Capítulo 61

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— Oi, pai, oi mãe! Só queria dizer que sinto saudades! Mesmo que não possamos nos ver, quero que saibam que eu os tenho no meu coração. Pai, mãe, feliz ano para vocês!

Mandei o áudio para a minha mãe e voltei a colar os pedaços da Preciosa, algo que eu vinha me dedicando muito nos últimos dias. Desde que me mudei, fiquei a maior parte do tempo dentro de casa limpando e organizando tudo. Apenas saí para comprar as coisas que julguei faltarem na casa. Eu não era a única que estava de mudança. Annie decidiu ir morar com Liam e estava muito ocupada ultimamente por conta disso, então era difícil nos vermos.

Nicolas ainda não atendia as minhas ligações, mas soube pela sua família que ele estava melhor, que a dor da separação já não o afetava mais como antes. Mesmo podendo voltar, ele preferiu viver em Heington longe de tudo que o fez sofrer.

Vovó voltou para casa depois de uma semana internada. Ela não perguntava por mim e quando minha tia tentava entrar no assunto, ela desconversava. Pelos relatos de minha tia, ficou claro que ela não me aceitaria mais.

Passando esse ano novo, eu voltaria a dar aulas de piano para Caroline. Fui vê-la algumas vezes, evitando ao máximo os horários que eu sabia que William estaria em casa. Ela me convidara a passar o ano novo com ela, mas eu já tinha um compromisso marcado.

Jantei mais cedo e juntei as coisas em uma bolsa antes de tomar forma de lobo e correr pela floresta. Assim que cheguei na cachoeira, nadei até a caverna. Tomando forma humana, tirei um vestido da bolsa e o vesti. Eu criara um cantinho confortável dentro dessa caverna, como um segundo lar. Sentei-me próxima a queda e esperei por ele.

— Aí está você! Feliz ano novo! — Sorri para a queda. — Estou bonita?

No começo de tudo ele não passava de uma gentil ilusão. Um dia ele se tornou real, seu cheiro e sua voz ainda estavam vívidos na minha cabeça como um vício que o meu ser desejava reaver.

— Obrigada por passar o ano novo comigo! Talvez você tenha muitas coisas para fazer, mas está aqui comigo. Isso quer dizer que sou importante para você, certo? — Dei um riso tímido e desviei meu olhar da queda. — Não sinta vergonha, por favor! Você também é importante para mim!

"Boba!" — Lisa estava implicando comigo. Ela estava certa. Eu era realmente muito boba por estar flertando com alguém que eu sequer podia ver. Talvez ele estivesse rindo de mim agora. Me enfiei dentro do saco de dormir e fiquei alguns minutos em silêncio. Por que eu disse essas coisas? Que vergonha!

"Não importa, é a verdade!" — Disse para mim mesma saindo do casulo e voltando a espiar a queda.

— Falei que era para você não ficar com vergonha, mas quem ficou sou eu. Isso é como eu me sinto, senhor fantasma. Quando poderemos nos encontrar pessoalmente de novo?

Tudo estava muito silencioso. Se não fosse o manto, eu teria realmente acreditado que tudo não passou de um sonho. Ainda não havia uma explicação razoável que justificasse eu ser capaz de sentir a energia do senhor misterioso e ter todas essas reações e sentimentos.

— Não importa se não puder ser logo, vou continuar te esperando. — Falei-lhe, pegando no sono. Agora que eu vinha todos os dias, não tinha muitos assuntos. Embora a conversa durasse pouco, a companhia dele valia tudo para mim e dentro de mim sentia que isso era recíproco, como se de alguma forma estivéssemos conectados.

Quando acordei, ele não estava presente, mas eu sabia que na madrugada seguinte estaria aqui esperando por mim. Assim que cheguei em casa, preparei alguns ovos mexidos e torradas para o café.

Nas manhãs vinha me dedicando ao trabalho e a tarde corria com Lisa até a floresta para treinar. Jantava antes do sol se pôr, dormia cedo e acordava de madrugada para ir ver o senhor fantasma que agora eu tratava por senhor misterioso. Essa era a rotina que eu criara para as férias até o momento, mas que estava prestes a se quebrar em poucos dias quando eu voltasse a dar aulas para Caroline.

Destino: O herdeiro AlfaWhere stories live. Discover now