Capítulo 34

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Começamos a caminhada logo após eu verificar os itens que Annie trouxe. Eu queria ganhar uma distância segura antes do sol se pôr. Depois que a noite vinha, o mais tardar do despertar do lobo era o ápice da lua no céu.

— Para onde estamos indo?

— Ganhando distância para nos despir sem nos preocuparmos em sermos vistas. — Respondi resumidamente. Eu estava focada demais em sentir os arredores.

— Como você vai saber que não há perigo sem a sua loba?

— Mas eu estou com minha loba! O tempo inteiro! — Parei um pouco e virei-me para ela apontando um dedo para o meu nariz e depois para os meus ouvidos. — Como acha que eu te encontrei tão rápido?

— Eu não entendo como você faz isso sem estar na forma de lobo. Isso não é difícil?

— Se lembra quando te perguntei sobre como deveria te ensinar sobre isso?

— Lembro, você disse que tinha a sua concepção e a dos livros.

— O que você conhece diz que você e seu lobo são seres diferentes que compartilham o mesmo corpo, mas já pensou que sua loba possa ter crescido com você desde a sua concepção? Já pensou que pode ser apenas parte de sua alma que você passou a ouvir no momento determinado?

— Eu nunca tinha pensado dessa forma.... — Seu olhar pensativo caiu sobre suas mãos. Ela parecia estar refletindo sinceramente na minha forma de pensar.

— Dizemos que em muitas situações temos que escolher entre o coração e a razão. Quando seu lobo despertar haverá mais um lado para escolher. O que quero que tenha em mente desde já é: Quem está no controle?

— Eu! — Disse-me com firmeza.

— Exato! É isso que precisa ter em mente sempre! Sua loba será sua melhor amiga e sua companheira mais confiável, mas você nunca poderá dissocia-la de você, achar que ela é ela e você é você. Se o fizer, começarão a brigar pelo controle, uma briga que não existirá se você entender ela como uma parte sua e não como um indivíduo a parte.

— Eu nunca tinha pensando sobre isso dessa forma. Gosto do seu jeito de ver as coisas!

— Vamos continuar! Te passarei mais algumas coisas pelo caminho. — Falei-lhe olhando para cima. Os últimos raios luminosos que penetravam a copa das árvores já começavam a desaparecer.

Peguei minha lanterna e fui a frente como guia. Caminhamos em ritmo estável por quase uma hora, criando uma distância segura do local onde senti o último rastro de lobo. O que me preocupava agora era o som de passos pesados.

— Não há rastros de lobos nas proximidades. — Falei a ela.

— Que bom! Isso significa....

— Porém, — interrompi-a — há possivelmente um urso vindo em nossa direção, a uns duzentos metros naquele sentido.

— Sério? Eliza, isso é brincadeira, certo?

— Ouço seus passos se aproximando. Uma pena que nosso destino final está naquela direção. — Embora houvesse uma pitada de ironia na minha voz, Annie pareceu não ter captado isso.

— Ah, não! O que vamos fazer? — O medo estava claro em sua voz. Ela deu dois passos para trás e peguei sua mão puxando-a comigo.

— Como assim o que vamos fazer? Vamos cumprimenta-lo é claro!

— Mas e se ele nos atacar? Eliza, ainda não tenho o meu lobo! — Annie me puxava no sentido contrário, e por mais força que fizesse para tentar me tirar dali, não conseguia me mover do lugar.

Destino: O herdeiro AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora