Capítulo 68

165 17 2
                                    













               No dia seguinte, Maria Vitória acordou cedo, pois sentiu sede. Levantou-se para pegar água, e desceu as escadas devagar, encontrando Fausto na cozinha.



         - está acordada?
         - Eu que te pergunto isso. acordado?
         - Na verdade eu perdi o sono, e vim tomar um copo d'água.
         - Vim fazer o mesmo, vim tomar água... Tive um pesadelo horrível.
         - Deixa eu adivinhar... Com sua família, a fazenda, os capatazes... Acertei?
         - Acertou sim. Sou um tanto medrosa, e fico preocupada, isso influencia os meus sonhos.
         - falei, não deve se preocupar... Tudo é muito difícil, eu sei. Mas pensamentos positivos são bem vindos no momento, Maria Vitória.
         - Tens toda razão... Bom, vou pegar a água e voltar a dormir, ainda nem amanheceu.
          - Exatamente! Vá dormir, e não se preocupe.
          - É... Meu Deus, eu não acredito que isto está acontecendo...
          - O quê? Do que estás falando?




                        Maria Vitória cobriu o rosto com as mãos.



         - Não acredito que tive coragem de aparecer para você assim, descabelada, a cara toda amassada.
         - Ah, Maria Vitória, o que é isso? Deixa-me dizer, você está linda! Muito linda mesmo!
         - Não! Não olhe para mim, por favor!
         - Maria Vitória, mocinha, não vai começar agora, não é? Veja só, o sol nem nasceu ainda.
         - Bom, senhor Fausto, então me dê licença, voltarei para o quarto.
         - Vá, mais tarde nos vemos!



                     Maria sorriu, e seguiu novamente para o quarto.







                   Fausto também iria, porém, ouviu barulhos na rua e foi até a janela saber do que se tratava.



         - Aqueles ali... Me parecem ser capatazes da Fazenda do Barão?! Eu não acredito, será que desconfiam?



                      Um dos capatazes passou a cavalo, e depois voltou. Como se estivesse vigiando algo.



         - Aquele Barão não brinca mesmo... Bom, não direi nada para Maria Vitória, serei capaz que colocar medo nela, isso não é bom.




                        Uma mão tocou o ombro de Fausto, fazendo ele levar um susto.



         - Calma, filho...
         - Dona Cila? Ah... É a senhora.
         - Quem mais seria? Minha neta?
         - Ah não... Ela deve ter voltado a dormir... Aliás, o que a senhora faz acordada?
         - Eu que te pergunto isso, o que faz acordado aí na janela? Eu vivi na escravidão, a essa hora estava de pé lá na senzala.
         - Então, dona Cila, a senhora pode voltar a dormir, pode descansar... Pode ficar quietinha, aqui a senhora não precisa madrugar.
         - Ah não, filho, estou bem. Vou organizar as coisas, e se quiser, faço algo para o café da manhã, o sol nasce.
         - A senhora não está com sono?
         - Que nada, estou bem!
         - Bom, então farei companhia a senhora.
         - Ah, não... dormir, tu és acostumado a descansar, e...
         - Nada disso, estou com uma super disposição.
         - Então vamos para a cozinha, vou preparar algo para todos comerem ao acordar.
          - Vamos, sim!




Escrava Sinhá [Concluída]Where stories live. Discover now