Capítulo 40

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Saímos do carro juntos e subirmos uma pequena escada que dava em um grande corredor. William me guiou até uma grande porta de madeira no final do corredor e deu duas batidas espaçadas de leve na porta.

— Entre, filho. — Uma voz masculina pode ser ouvida do outro lado.

William abriu a porta suavemente e entrou, me puxando com ele para dentro de uma sala. Era ampla, com grandes janelas que tornavam o ambiente ventilado e bem iluminado. Havia um grande lustre pendendo no teto no centro da sala, uma lareira no centro de uma das paredes e do lado oposto, próximo a uma das janelas, um grande piano de caldas.

O alfa Clark estava sentado em uma poltrona acolchoada de cor marfim, próximo da lareira apagada, lendo alguns papeis. Assim que notou que o William não estava só, pousou os papeis que estava lendo sobre uma mesinha que havia em sua frente. Cumprimentei o alfa curvando-me respeitosamente e antes que ele me respondesse, William fez sinal de silêncio para seu pai e apontou para a pequena figura deitada em um sofá que estava ao lado do piano.

— Não precisamos fazer silêncio, ela não vai nos ouvir mesmo. — Disse o alfa Clark em tom sério. — É um prazer te ver de novo, Eliza. Não precisa de formalidades comigo aqui.

— Agradeço, Alfa!

Olhei com mais atenção na direção que William apontara. Caroline trajava um vestido rosa, e seus longos cabelos estavam esparramados, com mechas que desciam pelas laterais do sofá e quase alcançavam o chão. Em seus ouvidos estava um fone de ouvido externo. Seus olhos encaravam o teto, mas sua concentração estava toda em torno da música que ouvia. Suas mãos balançavam no ar revelando a melodia que escutava.

— Tirando o horário do estudo domiciliar, Caroline passa o restante das horas ouvindo música. Ela tem esse estranho hábito de olhar para o nada e balançar as mãos aleatoriamente. — Disse William tentando explicar um pouco a situação.

— Vários médicos já a consultaram e não encontraram nenhum problema nela. — Complementou o alfa. — Tudo leva a crer que é algo psicológico. Acreditamos também que ela tenha um certo grau de autismo.

— Não são movimentos aleatórios. — Disse a eles sorrindo. Seguindo a melodia, eu sabia que era outra de minhas composições. Eu não queria soltar minha voz na frente deles, então me aproximei do piano. — Posso?

— Você sabe tocar? — O Alfa Clark parecia surpreso.

— Sim. — Disse timidamente, esperando a permissão.

— Claro! Vá em frente! — Assim que ele deu o consentimento, sentei no piano e passei as mãos por cima das teclas. Após me atentar mais uma vez nos movimentos das mãos de Caroline, entrei no tempo e momento em que ela estava na música.

Mantive meus olhos nela o tempo inteiro enquanto deslizavam sobre as notas produzindo uma melodia suave e triste. Tão logo ela notou o som externo ao seu lado, retirou os fones de ouvido e olhou atentamente para mim. Num movimento inesperado, ela saltou do sofá e correu até mim pulando no meu colo e interrompendo a minha música.

— Eliza! — Sua voz alegre me chamando ressoou no ouvido de todos. — Era exatamente essa música que eu estava ouvindo. Canta para mim?

— Cantaria se estivéssemos sozinhas. — Sussurrei no ouvido dela. Foi quando ela finalmente resolveu prestar atenção a sua volta. Olhando por cima dos meus ombros, encarou os semblantes desnorteados de William e de seu pai.

— Oh! Tem gente aqui! — Disse ela num tom risonho. Sua suave voz estava um pouco menos rouca e baixa do que em comparação ao dia da festa.

— Carol... — Surpresa e espanto estavam evidentes na voz do Alfa, enquanto ele se aproximava de nós, como se o que tivesse presenciado fosse surreal demais.

Destino: O herdeiro AlfaWhere stories live. Discover now