Capítulo 71

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         - Mãe Eugênia?!   - Disse Maria Vitória entusiasmada, levantando-se, correndo para abraçar a Eugênia.
         - Então se lembra de mim?
         - Como eu poderia esquecer? Quem eu seria se esquecesse?
         - Estaria no seu direito.
         - Não diga isso.



                    Maria Vitória a abraçou com força.


         - Quando chegou?
         - Ontem a noite... Viria atrás de você assim que cheguei, porém estava tarde.
         - E... E a senhora, como está?    - Perguntou ela derramando lágrimas.
         - Estou melhor, talvez... Não tenho certeza, vai depender do que conversarmos.


                      Dandára levantou-se da cama, ficando de pé.


         - Dandára?
         - Olá, Eugênia!
         - Olha ... Estou surpresa, na verdade não deveria, afinal, fui para São Paulo deixando as duas MUITO próximas, e com razão.
         - Sempre estive ao lado da minha filha.
         - Eu também, Dandára... Eu também. que do meu jeito.



         - Por favor, peço a vocês duas, não briguem, não discutam.



         - Não se preocupe, meu amor. Não haverá discussões, não é mesmo, Eugênia?
         - Não tenho o que discutir com você. E outra coisa, peço licença, quero que se retire, preciso conversar com Maria Vitória sozinha.
         - Eu não irei impedir.
         - E nem teria como.
         - Sei que minha filha jamais poderá ser influenciada.
         - E o que você acha que farei?



         - Nada! Não fará nada... Parem com isso!    - Disse Maria Vitória.


         - Vou até a sua avó, ela deve estar precisando de ajuda.   - Disse Dandára.
         - Está bem, descemos.
         - Espero.



                 Dandára saiu pela porta, enquanto Eugênia revirava os olhos, e pegava nas mãos de Maria.



         - Por Deus, que mãos são essas, Maria Vitória?
         - O que tem?
         - Estão calejadas, grossas, e... Ah, desculpe, eu sei que estava na Senzala.
         - O Barão me mandou para lá, mas de certa forma quis ficar, eu quis sentir um pouco do que minha família, e amigos sentiam.
         - E você gostou de viver lá?
         - É claro que não.
         - Era de se esperar... Conte-me tudo, com detalhes, aquele homem a machucou?
         - Me bateu, e me castigou através dos capatazes. Certa vez, Rosário e eu passamos a noite debaixo de uma chuva tremenda, amarradas no tronco. Rosário tentou falar com a Tia Maristela o que estava acontecendo, e foi pega. Eu tentei impedir o castigo, e me levaram junto.
         - Meu Deus! Meu Deus, eu... Eu não sabia disso, eu... Me sinto tão culpada minha filha.
         - Não diga isso, não tens culpa.
         - Tenho sim, eu fui embora, embora e deixei você sozinha com aquele velho miserável! Deixei você sozinha com aquele homem pavoroso, um diabo! Eu não podia ter feito isso, desculpe-me, perdoe-me!
         - Não, não fale assim, não tens culpa de nada. Fez o que tinha que fazer... Ir embora daquela casa que tanto lhe fazia mal.
         - Eu estava perturbada, perdida, achei que minha vida tivesse acabado, que eu não teria mais motivos para tentar uma felicidade, ou o que fosse. Pensei que ir embora fosse a melhor opção. Assim eu deixaria você livre para ficar com a sua mãe... E também deixaria Leôncio, além de ficar longe do Barão.
         - A senhora fez bem, além disso, eu insisti que meu pai fosse atrás da senhora... Eu quis isso. Fiquei preocupada de verdade!
         - E eu te agradeço tanto, minha filha, tanto, que nem imagina. Seu pai e eu estamos próximos, muito próximos. Estou feliz... Contei a verdade para os meus pais, e... No início foi difícil, mas consegui o perdão deles.
         - Então eles sabem? O que será agora?
         - Eles ainda te consideram muito, não se preocupe. Estão ansiosos para vê-la outra vez, e mandaram Abraços!
         - Eu fico feliz!



Escrava Sinhá [Concluída]Where stories live. Discover now