Capítulo 13

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Peguei carona com Liam e Annie e após estacionarmos no centro da cidade, nos juntamos com os demais para andamos um pouco, observando as opções de lugares para comer.

— Vamos naquele restaurante novo. — Apontou Annie a um casarão com a fachada toda de vidro. — Ouvi minha mãe dizer que é muito bom.

Olhei com atenção para a fachada moderna. Me lembrava muito de restaurantes que eu costumava frequentar quando viajava em turnês.

— E ela ouviu isso de quem? — Resmungou Jonathan. — O que ouvi é que os pratos são caros demais. Um mero estudante como eu não tem condições para isso.

— Vamos nele! — Falei convicta. Sentia saudade dos pratos mais requintados que eu comia na cidade. — Por minha conta!

— Quê? Está falando sério? Você pode mesmo arcar com isso? — Sorri para Maxsuel e fiz um sinal positivo com o polegar. Ele não era o único que parecia envergonhado em aceitar isso.

— De forma alguma! Eu pago! — Nicolas se interpôs tentando assumir uma atitude de cavalheiro. Neguei imediatamente:

— Vocês foram convidados para outra comemoração de aniversário neste fim de semana, não é? — Outra que eu não tinha sido convidada. Eles baixaram os olhares como se sentissem culpados por isso. Eu não me importava em ser deixada de lado pelos outros, mas queria mais tempo com meus amigos. — Considerem isso como minha festinha de comemoração particular por terem ido me apoiar hoje. Aproveitem que estou de bom humor.

Atravessei a rua em direção ao restaurante e perguntei ao atendente se havia alguma mesa disponível. Felizmente pelo restaurante ser novo e precisar ganhar nome, ainda não exigiam reservas. Ela nos guiou até uma mesa confortável no segundo andar do restaurante. O ambiente não só era bonito e requintado, como tinha uma vista maravilhosa do centro de Siram.

— Tem certeza que pode pagar isso? — Dessa vez foi Annie quem perguntou. Parecia nervosa enquanto seus olhos percorriam o cardápio.

— Absoluta! Caso contrário eu não teria convidado vocês. Ignorem os preços e peçam o que quiserem.

— Você traficava ou assaltou um banco? — Brincou Maxsuel. Este foi cutucado na hora por Liam, que encarava isso com mais seriedade.

— Acho que o pai dela é rico. Você é a neta de um beta, né? — Cogitou Jonathan.

Franzi a testa. Eu era famosa e ganhava muito bem como cantora, mas não diria isso abertamente. Deixei que pensassem o que quisessem. Chamei o garçom e fiz o meu pedido primeiro para encorajá-los:

— Quero um Filé-mignon com batata duchesse e de sobremesa um pet gateau. Um suco de morango também, por favor. E vocês?

Um a um foram fazendo seus pedidos e começaram a conversar sobre os maiores micos das últimas festas que tinham ido. O momento agradável era de descontração e risos, até que um casal adentrou no restaurante sentando-se a algumas mesas de distância.

— Esses dois vão acabar namorando. Todo mundo aposta que se o herdeiro não encontrar sua futura companheira em breve, vai acabar ficando com ela. — Maxsuel sussurrou bem baixo com medo de ser ouvido. — São amigos desde a infância e saem juntos com frequência.

Atentei-me a forma como Lorraine se agarrava ao braço de William, minha loba choramingando enciumada dentro de mim. Pareciam íntimos dando mais credibilidade às palavras de Maxsuel.

Pelo que soube, Lorraine não se pronunciou quanto a ter ou não encontrado seu companheiro depois que a sua loba surgiu, e talvez não o fizesse se estivesse realmente interessado no herdeiro alfa. William educadamente puxou a cadeira para ela se sentar, mas assim que Lorraine avistou o nosso grupo, puxou William junto com ela.

— Gente, que surpresa ver vocês aqui. Podemos nos juntar a vocês? — Perguntou ela sem o pingo de vergonha de se intrometer. Precisei de muito autocontrole para reprimir a minha loba e não arranhar a cara dela todinha.

William não escondeu em seu semblante o seu desgosto com a ideia, mas não teve muito o que fazer. Antes que déssemos qualquer resposta, Lorraine puxou uma cadeira se sentando ao lado de Nicolas e William puxou outra cadeira se sentando ao lado dela.

— Ok, eu acho... — Disse Maxsuel olhando para mim. Ele não é o único do grupo que me encarava como se esperasse o meu consentimento, afinal, eu que os tinha convidado. Dei de ombros e continuei comendo o meu bife, focada em saborear a textura de cada pedaço. Macio e suculento, um bife perfeito no meu conceito. Me concentrar na comida ajudava a controlar os impulsos que a presença de William tinha sobre mim.

O clima de tensão era evidente no ar, visto que o silêncio se instaurara no primeiro momento. Depois Lorraine começou a puxar diferentes assuntos sobre o time dela nos jogos escolares e sobre um comitê para o baile de fim de ano que estava se formando e ela faria parte. Não dei muita bola, já que saborear minimamente a deliciosa sobremesa que trouxeram era o mais importante para mim no momento.

— Não acha que é muito peso para você, Nicolas? — Elevei o meu olhar. Ela olhava diretamente para mim e a sobremesa que eu comia, como se dissesse que eu era o peso. — Aposto que a conta vai sobrar para você.

Nicolas desceu os talhares com força sobre a mesa. Antes que ele falasse qualquer coisa respondi suavemente como se não me importasse com a provocação e lancei um olhar gelado para ela.

— Quem paga ou deixa de pagar não é da sua conta. Isso é um assunto entre nós.

— Não, Lorraine está certa! — Colocou-se William em defesa dela cruzando os braços sobre a mesa e dirigindo um olhar irritado para mim. — Tem certos aproveitadores que não conhecem o seu lugar.

— Pela deusa, me sinto claramente ofendido! — Nicolas elevou a tensão soltando um riso seco. — Amigos, ele realmente acha que somos aproveitadores?

— É, ele disse isso claramente sobre nós. — Liam apoiou Nicolas e os demais soltaram bufos de irritação em direção ao casal.

Coloquei calmamente o último pedaço da sobremesa na boca e enquanto eu mastigava, elevei a mão chamando o garçom. O único que ainda não tinha terminado era o Nicolas, mas ele claramente não ia comer mais.

— A conta por favor. — Pedi educadamente.

— Um momento por favor. — Respondeu o garçom. O olhar de satisfação cruzou o rosto dos meus convidados ao perceber que William e Lorraine pareciam ter congelado em suas cadeiras. Estavam céticos, mas Lorraine não recuou:

— Não tem como uma ninguém pobre como você bancar um jantar desses.

— Pare de dizer coisas que não sabe! Sua atitude em inventar mentiras e difamações infundadas é repulsiva. — Disse Nicolas irritado. Pude notar pelo seu olhar que ele estava se controlando muito para não dizer coisas piores.

— Me desculpe... — Os lábios de Lorraine tremeram frente as palavras de Nicolas e seus olhos começaram a lacrimejar como se o que ele disse a tivesse machucado muito.

— Eliza quem nos convidou. Não foi legal vocês se sentarem à mesa sem pedir a ela. — Annie finalmente colocou para fora o que estava em sua cabeça e suspirou pesadamente. Liam passou um braço pelos ombros dela ternamente enquanto o garçom voltava com a conta.

— Aqui está senhorita. — Peguei minha carteira, saquei um cartão e passei para ele. Todos ficaram pasmos ao notarem que era um cartão Black com bordas douradas, um cartão VIP de um banco de grande renome.

— Adicione quinze porcento como gorjeta para você. — Falei enquanto ele digitava os números da máquina. Seus olhos brilharam de imediato em agradecimento, mas esperou que eu digitasse a senha e a transação fosse completada antes de se curvar e agradecer.

— Muito obrigado, senhorita! Espero que tenha gostado do serviço e que volte outras vezes.

Assenti educadamente e guardei o cartão. Eu não usava roupas de marca e itens de luxo. Geralmente me vestia com simplicidade o que fazia com que as pessoas julgassem minha condição econômica de forma errônea. Apesar do meu estilo simples, nunca fui menosprezada em nenhum lugar de luxo que entrara para comer porque acima da vestimenta está a atitude e a etiqueta. Não me despedi dos intrusos no momento que levantei da mesa para deixar o restaurante. Eu não devia nada a eles e nem tampouco fizeram qualquer coisa para merecer o mínimo do meu respeito.

Destino: O herdeiro AlfaWhere stories live. Discover now