"Acho que você pegou meio pesado com ele." — Sussurrou minha loba dentro de mim.
— EU NÃO O SUPORTO! — Gritei jogando para fora uma parte da raiva e dor que estavam me consumindo. Eu ainda estava em lágrimas quando a porta tornou a se abrir momentos depois. Era Marta, e em suas mãos estava uma bandeja com alimentos.
— Menina, o que aconteceu?
— Marta, me tira daqui, por favor! — Implorei entre soluços.
— Querida, eu não posso. Tenho que seguir ordens. William te machucou?
— De certa forma... — Eu não queria falar disso com ela. Não é como se ela fosse ficar do meu lado de qualquer maneira.
— Bem, recebi ordens para te trazer uma refeição e fazer você comer.
— E como espera que eu coma desse jeito? — Eu estava deitada, com minhas mãos algemadas contra a cabeceira da cama. Marta se aproximou e gentilmente acomodou os travesseiros permitindo uma maior inclinação da minha cabeça.
— Desculpe, é tudo o que posso fazer no momento. — Ela colocou a bandeja no criado mudo, pegou uma tigela com sopa e esticou a colher em direção à minha boca.
— Não quero nada! — Falei-lhe comprimindo meus lábios.
— Menina, se quer sair do logo daqui precisa comer para recuperar suas energias e ficar boa logo. — A voz de Marta era gentil como a de Annie. Aceitei sua válida argumentação e permiti que ela me alimentasse.
— Posso ver a Annie depois de comer? — Pedi entre uma colherada e outra.
— Isso não depende de mim.
— Por favor!
— Tudo bem, verei o que consigo. — Cedeu. Quando terminei com a sopa, ela me deu algumas fatias de maçã e um copo de água. Quando estava se levantando para sair, lhe fiz um último pedido.
— Se a Annie puder vir, pede para ela trazer um carregador de celular. É que precisarei ligar para minha avó. Ela deve estar muito preocupada!
— Entendo. — Ela assentiu antes de fechar a porta.
"Acho que já está na hora de você se libertar." — Falou minha loba comigo instantes depois."
— Com certeza! — Ao me algemar, William apostou que eu não viraria lobo para sair das algemas, já que eu perderia o único par de roupas que estava comigo. — Ele com certeza não esperaria por isso.
Concentrei a energia de Lisa em meus braços, permitindo uma transformação parcial enquanto forçava as algemas a se romperem. Lisa soltou um sorriso travesso enquanto eu tornava meus braços a forma humana e massageava meus pulsos. Depois disso, fechei meus olhos, concentrei a energia no meu ferimento e permaneci imóvel me recuperando até o momento em que a porta se abriu horas depois.
— Obrigada por ter vindo! — Falei para Annie.
— Não me agradeça. Eu teria dado um jeito de vir mesmo que não tivesse pedido. Além disso, tenho que te dar isso. — Fiz uma careta vendo os remédios na mão dela.
— Trouxe o carregador? — Perguntei enquanto pegava os comprimidos e os engolia. Eu não dificultaria as coisas para Annie.
— Trouxe sim. — Ela sorriu com gentileza e tirou o carregador de dentro da jaqueta vermelha que estava usando.
— Meu celular está na mochila na gaveta. — Falei com ela, como um pedido indireto para ela o colocar na tomada por mim. Eu não podia ficar me levantando agora para não perder todo o trabalho que fiz até agora para me curar.
Ela entendeu o recado colocando meu celular na tomada e depois veio se sentar na beirada da cama. Parecia angustiada com algo.
— O que há entre você e o William? — Perguntou-me timidamente desviando o olhar. Parecia ter ponderado muito sobre se devia ou não perguntar isso.
— O mesmo que o que há entre você e o Liam. — Resolvi que deveria começar a confiar mais nela. — Mas sem todo o romance fofinho envolvido.
— Quer dizer que vocês são...?
— Companheiros predestinados? Sim. Só que ele me acha muito pouca coisa pra ser a futura luna então não tem me tratado bem.
— Isso é horrível! — Annie estava se colocando no meu lugar, provavelmente imaginando como se sentiria se Liam fizesse algo assim com ela. Lágrimas brotavam de seus olhos o que me fez pegar na mão dela e apertá-la.
— Não fique assim! Para mim não é tão ruim quanto parece. Lembra o que eu te disse sobre o meu sonho de querer escolher o meu companheiro por mim mesma? Quando uma porta se fecha, outras se abrem. — Sorri para ela para tentar convencê-la de que isso não era tão doloroso quanto realmente era.
— Ainda é errado. O estranho é que eu nunca tinha visto William destratar ninguém. Ele é sempre tão legal com todo mundo. — Menos comigo pelo visto. — Se o pai dele souber disso...
— Annie, ninguém pode saber disso. Se William souber que contei sobre isso ele vai ficar muito bravo comigo e não quero voltar a irritá-lo.
— Mas precisamos fazer algo!
— Annie, você está pensando demais. Se eu não me importo, você também não deveria se importar.
— Tudo bem então... — Ela respondeu enxugando uma lágrima e deixando escapar uma risada suspeita. Rapidamente se explicou: — E pensar que eu e o Liam achávamos que o Nicolas seria o seu companheiro.
— Por que acharam isso? — Não fazia sentido. Lorraine era a companheira de Nicolas e Liam o melhor amigo dele. Sendo melhores amigos era natural que Liam estivesse a par de toda situação.
— Se não for chato para você, posso te contar uma história primeiro?
— Claro! Tenho tempo de sobra agora.
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Destino: O herdeiro Alfa
Loup-garouSinopse: Eliza é uma garota inteligente e talentosa, que encontrou nos palcos o sucesso e a fama sob o pseudônimo Lisa. Obrigada pelo destino a se mudar para o vilarejo de Siram, um pequeno clã de lobisomens, acaba por estudar em um colégio onde é m...