Capítulo 10

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Liberei minhas garras numa transformação incompleta enquanto subia agilmente em uma árvore. Num hábil movimento, saltei usando o galho da frente para impulsionar o salto seguinte mirando em uma árvore mais fina a alguns metros de mim. Transformei ligeiramente minhas pernas em patas e concentrei a força de Lisa nelas no intuito de destroçar meu alvo.

Senti mais o golpe do que a própria árvore, e me permiti transformar por completo para amenizar a queda. Eu não conseguia ficar de pé. Mudei ligeiramente para a forma humana colocando o tornozelo deslocado de volta ao local e voltei para a forma de lobo para me curar mais rapidamente. Mesmo com a cura acelerada, eu passaria algumas horas mancando ainda com o pé direito.

"Isso dói." — Reclamou Lisa. Deitei no chão olhando para a árvore ainda de pé, mas com uma rachadura de ponta a ponta no tronco.

Para a maioria dos lobos era a forma humana ou a de lobo. Como me empenhei desde cedo em ficar com o controle, aprendi a pegar a força de Lisa emprestado sem ceder meu corpo, o que me permitia me transformar parcialmente. Mais do que uma parte minha, minha loba era também a minha melhor amiga, então o diálogo era sempre estabelecido com respeito visando uma cooperação cada vez mais firme e forte.

— Vamos ficar fortes de todas as formas possíveis. Obrigada por seu esforço hoje! Por hora, vamos parar. Como recompensa, vou te deixar caçar um pouco. — Senti ela se agitar de alegria por dentro. — Desde que fique dentro dos limites que estabeleci.

Quando a dor ficou suportável, Lisa começou a correr e ficamos farejando até encontrar um possível alvo. Assim que o detectamos, fomos a caça juntas e conseguimos abater um cervo com sucesso. Assim como era ela que aguentava a maior parte da dor na forma de lobo, também era ela que teria que aguentar o gosto da carne crua, algo que ela amava. Deixei que se esbanjasse antes de voltar para casa.

Entrei sorrateiramente pela janela do meu quarto como sempre fazia, rastejei secretamente pelo corredor em direção ao banheiro e após um banho rápido, voltei ao quarto e vesti um short simples com uma camiseta azul escuro. Meu quarto ficava voltado para os fundos e pertenceu anteriormente a minha mãe. Sempre que eu fechava a porta colocava uma placa de ocupado.

— Estava dormindo? — Perguntou minha avó assim que me sentei de frente a ela na sala. Ela estava sentada em uma velha poltrona amarela, tricotando um cachecol vermelho.

— Estava estudando. — Respondi. Não era de todo mentira já que treinamento é uma forma de estudo.

— Mas você nem me respondeu quando te chamei para lanchar.

— Desculpa vó, é que eu gosto de estudar ouvindo música. Estava com o fone de ouvido, então não ouvi nada.

— Esses jovens de hoje em dia... — Ela riu suavemente sem concluir aonde queria chegar. Sentei-me ao lado dela, peguei um pedaço de papel e comecei a compor uma nova música.

Era um típico e agradável dia de domingo. Passamos a tarde concentradas em nossos hobbies, sem deixar de desfrutar da companhia uma da outra. Minha tia não estava, já que nos fins de semana trabalhava no restaurante no centro da vila. Era início da noite quando meu celular tocou.

— Alô! — Atendi colocando a letra da música parcialmente pronta sobre a mesa.

— Oi, Eliza! Aqui é o Nicolas. A banda recebeu um chamado de última hora para tocar no jantar da casa principal do clã. Bora lá pegar rango grátis e você aproveita pra conhecer o alfa.

— Um jantar na casa do alfa? — Olhei de relance para minha avó que tinha parado de tricotar e me encarava com um sorriso no rosto.

— Vai ser uma boa oportunidade para você se apresentar ao alfa e ele ir conhecendo a sua história. Vai ficar mais fácil para você pegar a permissão para sair à trabalho.

Destino: O herdeiro AlfaWo Geschichten leben. Entdecke jetzt