Capítulo 47

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Como o destino pode ser tão cruel comigo? Olhei para o homem a quem Lisa insistia em chamar de companheiro me questionando como eu o superaria se ficasse sempre trombando com ele por aí.

— Mal voltou e já está se metendo em confusão. O que eu faço com você? — William se aproximou e se sentou ao meu lado. Ele estava só com a bermuda, o que me fez desviar o olhar constrangida com a forma como meu coração disparava por estar perto dele. Assim que sua mão pousou sobre minhas costas acariciando os meus pelos, comecei a rosnar para ele. Eu não queria mais nenhum contato com esse estúpido!

— É perigoso correr sozinha por essas bandas nesse horário. Não faça mais isso, entendido? — Ele parecia muito sério ao dizer isso. Tive vontade de morder a sua mão, que insistentemente continuava a me acariciar. — Venha! Vou te acompanhar de volta.

Queria gritar a esse estúpido que eu podia muito bem voltar sozinha e que não precisava dele para nada. Infelizmente meus rosnados não diziam nada a ele, pelo contrário, tomando forma de lobo, começou a esfregar sua cabeça contra a minha mordiscando de leve minhas orelhas. Permaneci impassível me recusando a ceder às suas brincadeiras, enquanto ele forçava contato de forma infantil.

"Mas que merda!" — Gritei por dentro assim que sua língua lambeu a minha cara. Disparei meus dentes contra ele fazendo-o recuar enquanto eu me levantava e começava a correr tentando ganhar distância. Logo os passos dele podiam ser ouvidos ao meu lado.

"Ele parece feliz em correr conosco!" — Comentou Lisa em meus pensamentos.

"Ele se diverte em me perturbar e me irritar, isso sim! Acho uma atitude detestável!"

Acelerei meus passos ganhando uma leve distância dele, mas essa distância desapareceu assim que adentramos o circuito urbano. Desacelerei enquanto passava sorrateiramente pela rua. Parei por trás de um arbusto esperando o vizinho da minha avó entrar na casa de novo e William se espreitou por trás, se esfregando contra mim e mordendo minha orelha de novo.

Ele sabia que podia aprontar o que quisesse agora porque eu não queria chamar a atenção da vizinhança então eu não faria nada. Em seguida, começou a lamber ousadamente meu rosto e tudo o que eu podia fazer era tentar desviar enquanto soltava um olhar furioso em direção a ele. Se os meus olhos pudessem incendiá-lo, só haveria cinzas agora.

Tão logo o vizinho entrou na casa, disparei pela rua entrando pelos fundos do quintal da minha avó e me lancei para dentro do meu quarto. Fechei as janelas e as cortinas enquanto terminava de voltar a forma humana.

— Haja paciência! — Murmurei enquanto punha o meu pijama. Depois fui para o banheiro lavar meu rosto e, quanto mais água jogava, mais estremecia com as memórias recentes de suas lambidas ousadas. Voltei ao meu quarto fechando a porta e fui até o armário pegar uma toalha de rosto para me secar.

"Ele ainda está aqui!" — Lisa me dizia. Enquanto eu estava uma pilha de nervos, ela parecia exultante por dentro. Percebendo minha presença no quarto, William começou a bater de leve no vidro da janela. De início eu só o ignorei, mas ele não dava sinais de que pretendia parar.

— O que você quer? — Perguntei friamente após puxar a cortina e abrir uma greta da janela. Ele colocou a cabeça para dentro para me encarar, antes de emitir uma ordem em um tom sombrio e sério.

— Não volte a correr sozinha!

— E com quem vou correr? Com você? — Os olhos dele inesperadamente brilharam e precisei pará-lo antes que começasse a ter ideias erradas. — Eu não sou uma garota fraca que precisa da proteção dos outros. Sempre corri sozinha e me sinto bem assim. Não é por causa do que aconteceu hoje que vou mudar isso.

Destino: O herdeiro AlfaWhere stories live. Discover now