112 - Virando o Jogo

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- Mallya on-

  - Então era por isso que ele se encondeu todo esse tempo... - Constatei pensativa e levei um cutucão da Alícia que estava sentada de perna cruzada em cima da mesa, quando devolvi o cutucão pra ela parar de me perturbar quase a derrubei, e então caímos na risada pela idiotice que tínhamos acabado de fazer. Estávamos tão concentradas em nossa mente que não queríamos parar nem pra trocar ideias e respostas para perguntas uma da outra. Estávamos assim trocando olhares silenciosos que respondiam tudo a pelos menos quatro horas, mas com certeza havíamos chegado a algum lugar.
  Parece que nosso querido assassino infeliz estava se reservando, e quando finalmente atacou foi pra cumprir mais uma parte do plano, mas estava tão em cima do tempo pré-determinado por ele mesmo que teve que teve que se apressar e cometeu o erro de largar uma amostra de DNA nas evidências, sabia que tinha jogado merda no ventilador, mas já que não pretendia voltar atrás pra arrumar ele já estava dois passos a frente da Polícia garantindo que Tae seria culpado o bastante para não ter saída do crime.
  Ele sabia o que Tae foi fazer no meio da noite pra ter sumido, sabia que ele não teria um álibi válido e não hesitou em armar meticulosamente pra cima dele. Estava tão na cara de acordo com as papeladas que eu estava quase me dando um tapa na cara pra tentar entender porquê ele havia feito aquilo, parecia que tinha se aproveitado de um erro pra se beneficiar de propósito. Não só por limpar sua ficha temporariamente acusando o Tae, mas por que sabia que nós duas iríamos descobrir, ele tinha armado pra gente descobrir, mas por que?
  - Eu estou confusa. - Alícia me deu mais um cutucão exasperada e quando fui retribuir o cutucão ela me ameaçou com a barra de chocolate que estava nas mãos.
  - Ele sabia. - Retruquei semicerrando os olhos pra ela. - Tem caroço nesse angu quando ele resolveu incriminar o Tae pelos erros dele, ou melhor dizendo, ele sabe muito bem que não vai ser assim vamos revidar, porém ele quer alguma coisa de nós, como se já espersasse que vamos revidar e por isso a última morte que teve que incriminou o Tae d evez foi tão fútil, ele acha que faremos algo ao favor dele inconscientemente, ou que saberemos enquanto fazemos, mas de alguma forma ele vai achar uma maneira de nos enganar no final... - Refleti em voz alta e a Alícia coçou os olhos inqueita. Aqueles velhos impulsos nervosos dela. Havia sentido tanta falta de ver ela fazer isso.
  - Acho que ele ta armando, mas não acho que é só isso, tem mais ai, e acho que pra gente descobrir de vez e desmascarar ele antes dele fazer primeiro com a gente, precisamos nos aprofundar mais no que ele está fazendo.
  - Sabe o que fazer né? - Indaguei arqueando uma sobrancelha, e ela sorriu maliciosamente de volta pra mim.
  - Exatamente. - Com o poder do olhar, já havíamos trocado uma informação tão valiosa que nem mesmo Gap Dong seria capaz de entender nossa conexão naquele momento. Íamos fazer o joguinho dele, mas sigilosamente iríamos fazer o tiro sair pela culatra. Passaríamos a perna nele antes que fizesse com a gente.

- Alícia on-

  Através daquele breve pedaço de vidro, as nuvens se enfureciam, escondendo cada vez mais o que restou do céu. A neblina que cercou o carro estava ficando tão densa que quase fui incapaz de prever quando Mallya podia voltar, afinal demorava demais e sabíamos que Gap Dong poderia estar a espreita.
  Passava de meio dia, muito mais do que meia hora que ela estava lá dentro, era só pra fazer um discurso convincente e voltar, mas algo me tomava de impaciencia quanto a toda essa demora para seu regresso. O que havia acontecido naquela delegacia pra tomar tanto do seu tempo, ou então quem o estava fazendo.
  O céu se enegreceu mais, arrastando um entardecer amarelado e cinza, quase transformando as ruas num breo atrás da delegacia, estava ficando tudo cada vez mais escuro e denso.
  - Cadê você Mallya... - Sibilei angustiada, o lápis na mão tamborilando no volante de tempo em tempo com uma precisão inata de impaciência e preocupação. Não conseguia mais ficar ali, a neblina que se espalhava de forma tão intensa pelo estacionamento já parecia estar me sufocando, eu precisava saber o que estava havendo.
  Destranquei o carro, e quando estava prestes a sair, duas silhuetas invadiram minha visão, estavam se aproximando do carro depressa. Não demorou pra reconhecer a Mallya e o Jackson. E a Mallya havia me trazido café...
  Ela mal tinha ocupado o banco e eu já estava pegando o café e a indagando.
  - Eai no que deu?
  - Trago boas novas, e más novas também. - Ela se prontificou, e então tomou um gole do seu leite quente enquanto eu aproveitava a pausa pra saborear meu cappuccino. Melhor coisa nesses dias nebulosos além de investigar um caso de assassino, é investigar um caso de assassino com um cappuccino.
  - Manda Braza. - Falei e ela e Jackson pareceram inquietos.
  -  A boa é que eles gostaram da resposta temporária que demos sobre a suspeita do Tae ser o Gap, e o Tae vai poder responder em liberdade durante a investigação dos últimos assassinatos, a notícia ruim, é que o único jeito de salvar o Tae é entrando na Floresta das Almas.
  - Posso saber como? E claro, como é que vamos sair vivas de lá?
  - Em duas etapas, - Jackson debruçou no meio dos bancos da frente para intrometer-se na conversa. Um ar pesado de brigas e sangue pareceu emanar dele com tanta força que senti ânsia. Guerra, o amargo sabor de traição e violência estava se infestando naquele carro fechado como se fosse um veneno tóxico. - Primeiramente, vocês não vão conseguir nada sem aquele livro das ninfas, segundo, o único jeito de sair vivo de lá é por um portal.
  - Tá, traduz isso que você falou. - Pedi arqueando as sobrancelha para ele.
  Coçando a garganta e a barba rala por fazer, o homem loiro continuou dizendo.
  - Pra sair de lá, vocês tem que conseguir entrar, acho que já perceberam que é meio difícil passar pelo portão, é porquê os demônios ficam próximos as entradas da floresta, ou seja, se vocês ficarem exatamente no meio não tem problema, não vão ter que lidar com nenhum bicho a solta, porém pra sair que vai ser um pouco mais arriscado. Tem uma saída dessa floresta, que leva pra aquela igreja onde a sua mãe faleceu Alícia. É a mais segura comparada com as outras, vocês só vão precisar de alguém pra abrir a porta. Se vocês conseguirem o livro, eu dou um jeito de vocês passarem vivas por aquela ponte.

PRISON IIWhere stories live. Discover now