Capítulo 86 - Parte 2

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                    Fausto parou olhando Henrique por um tempo.



         - Aconteceu alguma coisa, Fausto? Você me parece um pouco pálido.
         - Desde cedo eu não me sinto, tenho dor de cabeça.
         - Deverias chamar um médico, pode ser algo grave.
         - Farei isso.
         - E eu aqui... Lhe enchendo com os meus problemas amorosos. Foi bom reencontrá-lo!   - Henrique se levantou.
         - Você já conhece a saída.
         - Sim, sim... Claro! Eu lhe desejo melhoras, Fausto, outro dia eu volto para conversarmos  com mais tempo. Até mais!
         - Até!   - Ele permaneceu sentado e em silêncio, enquanto de longe, olhava atentamente a fotografia que tirou ao lado de Maria Vitória.
















                    Maria e Rosário contaram para Cila e Dandára sobre terem sido presas, e terem passado a noite na delegacia.



         - Meninas, vocês têm noção da gravidade disso tudo?
         - Espere um pouco, minha mãe... Foi grave sim, mas uma gravidade justa.
         - Dandára, falando assim, que exemplo dará para essas meninas?
         - Aquele guarda desrespeitou a Rosário, e de quebra desrespeitou a todos nós. Ele também foi atrevido com a Maria Vitória, agiu com ela de tal maneira por estar sozinha naquele momento, tratou a minha filha como uma qualquer.
         - É... Nisso você tem toda razão.
         - Atacar autoridades não é certo, mas também não é certo usarem desse poder para atacar os menores. Não estou nenhum pouco feliz que as meninas passaram a noite presas, mas estou orgulhosa de saber que não abaixaram as cabeças, e defenderam o que acreditam.
         - Olha só... Pareceu até o Edmundo falando. Rum, eu vou é cuidar do chá do Fausto.




                  Rosário sorriu.




         - Bom ouvir tudo isso, e melhor ainda é que na noite que passamos presas, a Maria Vitória teve uma idéia genial!
         - Nós duas tivemos, Rosário.



         - E que idéia é essa? Tô curiosa.



         - Queremos fazer uma passeata, em favor da liberdade. A liberdade da arte, da mulher, de todas as pessoas.
         - Que coisa linda, minha filha! E como pretende organizar?
         - Quero juntar as minhas primas, e quem mais quiser participar. Um dos pontos principais com certeza será o pedido urgente pelo fim da escravidão.
         - Isso é maravilhoso! Eu gostaria tanto de estar presente, minha filha.
         - E se for possível? E se eu conversar com o meu tio?
         - Quem sabe, não é? De qualquer maneira eu torço muito para que tudo dê certo, essa passeata pode aumentar a voz de muita gente.




         - Queremos também a liberdade da mulher, queremos respeito, e igualdade.
         - Que orgulho, Rosário... Orgulho de vocês duas! Minhas duas meninas são agora duas mulheres que querem lutar pelos seus ideais.
         - Se vocês puderem estar presentes, serão mais vozes fortes ativas.
         - Com certeza, sim!
         - Mas agora eu gostaria muito de ver uma pessoa, será possível? Na verdade... Duas.
         - Quais pessoas?
         - Edmundo e Tião.
         - Acho bem mais fácil o Tião, meu amor. Vamos dar um jeito de se encontrarem, viu? Eu vou levar água para ele, e digo que está aqui.
         - Perfeito!
         - Eu não me demoro.   - Dandára saiu.




Escrava Sinhá [Concluída]Where stories live. Discover now