P2 - Capítulo 60

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Visão de Lohan. Flashback do primeiro reencontro com Eliza após a provação.

Desde que ela se foi, tudo parecia estar dando errado. Eu não conseguia me concentrar em nada, não conseguia me acalmar e tinha sérios problemas com insônia. Ela era o meu tudo e, sem ela ao meu lado, me sentia incompleto.

Ray estava no controle, correndo a dias quase sem pausas, procurando-a em vão. Ele não conseguia ficar parado, não podíamos. Ela já deveria ter voltado, já deveria ter passado pela provação. Sua ausência me deixava louco e temia que algo grave tivesse lhe acontecido.

— Majestade... — Vera correu ao meu encontro assim que me viu me aproximar de casa.

— Eu sei! — Interrompia-a. Eu sabia exatamente o que ia me dizer, que preciso comer que preciso descansar, que precisava manter as esperanças. Como eu poderia pousar minha cabeça sobre um travesseiro com tranquilidade se minha amada poderia estar passando por dificuldades?

— Devo...

— Não! — Interrompia-a novamente. — Retire-se!

Senti que estava a ponto de perder o controle de novo. Caminhei a passos rápidos até a sala de monitoramento. Por muito tempo não acompanhei mais a situação do outro lado, ainda mais depois de falhar miseravelmente em abrir a brecha no último eclipse. A missão estava paralisada até que eu reencontrasse a minha pequena. Sentia que sem ela não conseguia fazer mais nada.

Bati a porta com força assim que entrei. Ouvi-a ranger mais ignorei. Precisava vê-la, precisava encontrar forças para continuar minhas buscas. Peguei a caixa do tesouro dela, suas memórias preciosas.

"Por que você me deixou?" — Pensei enquanto deslizava os dedos em sua imagem. Senti a fraqueza tomar conta de mim enquanto lágrimas transbordavam de meus olhos. — "Que saudade! Por favor, preciso de que me dê uma pista! Só preciso saber que está bem!"

Sentei-me na cama e comecei a passar foto por foto, um desejo ardente de tê-la comigo de novo. Memórias invadiam minha cabeça junto com a dor da incerteza. Queria acreditar que ainda estava viva, eu precisava. Não poderia continuar vivendo em um mundo sem ela, sem a minha companheira.

"ACORDE!" — Gritou Ray em minha cabeça ao sentir uma presença oculta por perto. A energia dele invadiu meu corpo enquanto eu assumia uma postura ofensiva. Ninguém tinha a permissão de se aproximar desse lugar! Em um rápido movimento, coloquei-me de pé e saltei até a porta bloqueando a única passagem de saída.

"Guardas, temos um invasor! Cerquem a área e tragam os melhores para a sala de monitoramento!" — Mandei uma mensagem coletiva à equipe que estava de prontidão.

"Entendido!" — Respondeu Billy, o chefe responsável pela guarda do turno.

Os sentidos de Ray não se enganam. Eu não podia sentir o cheiro, não podia ouvir o seu som, mas sabia que estava aqui, em algum lugar. Poucas são as criaturas que podem se camuflar a esse nível, e lobos não é uma delas. Qualquer invasor que se atreva a colocar-se em minha presença desta forma não passaria ileso.

Apurei meus sentidos ao máximo, mas não conseguia enxergar nenhuma característica típica de camuflagem como sombras ou distorções. Minha pouca percepção era uma interação suave com minha própria frequência, o que era muito estranho.

"Se moveu!" — Disse-me Ray tão atordoado quanto eu. Era como se aquela presença tivesse saltado bem na minha frente, mas não havia qualquer indício visual, olfativo ou sonoro.

"Sumiu!" — Comentei atordoado. Eu havia perdido contato com a frequência como se eu tivesse ficado a sós novamente. De todas as criaturas mágicas, desconhecia uma que tivesse o poder de me confundir dessa forma. O que seria? Um fantasma?

Destino: O herdeiro AlfaWhere stories live. Discover now