P2 - Capítulo 58

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Sim, eu pertencia a ele! Pertencíamos um ao outro, e suas palavras me comoveram profundamente, uma recompensa doce após todo o sofrimento que suportei. Ele sorriu circundando os braços a minha volta e me abraçou ternamente. Fechei meus olhos me deixando envolver por seu calor, por seu cheiro, por sua presença. O silêncio se estendeu enquanto nos perdíamos um no outro, incapazes de nos separar.

— Não vai me perguntar mais nada? — Tomei a iniciativa de quebrar o silêncio. Ele deveria estar cheio de dúvidas, mas seu espírito exalava compreensão e certezas.

— Você é uma bruxa ancestral. — Disse ele suavemente. — Eu já havia cogitado essa possibilidade.

— Mesmo? — Perguntei curiosa.

— Eu sempre cogito todas as hipóteses, e espero que os fatos se alinhem para que as possibilidades sejam descartadas. Poucos dias depois do seu desaparecimento, descobri que a área no deserto ao qual você recebeu o tal chamado é um território da antiga civilização de bruxas ancestrais, e foi desde então que a hipótese surgiu. Fui averiguar pessoalmente a área e, como não encontrei nada, acabei deixando a ideia de lado.

— Havia sim, mas por baixo da areia. O chamado me levou a uma câmara dos deuses que estava soterrada. — Expliquei enquanto saía do seu abraço. — Descobri que os chamados são um mecanismo exclusivo inserido na câmara das bruxas ancestrais para atrair as gerações despertadas.

As gerações, cuja semente está dormente, não despertam como bruxa. Para tal, elas passam pela provação na terra dos ancestrais de seu pai. Após várias gerações adormecidas, muitas vezes a semente acabava esquecida, então quando finalmente desperta, um lembrete sonoro era o guia necessário para que as bruxas ancestrais compreendessem que já preenchiam os requisitos e que deveriam se encaminhar para a provação.

— Bem, essa informação eu desconhecia. — Ele elevou a mão e a posicionou em meu braço esquerdo, analisando a marca com mais cuidado. — Assim como desconheço como você pode ser uma loba e uma bruxa ao mesmo tempo.

— Companheiro, — apontei meu indicador para a marca espiritual — permita-me apresentá-lo novamente à minha loba.

— Está dizendo que sua loba se tornou a sua origem espiritual? — Assenti positivamente enquanto liberava minha origem trazendo Lisa de volta para dentro de mim. — Certo... isso é algo sem precedentes.

— Willow me disse o mesmo. — Comentei rindo. A expressão surpresa no rosto de Lohan era impagável. — Ela me disse que salvei a minha loba quando ela despertou primeiro que a minha origem por conta da maldição da lua.

— Então... — Ele parecia estar ponderando sobre o passado quando desviou o olhar para o meu braço direito. É como se finalmente tivesse encontrado respostas para tantas perguntas perdidas em sua mente.

— É isso mesmo! Minha primeira origem é a luz. Quando despertei como bruxa, me tornei imune a maldições, e é por isso que senti o vínculo do companheiro e que pude olhar em seus olhos. Companheiro, quando minhas origens se estabilizarem vou ter o poder para quebrar a sua maldição! — Ele estava tão perplexo que não conseguia encontrar as palavras. Sorri confiadamente para ele e peguei em suas mãos. — Sei que o preocupei, mas lhe garanto que não foi em vão.

— Eliza, minha maldição não é simples. É uma maldição de mais alto nível.

— Meu poder também! — Dei de ombros enquanto mantinha o meu entusiasmo. — Pelo menos foi isso que Willow me falou. Ela disse que tenho devoção para ser ômega! Parece que o mundo humano me deu uma colheita farta!

— Você não existe! — Lohan deu um daqueles sorrisos que eu tanto adorava. Ele estava vislumbrado. — Como fui arranjar uma companheira tão especial assim? Sem dúvidas, todos os séculos de espera para te encontrar valeram a pena!

Destino: O herdeiro AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora