Capítulo 89

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Era pouco mais de meia noite quando o alfa me deixou em casa. Eu ainda estava atordoada com a informação de que o gama falecera, quase uma semana depois de ser internado. Ele passara por várias cirurgias de emergência e aguentou até onde pôde. Talvez por isso William não tenha me perseguido como costumava fazer, porque estava ocupado demais consolando a sua namorada.

"Não!" — Lisa se negava veementemente a aceitar isso. Ela ainda insistia em acreditar nesse companheiro estúpido.

"Pense só. Ele provavelmente estava no hospital com a namorada acompanhando o estado de saúde do gama quando recebeu o relatório a meu respeito e surtou. Onde mais teriam conseguido sedá-lo tão rápido? Se ele se preocupasse conosco, teria ido atrás da gente como sempre fez, ainda mais sabendo que estávamos com o Damian. Esquece ele, Lisa!"

Depois do perigo em que ele nos colocou, depois de tudo o que ele nos fez, eu realmente não entendia como uma parte de mim ainda conseguia querê-lo tanto. Se eu falasse sobre minha vida com um psicólogo excluindo essa coisa de maldição de companheiro e lobo, ele provavelmente diria que tenho síndrome de Estocolmo.

Como cheguei mais cedo do que o previsto, pensei em ir me encontrar com o senhor misterioso, mas como eu já havia informado previamente que eu só viria para Siram na lua cheia, então ele provavelmente não estaria esperando por mim. O encerramento do festival seria na próxima noite, uma sexta-feira de lua cheia.

Desfiz a mala guardando minhas roupas, e coloquei para carregar o celular que deixei para trás quando fui para a batalha. Sem ter nada mais a fazer nesse horário, coloquei uma camisola e fui me deitar. Mesmo ansiosa por causa de todos os problemas, rapidamente perdi a consciência mergulhando em um sono profundo. O sol já tinha nascido quando abri meus olhos, mas não foi sua luz que me despertou. Acordei muito assustada ao sentir uma estranha pressão sobre o meu corpo. Havia um homem sentado em cima de mim.

De alguma forma, William tinha entrado na minha casa e estava segurando meu braço esquerdo com uma mão, e com a outra tampara minha boca. Seus olhos estavam selvagens e eu me sentia como se fosse uma presa prestes a ser devorada.

— Shhh! — Pediu por silêncio enquanto aproximava seu rosto do meu. — Eu não estava mais aguentando ficar longe de você! Fiquei louco quando pensei que estava morrendo.

Ele tirou lentamente a mão da minha boca. Meu coração estava palpitando em meu peito, meu corpo ainda estava trêmulo de desespero e eu não conseguia parar de chorar. Eu não conseguia dizer nada, sequer conseguia me mover. As últimas memórias dele me ordenando friamente a lutar até o fim se passavam na minha cabeça, algo que eu nunca iria esquecer.

— Shhh! — Sussurrou novamente. Ele saiu de cima de mim soltando o meu braço e se deitou do meu lado. Depois começou a acariciar meu rosto me olhando fixamente como se tivesse me estudando. Comprimi meus lábios e fechei meus olhos desejando ardentemente que isso fosse um pesadelo, que quando eu os abrisse de novo, ele não estaria mais aqui. — Eliza, me desculpe!

Abri meus olhos e virei o rosto em direção a ele. Seus olhos de repente estavam quentes e gentis. Suas palavras me soaram profundas e sinceras. Não consegui responder a isso. Jurei a mim não o perdoar mais, então como poderia me sentir tocada por tão pouco?

— Por favor, não chore mais. Eu não vim assustá-la! Só queria ver com meus próprios olhos que você está bem. — Ele desceu sua mão suavemente do meu rosto até o meu braço imobilizado. — Eu não teria me perdoado nunca se algo pior tivesse lhe acontecido. Talvez não acredite no que vou dizer, mas juro que eu não queria o seu mal.

Eu ainda não conseguia dizer nada. Uma parte minha queria desesperadamente perdoá-lo, enquanto a outra dizia que se eu fizesse isso, não conseguiria resistir a uma próxima decepção.

Destino: O herdeiro Alfaحيث تعيش القصص. اكتشف الآن