Capítulo 15

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                       Amanheceu, iniciava-se um novo dia, e Maria Vitória acordou cedo, até mesmo antes dos seus pais. Arrumou-se, e saiu do casarão sem tomar o seu café da manhã, em direção aos locais onde estavam os escravos.




                  Maria Vitória pôde avistar Rosário, dando duro no trabalho. O sol já estava forte, e ela tinha em suas mãos inchadas, cavava, e cavava, para as plantações, e os estalos dos chicotes nos escravos, ouvia-se de longe.  Maria chegou perto de um capataz, e lhe disse:


        - Libere-a, deixe que ela venha comigo.
        - Mas, senhorita...
        - É uma ordem!
        - Vosso avô sabe disso?
        - Não tente mudar o assunto. disse, deixe que ela venha comigo.




               O capataz olhou para Maria Vitória, e depois para Rosário, e assim liberou a escrava, como a neta do Barão havia ordenado.




        - Sinhá Maria Vitória, o que queres comigo?  - Perguntou Rosário.
        - Rosário, primeiro quero que pare de me tratar como se eu fosse sua patroa.
        - Mas a sinházinha é...
        - Eu sou sua amiga, sempre fui! Infelizmente tive que ir embora para morar com meus avós maternos, mas estou de volta! E quero relembrar, e reencontrar pessoas...
        - Fico muito feliz pela Sinhá ter se lembrado de mim.
        - Sim, mas eu vou te esquecer se não parar com essa história de "Sinhá" ou "sinházinha". Você foi minha melhor amiga de infância, e quero muito recuperar sua amizade agora, que já estamos crescidas.
        - Como a Sinhá... digo, como você quiser.  (Risos)
        - Ótimo! 




           Maria Vitória sorriu, e perguntou para Rosário:



        - Rosário, sabes onde estás Dandára?
        - Ela está na horta, eu acho.
        - Gostaria muito de conversar com ela... Na verdade, com vocês duas... Mas não creio ser possível estar com ela agora.
        - Pode falar comigo!
        - Então... Sabe de um lugar onde vamos poder conversar em paz?
        - Olha, tem a senzala, mas eu tenho certeza que não vai querer ir para aquele lugar... E também, lá nunca houve paz.
        - Eu entendo... Mas me leve até lá, quem sabe a Dandára não aparece?!
        - Tem certeza?
        - Sim, eu tenho. Vamos?!
        - bom, mas você sabe que lá não tem luxo, só miséria.
        - Eu sei, Rosário... Mas tenha fé que tudo isso mudará.
        - Você fala que nem a dona Cila.
        - Dona Cila?
        - Sim. Não se lembra? É uma senhora, muito sábia e bondosa. Ela sempre diz que devemos ter fé, e confiar no tempo.
        - Agora que me falou, eu acho que me lembro... Ela trabalhava na cozinha quando éramos pequenas, certo?
       - Sim!
       - Gostaria muito de vê-la também!
       - Vai ter que ter paciência, não é fácil.
       - Eu sei...
       - Então, você ainda quer conversar?
       - Claro que sim! Como sempre fazíamos.





Escrava Sinhá [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora