Celso organizava papéis em seu escritório, quando ouviu o barulho de passos apressados e a porta se abrindo rapidamente.
- Ai, me perdoe, seu Celso! Eu vim... Vim...
- Calma, Hilde! O que aconteceu? Pra quê essa pressa toda?
- Senhor... Eu estava na venda, fui comprar as frutas que a dona Ana Laura me pediu.
- Sim, e o que tem isso?
- Eu vi jornais espalhados pela cidade, senhor... Estão todos comentando.
- O quê, Hilde?
- Veja o senhor mesmo. - Ela entregou o jornal que tinha em mãos.
- "Escândalo na família Álvares Real". Meu Deus... Onde está a Laura?
- Costurando no jardim, senhor. Parece que fazia roupinhas de bebê.
- Já não estou mais, já entrei! - Disse entre risos. - Aconteceu alguma coisa?
- Sim, Laura... Aconteceu tudo. - Ele entregou o jornal para ela.
- Não acredito... Mas de onde tiraram essas informações?
- Não faço a mínima idéia, Laura...
- Olha isso, Celso, tem coisas absurdas aqui! Falam até mesmo da Berenice, da Maria Vitória, da tia Eugênia... Que absurdo!
- Até mesmo sobre a invasão da fazenda, a prisão... E pior, com mentiras.
- Eu não estou acreditando nisso... E eu achando que não poderia piorar!
- Ei, Laura... Sente-se mal?
- Não, estou bem! Foi só uma fraqueza, mas de desgosto. Celso... Olha quantos absurdos estão escritos aqui! Será que os outros já viram?
- Eu não sei, Laura. Mas alguma coisa deve ser feita, com certeza.Rosário chegou junto com Bento até a casa do coronel. Fausto estava na lareira, olhando o retrato que estava em cima dela.
- Fausto, que bom que você está aqui, eu... - Ela parou. - Está tudo bem?
- Não... Não está, mas vai ficar, não se preocupe.- É... Bento, vai lá na cozinha, e coloca esses sacos na mesa. Aproveita e come alguma coisinha.
- Tá bom! - O garoto correu.- Sua voz está diferente, Fausto. Aconteceu alguma coisa, não é?
- Sim, eu vou lhe dizer... Aliás, logo todos estarão sabendo.
- Diz logo.
- Maria Vitória e eu terminamos, não estamos mais juntos.
- Como assim? Mas... Fausto, isso é impossível! O que aconteceu?
- Algo muito pessoal, mas é isso... Depois eu quero conversar melhor com você, agora estou muito atordoado.
- Confesso, não posso acreditar... Vocês dois pareciam tão felizes juntos.
- E éramos, muito!
- Você não a ama mais?
- Amo Maria Vitória mais do que a mim mesmo. Mas não quero falar sobre... É... Queria me dizer alguma coisa quando chegou?
- Sim... Pelo visto você não viu o jornal de hoje, certo?
- Não, na verdade nunca li muito jornais, nem nada disso.
- Mas eu li, as aulas da Berenice me serviram muito. Olha só isso aqui, Fausto... - Ela entregou.
- Mas que tipo de matéria é essa?
- Estão falando da família Álvares Real, e pior que há muita mentira envolvida.
- Este jornal fala mal da Maria Vitória, colocando-a como uma mulher qualquer, má influência. Diz que a invasão da fazenda foi organizada pelo Tião, que o meu irmão foi cúmplice... Quanta mentira! Isso aqui é um absurdo!
- Quem será que mandou publicar isso? Alguém deve ter ditado, como saberiam até mesmo da história do Leôncio com a Dandára?
- Eu vou levar isso aqui até o meu irmão, vou ver se ele já está sabendo.
- Se precisar de algo, eu ajudo, está bem?
- Obrigado! Eu vou até lá saber se ele e Ana Laura estão cientes disso aqui... Isso renderá muito, um grande escândalo!
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Escrava Sinhá [Concluída]
Historical FictionESSA HISTÓRIA VAI TE PRENDER DO INÍCIO AO FIM! Dandára, uma das mais belas moças, cativa da fazenda Álvares Real, apaixonou-se, e viveu um romance com Leôncio, o filho do Barão Leopoldo. Mas esse amor logo é interrompido pelo Barão, quando o me...