Capítulo 42

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Em algum momento no caminho, acabei pegando no sono. Quando acordei, o som intenso de motores de carros ligados bem como buzinadas impacientes preenchiam o ambiente. Estávamos presos num congestionamento no centro de Heington.

— Está melhor agora? — A voz de William soou calma e preocupada. Olhei as horas no celular. Eram quase dezenove horas. Assenti a cabeça ligeiramente enquanto tentava enxergar a frente o motivo de estarmos presos nesse trânsito.

— Parece que houve um acidente à frente, mas já estão removendo os carros envolvidos da pista. Não vai demorar muito. — William tomou a dianteira e me explicou. Assenti novamente e peguei minha bolsa tirando uma garrafa de água de dentro. Minha boca estava completamente seca. Quando eu ia guardar a garrafa, William a pegou da minha mão e terminou de esvaziá-la. Fiquei olhando aquilo completamente sem reação.

— Também estava com sede. — Explicou-se. — Quer passar em algum lugar antes de irmos para o condomínio?

O condomínio? Na autorização que o alfa tinha escrito realmente haviam instruções que diziam que eu deveria ficar no condomínio de Siram. Estavam inclusos o bloco e o número da kitnet. Não dei muita atenção quando li, achei que era mais uma cortesia então inicialmente pretendia procurar um hotel para me hospedar.

— Acho que vou passar na sala que aluguei como depósito para pegar algumas coisas primeiro. — Respondi ainda tentando processar as coisas.

— Certo! Pode me passar o endereço?

— Sim. — Como ele havia dito, em pouco tempo o trânsito voltou a fluir normalmente. O depósito ficava mais afastado do centro, próximo a região dos condomínios dos clãs.

— É aqui! — Disse a ele apontando para um edifício de quatro andares com uma fachada simples, toda pintada de cinza. Ele estacionou numa vaga disponível de frente para o prédio e saiu do carro ao mesmo tempo que eu, deixando claro que pretendia me acompanhar. Depois de tudo o que aconteceu, eu não tinha mais forças para contrariá-lo.

Assim que entrei, mostrei minha identificação na entrada e caminhei através do largo corredor até uma porta mais aos fundos do primeiro andar. Chequei a numeração acima da porta para ter certeza e então digitei os números da fechadura digital.

— Senha incorreta? — Sussurrei comigo mesma confusa.

— Talvez tenha errado a sala. — Sugeriu William colocando-se ao meu lado.

— Não. Tenho certeza que é essa. Sala 129! — Escolhi esse número porque batia com a data do meu aniversário. O 1 indicava o primeiro mês do ano e o 29 era o dia. A senha de quatro dígitos é o ano do meu nascimento. Tornei a digitá-la imaginando que eu pudesse ter errado algum número por engano, mas novamente deu como incorreta.

— O que aconteceu? — William perguntou-me de forma mais preocupada do que acusatória. — Será que mudaram suas coisas de lugar?

— Paguei um ano adiantado do aluguel, então é impossível que tenham feito algo assim sem me consultar. Se lembra que eu te disse que saí às pressas daqui para Siram para não perder muitas semanas de aula? Não tive tempo de trazer a mudança, então pedi a minha mãe que o fizesse. Se tem alguém que sabe o que está acontecendo, é ela.

Eu confiara completamente nela na época, e ela me prometeu que faria como pedi. Conversei poucas vezes com ela desde que me mudei, mas nunca senti que ela tivesse más intenções comigo. Gostando ou não, ela ainda era a minha mãe. Tirando o celular da bolsa, disquei o número dela. Normalmente conversávamos apenas por mensagens curtas e resumidas, até porque ela mesma preferia assim. Não achei que ela fosse atender de primeira quando a chamei, então surpreendi-me ao ouvir sua voz do outro lado.

Destino: O herdeiro AlfaWhere stories live. Discover now