P2 - Capítulo 37

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O palácio de Willow tinha um estilo bem diferente do de Lohan. Toda a estrutura possuía muitas curvas, com colunas arredondadas, escadas que subiam em meio círculo, e todas as mesas das cômodas que passei eram redondas. Haviam as mais variadas obras de arte em cada canto do palácio, pinturas, esculturas, tapetes, e até mesmo o piso no chão de cada cômodo tinha detalhes artísticos, gravuras e mosaicos.

— Mais fabuloso do que uma exposição de artes. — Comentei com Willow enquanto a seguia. Meus olhos viam beleza em tudo e acho que esse era justamente o objetivo.

— Cada obra que você admira gera devoção para a artesã que a criou. — Disse Willow sorrindo. — Willow exalava charme e graça não só no seu sorriso e beleza, mas em toda a sua desenvoltura e forma de andar. Cada movimento que fazia era elegante e gracioso, tal qual uma verdadeira rainha. — Este será o seu quarto!

A porta em questão não tinha fechadura. Antes de entrarmos, Willow traçou um desenho nela com os dedos. Não era preciso visão espiritual para visualizar as letras, uma espécie de código.

— O que são? — Perguntei curiosa vendo como a inscrição rapidamente desaparecia.

— Magia de selo. Quando você tiver experiência suficiente para fazê-lo, saberá lê-lo quando estiverem ocultas e até mesmo quebrá-las. O selo que coloquei na porta autoriza apenas a minha e a sua passagem, de forma que nenhuma outra bruxa poderá invadir o seu espaço sem a sua permissão.

— Mas se eu puder quebrá-la quando tiver experiência, o que impede as outras de fazerem o mesmo?

— A mais simples regra de todas, o nível de poder. Selos e inscrições apenas podem ser lidos, modificados ou quebrados por alguém de poder maior. Se eu criei o selo, apenas eu ou uma bruxa mais poderosa que eu pode modificá-lo ou quebrá-lo, e só existe uma bruxa em toda Celestria com esse potencial.

— E... — Quase fiz uma pergunta estúpida. Pretendia perguntar como ela tinha tanta certeza que eu era mais poderosa do que ela, mas então lembrei que não só as inscrições na pedra de invocação foram modificadas por mim, como os selos que ela inserira anteriormente nos meus brincos foram quebrados. Ela não precisava de mais provas do que isso!

— Venha! — Disse-me em um tom gentil. Ela abriu a porta e entrei logo após ela. O quarto não era muito grande, mas era bem aconchegante. Diferente do resto do palácio, o designer era bem básico. A cama era maior que uma de solteiro e menor que uma de casal. A colcha por cima era branca e macia, tal qual os que Lohan costuma usar.

— Eu vir aqui sempre foi parte dos seus planos, não é? — Comentei ao ver o armário completamente abastecido com diversas roupas e vestidos, todas em vermelho escuro, no mesmo tamanho. Haviam vários itens de beleza sobre a mesa e até mesmo alguns frascos de perfume, como se tudo tivesse sido montado previamente para me receber.

— Sim. Adquiri tudo isso desde o momento que te vi pela primeira vez. — Ela abriu uma das portas do armário e me aproximei para ver o que tinha dentro. Estava vazio. — Guarde sua origem de luz aqui. Tenha o cuidado para que ninguém mais saiba de sua existência.

A luz é considerada um elemento perdido no reino das bruxas, Aradia. Ter a marca da luz em meu braço seria revelar a todos que eu sou uma bruxa ancestral e isso é o tipo de atenção que eu não precisava no momento. Fiz como ela me ordenou, mas não consegui segurar minha dúvida.

— Por que materializar a origem? É só para esconder a marca? — Uma vez materializado, a marca desaparece, mas quase todas as bruxas pareciam preferir ter suas origens dentro de si. Logo captei o sentido lógico disso. Se as origens são a fonte do poder de uma bruxa, o melhor era guardá-las em segurança, e que lugar mais seguro do que dentro do próprio corpo? Para que tirá-lo então?

Destino: O herdeiro AlfaWhere stories live. Discover now