13 - Fria Vingança

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  - Hanako san... - Continuei a cantar e escutei a maçaneta da porta, a garçonete estava tentando sair daqui.
  - Meu Deus do céu! - Escutei ela exclamar assim que percebeu que a porta não abria e abri um sorriso. Meus olhos estavam queimando, eu queria estar na frente dela, olhando dentro dos seus olhos pra ver o medo dela, mas não podia fazer isso agora, ainda não era hora de assistir, apenas de aprontar.
  - Assobi macho... - Cantei mais uma parte, admirando a falta de astúcia nela, qualquer ser humano normal viria ver de onde vem o barulho da canção e tentar provar a si mesmo que aquilo era só uma brincadeira de mal gosto, mas ela estava com tanto medo que não se atrevia a tentar fazer nada além de fugir.
  - Quem está ai?? - Perguntou ela de novo e eu empurrei a porta da cabine onde eu estava, que por acaso era do último banheiro, e que rangia por causa do tempo das dobradiças. Pude ouvir a respiração ofegante por causa do medo da menina, as mãos dela se juntando pra começar a rezar. Não sabia que vampiros rezavam...
  - Hanako san... - Comecei a cantar a última parte, agora vestindo a peruca loira e me aproveitando do interruptor que estava ao meu lado, como o plenejado, eu apaguei a luz - Assobi macho... - Quando terminei de falar dei um passo a frente, com a cabeça baixa, e meu reflexo foi visto no espelho, a garçonete gritou, aterrorizada colocando a mão na própria boca com medo assim que me viu.
  - Jesus amado! - Ela proferiu e então escutei seus passos apressados, correndo pra dentro de uma das cabines, pelo que vi no espelho era uma das que estavam no meio.
  Sem expressão eu me dirigi até a porta onde ela estava, trancada e sendo mantida por rezas que a vampirinha suja ficava proferindo na esperança de me afastar. Nunca vi um ser sobrenatural tão medroso.
  - Haaai. - Confirmei em japonês, parando na frente da porta, a água nas pias escorriam pelo chão, que estava todo molhado e cada vez mais era inundado pelas torneiras quebradas.
  Vesti a luva com garras, que se assemelhava a mão de um lobisomem, mas que não passava de um brinquedo de Halloween e então me abaixei, olhei por baixo da porta, e assim que avistei os tornozelos da garçonete, tremendo compulsivamente enquanto ela rezava pelo seu bem eu abri um pequeno sorriso.

  Sai do banheiro limpando as mãos. Estava feito. Eu estava me sentindo calma como se tivesse tomado todo o chá do mundo, tranquila e andando em direção a nossa mesa como se nada tivesse acontecido. Como se eu simplismente tivesse saído do banheiro como uma pessoa normal, e estivesse indo se reencontrar com os amigos. Mas o semblante assustado da garçonete estava na minha cabeça, se eu fechasse os olhos naquele momento podia ver seu rosto tomado pelo pavor diante das minhas pálpebras. Ela não tinha visto o meu rosto, não fazia ideia de que eu lhe tinha feito todo o mal que a assustou, mas eu sabia, e a única coisa que ela tinha visto antes de quebrar os dedos da mão esqierda quando socou a parede de uma das cabines em sua própria defesa, tentando inutilmente se proteger de sons e barulhos e até mesmo uma mão que agarrou seu tornozelo por debaixo da porta de uma das cabines. Até que não fiz muita coisa. Mas havia sido suficiente para aterroriza-la, e pra me sentir satisfeita de vê-la tão apavorada.
  Isso não ia sair da minha cabeça tão cedo, o prazer que eu senti quando escutei ela gritar de dor por ter quebrado os dedos. A minha satisfação por ver que o medo que eu tinha causado nela através de um cenário tão falso tinha surtido tanto efeito. Ela literalmente estava tendo um ataque de medo, tremendo e rezando enquanto chorava. Eu havia armado tudo realmente. E eu havia gostado do que fiz, mesmo que fosse tão errado e uma parte da minha consciência me afirmasse que não deveria ter feito. Que talvez deveria simplesmente ter colocado-a no próprio lugar e marcar território em cima do Mark, mas tenho que admitir que minha consciência ficou mais tranquila em saber que agora ela ia passar mais tempo assustada e com medo do que dando em cima do namorado dos outros. Era bom, e eu havia gostado, então é só isso que importa agora.
  Assim que tomei meu lugar Mark me lançou um olhar acusatório, mas seu sorriso era contraditório a sua ação.
  - Você vai parar agora de se esquivar de mim? - Perguntou ele estendendo a mão sobre a mesa para segurar a minha e eu sorri de volta, mas não o respondi, me virando pra Mallya para para trocar um olhar, que era suficiente para dizer que havia tudo corrido perfeitamente nos conformes. E ficamos assim enquanto eu permitia que os dedos de Mark agarrassem os meus num gesto cheio de carinho.
  - Antes de você chegar, - Tae que até então estava distraído com um milk shake se virou para mim e eu desviei meu olhar esperando que ele continuasse - Pensamos que seria legal ir no parque de diversões da cidade. Tipo um encontro de casais. - Propôs Tae e eu abri um sorriso animado, estava me sentindo tão bem que não resisti alargar meu sorriso quando vi a garçonete assustada saindo do banheiro, com o rosto vermelho de choro, e as roupas molhadas.

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