P2 - Capítulo 59

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Visão de Lohan. Flashback do desaparecimento de Eliza.

Desde que apresentei minha amada ao conselho, tudo começou a dar errado. As palavras de Willow foram como uma praga, que me perseguiu duramente por muito tempo. Após oferecer ajuda me entregando os brincos como um amuleto de proteção e estabilização, disse-me:

"A essência atual da garota é incompatível com o destino grandioso que a espera. Se você realmente quer ajudá-la, pare de atrapalhá-la. Ela não conseguirá se provar enquanto você estiver no caminho dela."

Eu desacreditei completamente de suas palavras naquele momento e ignorei o seu alerta, mas assim que a primeira tentativa da minha pequena de adentrar a câmara falhou, decidi consultar os sábios em busca de respostas. Rapidamente eles chegaram em um consenso comum de que, se eu estava atrapalhando-a de passar pela provação, é porque a minha energia essencial estava circulando pelo corpo dela por conta da marca. Como a energia de alguém que já passou pela provação estava circulando dentro de alguém não provado, a porta da câmara poderia não reagir ao toque dela.

Eu não queria remover a marca, não podia me permitir desfazer meu tão precioso vínculo, então procurei por respostas que não contradissessem a minha vontade egoísta. Manter minha companheira ligada a mim era uma necessidade, e pensar em quebrar isso, mesmo que temporariamente, me deixou atribulado, então continuei ignorando a informação por mais um tempo.

Quando vi os olhinhos tristes e desapontados da minha companheira em ver o lobo de William passar pela provação e ela não, fui incapaz encará-la. Eu me sentia culpado, sentia que a desapontaria se dissesse que a culpa é minha. Eu a evitei enquanto tentava lidar com a minha própria culpa, a evitei pelo medo de que ela percebesse a verdade e não me perdoasse.

Eu não suportava a ideia de ser a causa de seu sofrimento. Ela era como uma flor delicada, e temia que uma palavra errada minha pudesse soprá-la para longe de mim. Eu podia suportar tudo, menos a ideia de perdê-la, e esse medo me impediu de ser o homem que ela precisava naquele momento. Assim que percebi o meu erro, corri atrás dela, mas ela já havia desaparecido.

Meu maior temor havia se tornado realidade. Eu a magoei de verdade e ela se foi. Foram horas extremamente difíceis, o sentimento como se meu coração estivesse se rasgando com a ideia de que tinha sido abandonado pela pessoa que mais amo. Tão logo voltei a senti-la, a persegui, tão rápido quanto o meu corpo me permitiu fazê-lo. Eu a traria de volta, eu encararia meus receios e não fugiria mais. Infelizmente, os eventos que se seguiram me fizeram recuar.

Os perigos que a rondam são muitos, mas disso eu podia protegê-la. O problema é a força desconhecida que a persegue, um inimigo invisível que insistia em me tirar do sério. A incerteza pelo desconhecido e a insegurança fizeram com que eu me calasse mais uma vez. Eu queria tanto dizer a ela tudo o que eu sabia, mas não queria que ela se atormentasse com os mesmos problemas e preocupações que eu. O sorriso no rosto dela é que me dava forças para continuar enfrentando tudo.

Quando os pais dela apareceram, mudaram rapidamente a forma como as coisas aconteciam. Quando eles se provaram, a dor nos olhos dela e o pedido de desculpas que escapou de seus lábios me deixou muito infeliz. Ela não tinha culpa de nada. Eu detestava vê-la se desculpando, detestava o fato dela achar que não era suficiente para mim quando na verdade, eu é que não era bom o bastante para ela. Ela se culpava por não poder se provar e por me causar preocupações, e eu me culpava por ser incapaz de lhe dizer a verdade, por meu egoísmo fazer mal à pessoa a quem mais me importo. O silêncio, esse foi o meu maior erro.

Quando ela me disse que poderia morrer por não passar pela provação, perdi o controle completamente. Como aceitar o fato de que poderia perdê-la? Só de imaginar vendo-a se machucar eu já me deixava mal, quanto mais pensar que ela poderia realmente morrer. O pior lado de Ray emergiu e me isolei completamente para que ela não visse o monstro que há em mim. Eu sentia que era o culpado por isso, então como eu poderia encará-la? Como ver aqueles olhinhos tão lindos e não me sentir um fracasso de companheiro?

Destino: O herdeiro AlfaWhere stories live. Discover now