O dia amanheceu nublado, e meio frio. Garoava um pouco, e já era possível escutar barulhos das rodas das carruagens andando pela cidade.
Maria Vitória acordou, ao lado dela estavam Rosário e Bento. Os três dormiram juntos, como uma forma de proteção, e acolhimento.
A garota levantou-se, e caminhou até a janela, sentindo um pouco de frio, e se aquecendo entre os seus próprios braços. Ela observou a cidade, e sorriu ao ver algumas crianças com seus pais, entre carinhos e abraços.
- Já amanheceu? Nem me dei conta!
- O dia está nublado, acordei ao ouvir os barulhos.Rosário se levantou.
- Minha nossa, como está frio! Bom... Com as roupas que estou usando não sinto muito, mas... É, não posso reclamar.
- Está garoando, possa ser que chova forte!
- O que é bom para quem tem uma casa quente e aconchegante.
- Falando assim, penso logo na minha mãe. O que pode estar acontecendo, Rosário? Como ela pode estar?
- Não espere que esteja na boa. Isso nunca! Fico imaginando os castigos que todos lá devem estar recebendo.
- Não me lembre disso, fico aflita.
- É a realidade.
- Penso que a falta de sossego ainda caminhará muito ao nosso lado.
- Não há dúvidas!Maria Vitória olhou para Bento.
- Queria ser como esse ser, tão pequeno, inocente, e puro para entender a maldade do homem.
- Bento já viveu muito, está conhecendo a infância apenas agora. Imagina, viu a morte da mãe, e consegue ter alma tão limpa.
- Será um grande homem quando crescer, não duvido! Agora... Vou descer, não sei, tentar preparar algo. Você vem?
- Vou esperar um pouco para ver Bento acordar, ou ele pode se assustar quando não nos ver aqui.
- Tens razão, Rosário. É preciso ter cuidado.Maria Vitória retirou-se.
Ana Laura já estava de pé, e andava inquieta pelo quarto com um envelope em mãos. Olhava pela janela, e voltava para a penteadeira.
- Ana Laura, filha, já está acordada? - Lázaro bateu na porta.
- Bom dia, meu pai! Estou pronta, e com minha carta em mãos.
- Para quê isso?
- Quero entregar pessoalmente para que entreguem a Celso.
- Ana Laura, tens certeza de que deseja contar para Celso nesse momento sobre a gravidez?
- Eu preciso enviar isso para o meu marido, papai.
- Eu sei, minha filha, sei... Mas está tão cedo, espere mais uns dias.
- Não, papai! Estou decidida, eu quero ir pessoalmente, e nessa carta eu quero contar ao Celso que teremos um filho. Isso com certeza o dará mais forças de querer sair o quanto antes de lá.
- Está bem, mas então deixe que eu vou até lá, sim? Claro, você deve ficar de repouso absoluto! Não foi isso que o médico lhe disse?
- Sim, mas é um exage...
- Então fique aqui, e eu mesmo levarei a carta para ele.
- Pai, por favor...
- Já disse, Ana Laura. Tenho certeza que seu marido não ficará satisfeito em te ver por lá, ou se ficar sabendo que você esteve.
- Não é justo!
- A vida é injusta, Ana Laura, e não podemos fazer nada para mudar isso! Todas as palavras que quer dizer estão nessa carta, e tenho certeza que seu marido irá senti-las.
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Escrava Sinhá [Concluída]
Historical FictionESSA HISTÓRIA VAI TE PRENDER DO INÍCIO AO FIM! Dandára, uma das mais belas moças, cativa da fazenda Álvares Real, apaixonou-se, e viveu um romance com Leôncio, o filho do Barão Leopoldo. Mas esse amor logo é interrompido pelo Barão, quando o me...