Amanheceu, iniciava-se um novo dia, e Maria Vitória acordou cedo, até mesmo antes dos seus pais. Arrumou-se, e saiu do casarão sem tomar o seu café da manhã, em direção aos locais onde estavam os escravos.
Maria Vitória pôde avistar Rosário, dando duro no trabalho. O sol já estava forte, e ela tinha em suas mãos inchadas, cavava, e cavava, para as plantações, e os estalos dos chicotes nos escravos, ouvia-se de longe. Maria chegou perto de um capataz, e lhe disse:
- Libere-a, deixe que ela venha comigo.
- Mas, senhorita...
- É uma ordem!
- Vosso avô sabe disso?
- Não tente mudar o assunto. Já disse, deixe que ela venha comigo.O capataz olhou para Maria Vitória, e depois para Rosário, e assim liberou a escrava, como a neta do Barão havia ordenado.
- Sinhá Maria Vitória, o que queres comigo? - Perguntou Rosário.
- Rosário, primeiro quero que pare de me tratar como se eu fosse sua patroa.
- Mas a sinházinha é...
- Eu sou sua amiga, sempre fui! Infelizmente tive que ir embora para morar com meus avós maternos, mas estou de volta! E quero relembrar, e reencontrar pessoas...
- Fico muito feliz pela Sinhá ter se lembrado de mim.
- Sim, mas eu vou te esquecer se não parar com essa história de "Sinhá" ou "sinházinha". Você foi minha melhor amiga de infância, e quero muito recuperar sua amizade agora, que já estamos crescidas.
- Como a Sinhá... digo, como você quiser. (Risos)
- Ótimo!Maria Vitória sorriu, e perguntou para Rosário:
- Rosário, sabes onde estás Dandára?
- Ela está na horta, eu acho.
- Gostaria muito de conversar com ela... Na verdade, com vocês duas... Mas não creio ser possível estar com ela agora.
- Pode falar comigo!
- Então... Sabe de um lugar onde vamos poder conversar em paz?
- Olha, tem a senzala, mas eu tenho certeza que não vai querer ir para aquele lugar... E também, lá nunca houve paz.
- Eu entendo... Mas me leve até lá, quem sabe a Dandára não aparece?!
- Tem certeza?
- Sim, eu tenho. Vamos?!
- Tá bom, mas você sabe que lá não tem luxo, só miséria.
- Eu sei, Rosário... Mas tenha fé que tudo isso mudará.
- Você fala que nem a dona Cila.
- Dona Cila?
- Sim. Não se lembra? É uma senhora, muito sábia e bondosa. Ela sempre diz que devemos ter fé, e confiar no tempo.
- Agora que me falou, eu acho que me lembro... Ela trabalhava na cozinha quando éramos pequenas, certo?
- Sim!
- Gostaria muito de vê-la também!
- Vai ter que ter paciência, não é fácil.
- Eu sei...
- Então, você ainda quer conversar?
- Claro que sim! Como sempre fazíamos.
![](https://img.wattpad.com/cover/201348583-288-k831901.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Escrava Sinhá [Concluída]
Historical FictionESSA HISTÓRIA VAI TE PRENDER DO INÍCIO AO FIM! Dandára, uma das mais belas moças, cativa da fazenda Álvares Real, apaixonou-se, e viveu um romance com Leôncio, o filho do Barão Leopoldo. Mas esse amor logo é interrompido pelo Barão, quando o me...