Capítulo 39

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Acabei acordando pela madrugada para correr com a Lisa. Embora eu me sentisse mais calma, ela ainda precisava liberar toda sua angústia da noite anterior. Quando tornei ao meu quarto, o hematoma no meu rosto já estava completamente curado. Voltei a dormir e quando acordei já era quase hora do almoço.

— Pelo visto a festa ontem foi boa. — Comentou minha avó enquanto almoçávamos juntas.

— Foi ótima! Conheci a filha do alfa. — Observei atentamente a reação da minha avó. Ela suspirou fundo antes de soltar um lamento.

— Pobre menina, perdeu a mãe tão nova e nunca mais se recuperou. Espero que o alfa encontre uma cura para ela um dia.

— Bem, eu conversei um pouco com ela. Caroline é uma menina introvertida, mas gentil.

— Você o que? Conversaram? Conversaram mesmo?

— Sim, ela até gritou com o irmão dela na festa. — Era engraçado o rosto surpreso da minha avó. Eu esperava sinceramente que Caroline não escondesse sua voz de novo, que pudesse levar uma vida mais normal de agora em diante.

— Então a deusa concedeu o milagre ao alfa pelo qual tanto pedíamos. Oh, céus, obrigada! — Minha avó juntou as mãos e fechou os olhos enquanto fazia sua prece. Eu nunca tinha visto ela tão emocionada antes. Assim que terminei a refeição, fui para o meu quarto fazer uma ligação.

— Lisa, querida, a que devo a honra da sua ligação? — A voz de Marcos soou do outro lado depois de apenas um toque, como se já esperasse a minha ligação.

— Pelo visto está mais ansioso do que eu. Queria saber se pode me pegar na rodoviária na sexta à noite.

— Então está confirmado a sua vinda?

— Sim! — Eu precisava ir para lá mais do que nunca. Me afastar um pouco de Siram me ajudaria a esquecer um pouco da humilhação que William me fez passar em público.

— É só dizer o dia e horário que eu estarei lá. Até quando você vai ficar?

— Eliza, temos visita! — Gritou minha avó da sala.

— Te mando as informações via mensagem. Até sexta! — Respondi brevemente ao Marcos antes de encerrar a ligação. Fui até a sala e vi Annie entregando uma sacola para a minha avó.

— Aqui estão alguns salgadinhos e doces que sobraram da festa para vocês comerem. Também trouxe bolo.

— Quanta gentileza! Não precisava se incomodar. — Disse minha avó toda feliz pegando a sacola e levando até a cozinha.

— Eliza, como você está? — Annie veio até mim e me abraçou quando minha avó saiu de vista.

— Estou bem, na medida do possível. Me desculpe por não ter podido ficar mais na sua festa.

— Não se desculpe, a culpa não foi sua. Sou eu quem tenho que pedir desculpas por não ter conseguido fazer mais para te defender. Nunca achei que começaria a sentir tanta raiva do William. Separei o primeiro pedaço do bolo para você, está na vasilha rosa.

— Obrigada! — Sorrimos uma para a outra. Assim que minha avó retornou, convidou Annie para sentar e tomar um chá conosco, mas ela recusou.

— Agradeço, mas não posso ficar. Tenho um ensaio para ir agora a tarde!

— Da próxima volte e fique mais tempo!

— Pode deixar dona Nilza!

— Faço dela o meu convite. — Reforcei, acompanhando-a até a porta.

Depois disso sentei-me perto da minha avó e finalmente a notifiquei que iria para Heington. Ela não fez objeções, o que me deixou confortável para organizar as coisas na frente dela. Segunda-feira foi o primeiro dia em toda minha vida que tive vontade de faltar a escola. As conversas cotidianas deram lugar a incessantes fofocas sobre as coisas que aconteceram no fim de semana. Foram dias solitários, em que eu me escondia no telhado na hora do almoço para não ter que aturar tantos olhares sobre mim, discutindo sobre como eu podia ter relação com o milagre da 'princesa muda'.

Destino: O herdeiro AlfaWhere stories live. Discover now