Capítulo 112

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Graças ao alfa, eu apenas mudei de uma gaiola menor para uma maior. Isso não era grande coisa. Queria muito ligar para Annie, mas eu não fazia ideia de onde estava o meu celular. Precisava acalmar o meu coração de alguma forma, organizar meus pensamentos, eliminar dúvidas e obter respostas mais certas. Para mim, só existia uma forma eficaz de conseguir isso. Enquanto um ritmo agitado entrava na minha cabeça, caminhei até a sala do piano.

Meus dedos percorriam as teclas de forma veloz enquanto trazia para fora a tempestade em meu coração. Aos poucos, a melodia foi se tornando mais tênue e ordenada. Meus braços estavam fatigados e meus dedos doíam, mas eu não queria parar tão cedo. Quando minhas ideias clarearam, soltei minha voz. Eu me sentia muito mais leve.

— Está muito bonito, mas acho que já deu por hoje, companheira. — Disse-me William por trás de mim. Ignorei-o. Enquanto o dia estivesse claro, eu continuaria tocando e tocando...

— Já está tarde! — Insistiu ele colocando a mão dele por sobre a minha. — Caroline até dormiu no sofá, não viu? Vamos jantar agora! Você não comeu nada hoje.

Olhei para as janelas e percebi que realmente estava escuro lá fora. Só que o ambiente estava tão claro! Olhei para as lâmpadas ligadas e para a garota que dormia no sofá, com a cabeça apoiada no colo do pai.

— Quando vocês... — A depender dos sentimentos que eu queria libertar, o transe me tirava completamente da realidade.

— Estou aqui a pouco mais de uma hora. — Disse o alfa. — Minha filha já veio muito antes disso. Parece que ela não queria te atrapalhar e ficou só ouvindo.

— Cheguei junto com o meu pai. — Disse William. — Não é que quiséssemos interromper sua apresentação angelical, mas é que realmente está tarde.

Abaixei a cabeça envergonhada. Eu realmente não os vi chegar e nem percebi o tempo escurecer. Queria sumir daqui. Senti como se estivesse encolhendo e torcia para ficar pequena o bastante para não ser vista.

— Não precisa ficar assim. Essa é a sua casa agora. Vai ter muito tempo para fazer isso de agora em diante. — Disse William apoiando a mão nas minhas costas. Me levantei de imediato e me afastei para evitar o toque dele.

Clark acordou a filha para que fossemos jantar e acabei pegando Caroline nos braços enquanto íamos para sala de refeições. Ela estando comigo era menos espaço para o herdeiro estúpido.

Infelizmente, não consegui evitar que ele se sentasse do meu lado e fiquei entre ele e Caroline, uma cena desconfortavelmente familiar. Olhei por um tempo para a comida, mas eu não tinha vontade alguma de comer.

— Se não comer nada vai ficar fraca e se você ficar fraca vai ficar indefesa e deliciosa. — Sussurrou William perto do meu ouvido.

Ele não precisou dizer mais nada para me fazer reagir. Assim que comecei a comer, ele deu um sorriso presunçoso. O pior é que ele tinha razão. Eu precisava de energia se quisesse ter uma mínima chance contra ele. Comi em silêncio, estendendo o momento até onde eu podia. Tanto o alfa quanto Caroline já tinham deixado a mesa, mas eu permaneci presa à cadeira. Eu não tinha para onde correr. Eu não queria subir para o quarto, não para aquele quarto...

— Querida, não se sinta acanhada. Comprei todos os itens necessários para que possa fazer a sua higiene pessoal. — O herdeiro estúpido é o único que permanecera ao meu lado. Preferia dormir no chão aqui mesmo do que ir para o mesmo quarto que ele.

— Eu só uso as minhas coisas! — Falei-lhe decisivamente.

— Por hoje terá que se conformar com o que lhe arranjei. Se faz tanta questão das suas coisas, amanhã te acompanho para pegá-las.

Destino: O herdeiro AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora