P2 - Capítulo 6

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Resolvi evitar trocar palavras com Lohan nas horas que se seguiram. Eu me sentia péssima por ter discutido com ele e algo me dizia que ele se sentia da mesma forma. Ele parecia muito angustiado quando se deitou ao meu lado mais tarde. Depois de muito hesitar, passou os braços em torno de mim me puxando para um abraço.

— Sinto muito, minha pequena! Não queria te deixar triste.

— Eu sei. — Sussurrei de volta. Eu sabia que ele só estava preocupado comigo, sabia que ele só queria o meu bem, mas ainda assim me sentia triste e não conseguia evitar isso.

— Vou te acompanhar de perto pelos próximos dias. Se eu perceber que está mesmo bem, eu retiro a sua restrição.

— Tudo bem! — Me virei para ele e olhei ternamente em seus olhos. — Por agora... só me beija logo!

Ele sorriu satisfeito antes de atender o meu pedido. Tudo bem ficar aqui dentro quando eu o tinha por perto. Ele voltou a ser meu professor integral pelos dias que se seguiram.

— Sua leitura está impecável. — Elogiou-me. Eu já conseguia reconhecer todos os símbolos e pronunciá-los. Entender o significado de todas as palavras era a parte complicada ainda.

— O que é isso? — Ele deixou um livro grosso na minha frente e abri-o. Só de passar o olho pelo conteúdo já obtive as respostas que eu queria. — Já sei! Um dicionário!

Achei que o livro seria como um presente pelo meu avanço mais foi mais o contrário. Com meus conhecimentos um pouco mais avançados, tive que começar a usar mais o dicionário já que Lohan foi, aos poucos, diminuindo o tempo de suas aulas para exercer o seu próprio trabalho. Apesar disso, sempre me mantinha por perto como se eu fosse uma criança pequena a ser vigiada.

"Talvez ele realmente me veja assim." — Espiei-o pelo canto do olho. Ele estava analisando alguns papeis enquanto traçava algum tipo de diagrama com sua caneta mágica sobre um papel amarelado. Sua caneta parecia com a ponta de um osso, e escrevia na cor que Lohan mentalizava. Esse era só um dos vários artigos curiosos que ele tinha, mas eu me esforçava ao máximo para não ficar lhe fazendo perguntas e interrompendo-o. Para lhe provar que eu estava bem, tentava sempre mostrar o máximo de maturidade possível.

Tornei a me concentrar no livro que eu estava lendo. Era o primeiro livro com gravuras até agora. Fiquei um tempão analisando o mapa de Celestria gravado nas primeiras páginas. Fiquei pasma enquanto comparava o tamanho de Éldrim com os demais territórios.

"Quase o dobro do tamanho do segundo maior território." — Comentei com Lisa. Éldrim é tão grande que faz divisa com muitos reinos diferentes.

"Tão grande quanto o nosso companheiro!" — Respondeu ela orgulhosa. Eu já não sabia dizer se isso era algo bom, pois tamanho maior significa também muito mais responsabilidade. Quão trabalhoso deve ser lidar com tudo isso?

Coloquei o dedo por cima de Luríon, o lugar em que eu me encontrava e tracei um caminho em direção ao território dos monstros. O território vizinho é uma região estreita próximo da costa e se alarga em direção das montanhas. Mentalmente, eu já conseguia imaginar onde o Devorador estava. Continuei arrastando meu dedo pela região costeira indo em direção ao território das bruxas.

"Não é tão grande." — Pensei. O território das bruxas era cerca de um décimo do tamanho do território dos lobisomens. Se o livro trata dos seres mágicos e seus territórios, talvez houvesse uma explicação para os critérios de divisão territorial mais à frente. Assim que virei a página, escutei um som como o soprar de uma flauta.

— O que... — Parei o que estava dizendo e espiei meu companheiro pelo canto do olho. Ele ainda estava concentrado e não parecia ter ouvido o mesmo que eu. Voltei minha atenção novamente para o livro e voltei à página ao mapa.

Destino: O herdeiro AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora