Fausto parou olhando Henrique por um tempo.
- Aconteceu alguma coisa, Fausto? Você me parece um pouco pálido.
- Desde cedo eu não me sinto, tenho dor de cabeça.
- Deverias chamar um médico, pode ser algo grave.
- Farei isso.
- E eu aqui... Lhe enchendo com os meus problemas amorosos. Foi bom reencontrá-lo! - Henrique se levantou.
- Você já conhece a saída.
- Sim, sim... Claro! Eu lhe desejo melhoras, Fausto, outro dia eu volto para conversarmos com mais tempo. Até mais!
- Até! - Ele permaneceu sentado e em silêncio, enquanto de longe, olhava atentamente a fotografia que tirou ao lado de Maria Vitória.Maria e Rosário contaram para Cila e Dandára sobre terem sido presas, e terem passado a noite na delegacia.
- Meninas, vocês têm noção da gravidade disso tudo?
- Espere um pouco, minha mãe... Foi grave sim, mas uma gravidade justa.
- Dandára, falando assim, que exemplo dará para essas meninas?
- Aquele guarda desrespeitou a Rosário, e de quebra desrespeitou a todos nós. Ele também foi atrevido com a Maria Vitória, agiu com ela de tal maneira por estar sozinha naquele momento, tratou a minha filha como uma qualquer.
- É... Nisso você tem toda razão.
- Atacar autoridades não é certo, mas também não é certo usarem desse poder para atacar os menores. Não estou nenhum pouco feliz que as meninas passaram a noite presas, mas estou orgulhosa de saber que não abaixaram as cabeças, e defenderam o que acreditam.
- Olha só... Pareceu até o Edmundo falando. Rum, eu vou é cuidar do chá do Fausto.Rosário sorriu.
- Bom ouvir tudo isso, e melhor ainda é que na noite que passamos presas, a Maria Vitória teve uma idéia genial!
- Nós duas tivemos, Rosário.- E que idéia é essa? Tô curiosa.
- Queremos fazer uma passeata, em favor da liberdade. A liberdade da arte, da mulher, de todas as pessoas.
- Que coisa linda, minha filha! E como pretende organizar?
- Quero juntar as minhas primas, e quem mais quiser participar. Um dos pontos principais com certeza será o pedido urgente pelo fim da escravidão.
- Isso é maravilhoso! Eu gostaria tanto de estar presente, minha filha.
- E se for possível? E se eu conversar com o meu tio?
- Quem sabe, não é? De qualquer maneira eu torço muito para que tudo dê certo, essa passeata pode aumentar a voz de muita gente.- Queremos também a liberdade da mulher, queremos respeito, e igualdade.
- Que orgulho, Rosário... Orgulho de vocês duas! Minhas duas meninas são agora duas mulheres que querem lutar pelos seus ideais.
- Se vocês puderem estar presentes, serão mais vozes fortes ativas.
- Com certeza, sim!
- Mas agora eu gostaria muito de ver uma pessoa, será possível? Na verdade... Duas.
- Quais pessoas?
- Edmundo e Tião.
- Acho bem mais fácil o Tião, meu amor. Vamos dar um jeito de se encontrarem, viu? Eu vou levar água para ele, e digo que está aqui.
- Perfeito!
- Eu não me demoro. - Dandára saiu.
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Escrava Sinhá [Concluída]
Historical FictionESSA HISTÓRIA VAI TE PRENDER DO INÍCIO AO FIM! Dandára, uma das mais belas moças, cativa da fazenda Álvares Real, apaixonou-se, e viveu um romance com Leôncio, o filho do Barão Leopoldo. Mas esse amor logo é interrompido pelo Barão, quando o me...