Capítulo 27

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                     Quando voltavam para a fazenda, Maria Vitória estava mais empolgada, e admirava as terras ao lado de Fausto. Mas ela logo lembrou-se da conversa que escutou, e questionou Fausto sobre a lei.


         - Nunca ouvistes falar sobre a lei do ventre livre?



                Maria Vitória balançou a cabeça negando.



        - É uma lei que foi assinada em 1871, tu aindas era pequena. Foi uma lei feita para que os escravos nascidos a partir dali, ficassem com os senhores até os 8 anos, e então devem ser livres.
        - Isso é sério?
        - Muito sério. Claro que isso não agradou pessoas como eu, e o meu irmão, que queremos o fim definitivo da escravidão.
        - Mas Fausto... Eu acho que o meu avô não segue essa lei.
        - Tens certeza disso, Maria Vitória?
        - Bom... Eu já vi escravos bem jovens lá na fazenda, e creio que deveriam ser livres.
        - Mas você sabe que leis, são leis, e se seu avô não as cumpre...
        - Eu irei atrás disso, prometo. Procurarei saber melhor sobre os escravos mais jovens.
        - Está bem, não deixes de avisar-me.
        - Mas se são livres, para aonde eles vão?
        - São jogados nas ruas, sem casa, sem nenhum benefício, é quase a mesma vida, mas sem os chicotes, castigos terríveis.
        - Fico até arrepiada ouvindo isso.
        - Pois é... Espero ver tudo bem algum dia.
        - Também torço para que esse momento chegue.
        - É... Olha, tu estás sabendo que meu irmão foi falar com a sua prima Ana Laura?
        - Não estou sabendo de nada.
        - Pois estão de compromisso sério.
        - É mesmo?!   - Maria Vitória falou cheia de entusiasmo.   - Ah, mas que alegria deve estar Ana Laura!
        - Com certeza, o meu irmão está radiante, e vive de pensamentos longes.  - Fausto sorriu.
        - Fico muito feliz por eles, não acha que combinam?
        - Eu não sei, Maria Vitória, eu mal vi os dois juntos.  - Fausto começou a rir, e Maria Vitória começou a rir junto.











                  Na fazenda De Leopoldo, chegaram Berenice, Maristela, e Peixoto. Leôncio os recebeu com carinho, e os levou para a sala principal, para se acomodarem.



        - E aonde estão as pessoas dessa casa, meu irmão?
        - Nosso pai está no escritório, conversando com o capataz Cipriano.



       - E ele vai demorar muito, tio?  - Berenice perguntou ansiosa.
       - Eu não sei, meu anjo. Talvez sim, mas eles já estão lá a um bom tempo.



        - Berenice, filha, se for o caso, nós podemos voltar um outro dia.  - Disse Peixoto.
        - Nenhum outro dia, papai. Falarei com o meu avô hoje mesmo!
 


                   Eugênia desceu as escadas, e comprimentou a todos que ali estavam.


        - Maristela, como está bonita!
        - Oi? Fala isso comigo?
        - Claro cunhada, só existe uma Maristela na família, não é mesmo?
        - Olha, pode ser quem sim. Obrigada, querida, você também está ótima!



Escrava Sinhá [Concluída]Where stories live. Discover now