhar que o grupo de assassinos estava mandando os vivos que restaram pra algum canto para controlar a situação.
  - Não viemos aqui pra assaltar, talvez eles sim, mas o que eu quero é algo bem mais... Vivo e insano que isto. - A voz do homem reverberou outra vez pelo bar, que agora estava fechado.
  A Mallya agarrou meu braço apertando ele com força. Parecia em pânico ou incorformada... Não, não era isso, ela estava apavorada e perplexa, mas não assustada.
  - É o... - Ela começou a dizer e eu me recordei de onde era aquela voz, era do Jong Up. Aquele garoto atraente que havia me segurado no shopping, quando eu quase caí por causa do salto alto. O que ele está fazendo aqui?
  - É o... - Agora que ia falar era eu, mas a Mallya me atropelou antes, parecia engasgada com a informação, e eu já tinha entendido que conhecíamos o suposto assaltante, mas ela ainda parecia chocada.
  - Lembra quando ficamos no beco daquele jeito? Com as cobras e o cara falando? Nosso suposto segundo Gap Dong? - Indagou e eu comecei a ligar os pontos, agora ficando perplexa também, conseguia sentir a cor sumindo do meu rosto lentamente.
  - O Jong Up é o segundo Gap Dong! - Dissemos ao mesmo tempo e algo foi lançado, não resistimos, o susto foi tanto que nós duas gritamos. A faca da Mallya, a mesma que ela tinha atravessado na cabeça de um cara pra salvar uma menina pequena a menos de meia hora atrás havia sido lançada acima de nossas cabeças até a parede, com tanta força que cravou a lâmina lá.
  - Eu quero as duas gracinhas aqui na minha frente. E se não vierem eu vou começar a penerar esse balcão com balas de prata. - Se ainda tínhamos dúvida que ele era o humano cretino que estava matando todos os dias e que sabia o que éramos, agora tínhamos certeza. Jong Up era o segundo Gap Dong, mas ele era esperto demais pra entregar o jogo assim, deve ter planejado tudo isso, sabia que reconheceriamos, e mesmo assim quis se expor pra nos afrontar.
   Olhei pra Mallya, estava começando a ficar zonza, tinha algo de errado, agora parando pra pensar eu não me surpreenderia se aquela bala que me atingiu era de prata. Foi tão rápido que eu mal senti, só quando começou a arder por dentro como se estivesse em chamas.
  - Minhas fadas, eu não tenho o dia todo, pelos meus cálculos a Polícia vai chegar em quinze minutos, e os namoradinhos de vocês em dez, então vamos brincar enquanto eu ainda tenho tempo. - Jong Up se pronunciou novamente, e eu engoli em seco, havia algo diferente na voz dele, uma tonalidade cruel de entusiasmo havia substituído a doçura e atenciosidade que ele demonstrou quando nos conhecemos.
  - Você aguenta levantar? - Ela perguntou colocando a mão livre no meu rosto e ela nem precisou me contar, eu já estava sentindo que tinha febre, a droga da bala era de prata.
  - Se o Wonho tentar me injetar qualquer agulha de novo o pau vai quebrar. - Alertei e ela me deu as mãos segurando a risada, ela também tinha levado injeção aquele dia no parque, mas aguentou melhor do que eu.
  - Andem logo! - Ele esbravejou e um disparo esmurrou a parte posterior do balcão, meu coração disparou e então nos levantamos, as duas juntas enquanto a Mallya me dava suporte.
  Assim que firmei os pés no chão e vi pelos menos uns dez homens mascarados de pé quase vomitei. Eles me nauseavam, e o fato de estarem de pé enquanto mais de uma dúzia de inocentes estava no chão ensanguentada e uma outra quantia estavam encolhidos num canto do bar me abalou. Só restava a inquietação pra pegar o Jong Up e dar uma boa surra nele, isso estava quase me rasgando por dentro.
  - Olá meninas, senti falta de vocês. - Pelo tom de voz entusiasmado um sorriso era perceptível vindo da parte do rapaz. Assim como duas cobras bem grandes estavam passeando pelo chão ao mesmo tempo que outras três ainda maiores cercavam as vítimas ainda vivas em toda aquela confusão. No mesmo instante senti o punho da Mallya cerrar - Não sejam tímidas, se aproximem, eu quero tanto brincar...

PRISON IIWhere stories live. Discover now