Destino: O herdeiro Alfa

Capítulo 93

 O sol estava brilhava intensamente numa coloração avermelhada. O chão desértico sobre meus pés estava quente e não havia absolutamente nada ao meu redor senão areia. Continuei caminhando sem rumo, no meio desse deserto sem fim. Senti que estava em busca de algo, ou alguém. Foi quando avistei um imenso lobo negro, sentado sobre uma pedra. Me aproximei e segui o seu olhar. Não havia absolutamente nada na sua frente além de um deserto sem fim. Apesar disso, seus olhos sem expressão estavam fixos nessa paisagem vazia.

— Por que está sozinho? — Perguntei a ele com a voz meio rouca.

Não houve resposta. Um imenso abismo se abriu por baixo dos meus pés e me vi caindo nele. Meu coração doeu, não pelo medo da queda ou do desconhecido, mas porque se eu me fosse, aquele lobo tornaria a ficar só. Olhei ao meu redor e percebi que eu não era a única nesse abismo. Uma grande quantidade de pessoas caia junto comigo, o desespero e horror estampado em suas faces. Seus gritos eram ensurdecedores tomados por pânico e aflição.

Acordei assustada, meu coração agitado. O suor escorria pela minha face e repeti em pensamento várias vezes que era só um pesadelo, no intuito de acalmar a minha respiração. Estava escuro, mas eu podia dizer que devia ser por volta das duas da manhã porque era o horário habitual que eu tinha de sair da cama para ir até a cachoeira.

Deslizei cuidadosamente para fora dos braços de meu companheiro. Certifiquei-me de que ele realmente não tinha despertado antes de ir para o banho. Não queria ser pega de surpresa de novo com sua aproximação silenciosa. Deixei a água fria escorrer pelo meu corpo, enquanto imagens daquele estranho sonho continuavam a me perturbar. O medo e desespero no rosto daquelas pessoas, seus gritos...

Perguntei-me o que o abismo que se abrira na frente do lobo tinha a ver com ele, e questionei-me se aquele lobo do sonho era realmente o meu companheiro. Afinal, que tipo de pessoa meu companheiro é? Seria esse sonho um aviso?

"Está pensando demais!" — Lisa dizia tentando me acalmar quando nem a razão e nem o coração podiam ajudar.

Depois de me vestir, resolvi passar uma água nas roupas de Lohan. Sua vestimenta era tão elegante e refinada que tive medo de esfregar demais e estragar algo, ou mesmo de remover demais o cheiro dele que eu tanto amava. Depois de estender a roupa no varal, fui até a cozinha preparar alguns pães frescos. Eu precisaria começar a cozinhar mais novamente se quisesse evitar que as pessoas levantassem suspeitas como o que aconteceu ontem.

Assim que coloquei os pães no forno, vi uma sombra através do reflexo do vidro do fogão. Meu companheiro estava de pé atrás de mim. Mesmo tendo-o visto antes dele me tocar, ainda assim levei um susto.

— Será que você não é mesmo um fantasma? — Perguntei em tom de brincadeira enquanto me virava para ele. Ele estava vestido com o roupão cinza, seu rosto sério e sem expressão. — Como consegue se mover tão silenciosamente?

— O que está fazendo? — Sua voz saiu fria, como se estivesse em um interrogatório oficial. Se fosse outro, eu teria me incomodado, mas vindo dele eu não conseguia ver isso de forma ruim. Eu já estava me acostumando e até mesmo começando a gostar desse jeitinho dele. Passei os braços em torno de seu pescoço e estiquei meus pés para dar-lhe um beijo.

— Alguns pães para o nosso café da manhã. — Respondi sorrindo. — Te acordei?

Ele não respondeu. Parecia uma estátua, rígido e firme.

— Ainda está cedo, então se quiser dormir mais, eu te chamo quando a refeição estiver na mesa.

— Você está com medo de mim? — Perguntou com a voz baixa. Ele desviou o olhar, parecia inquieto.