P2 - Capítulo 13

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Não foi fácil explicar as coisas para o herdeiro estúpido. Se ele fosse um pouco mais inteligente, talvez eu não passasse tanta raiva!

— Minha nossa, como você se formou no colégio? — Reclamei. Não importa quantas vezes eu tentava explicar o alfabeto, ele não conseguia gravar nem as silabas mais simples.

— Sou melhor com a prática! — Disse ele presunçosamente enquanto se curvava na minha direção. — Sou um mestre em imitação.

Me imite então, seu estúpido! — Resmunguei na língua mágica.

Me imite então, seu estúpido! — Repetiu ele de forma límpida e perfeita.

Interessante! Acho que já sei como lidar com você! — Respondi sorrindo satisfeita. Pelo visto o caminho inverso seria mais fácil para ele. Repassei essa informação ao Jason. Ele já estava pelejando a quase meio mês para tentar passar o básico quanto a escrita e não conseguia. Por causa disso, ele estava a ponto a desistir e precisei intervir.

— Vai me abandonar de novo? — Perguntou ele frustrado enquanto me via sair.

Voltaremos ao esquema anterior! — Obviamente ele não me entendera. Se ele quisesse conversar comigo de agora em diante, devia dar um jeito de aprender. Admito que fui bem mais cruel do que Lohan, mas incentivos assim acabavam funcionando.

O que não imaginei é que uma simples mudança de didática podia ter um resultado tão drástico. Com poucos dias William já conseguia elaborar frases por conta, e com uma semana e meia já conversávamos relativamente bem na língua mágica. No fim das contas, algo de genial ele herdou do alfa Clark.

Sou muito bom, não sou? — Disse ele em um tom presunçoso após passar na prova que lhe passei. — Na prática pego tudo com facilidade.

Estávamos sentados no jardim debaixo de uma das árvores. O dia estava espetacularmente belo tornando todo o cenário em volta uma inspiração para um bom diálogo.

Eu vejo! O que você quer? — Eu prometera uma recompensa caso ele conseguisse conversar por uma hora inteira com Jason e comigo sem cometer erros. Jason fez perguntas aleatórias, a maioria sobre o outro mundo. A forma como conversavam me fez pensar que não eram mais como um guia e aprendiz, mas dois bons amigos.

Quero que cante uma música para mim! — Pediu ele animadamente.

Estou sem instrumentos.

Não me importo! Faça-o sem! — Ele parecia até um pouco ansioso. Jason me olhou com curiosidade, provavelmente se perguntando o motivo pelo qual seu aprendiz pedira algo tão notoriamente simples. Se ele soubesse o quanto me pagavam para cantar no meu mundo, conseguiria entender o quão valioso é a minha voz.

Acho que vai gostar disso... — Respirei fundo contei o tempo na cabeça e iniciei uma apresentação à capela. Era algo antigo e ao mesmo tempo, novo. A música era um dos meus maiores sucessos, só que traduzida e harmonizada conforme o idioma desse mundo.

Oh, isso foi divino! — Disse Jason boquiaberto.

Eu disse que ela é maravilhosa! — Disse William cutucando Jason. Definitivamente já eram bons amigos ou no mínimo camaradas. — Ela bem que podia se apresentar nas festas daqui.

Festas? — Perguntei curiosa. Nunca tinha ouvido falar de nenhuma desde que cheguei.

Jason me levou a algumas festas na cidade. São animadas, mas a parte musical é péssima. Qual a graça de se dançar só com o som de tambores e flautas?

Destino: O herdeiro AlfaWhere stories live. Discover now