Capítulo 81 - Parte 2

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                  Berenice chegou em casa e se deparou com sua mãe, sentada em uma poltrona, de costas, ainda de camisola, com um robe azul por cima. Tinha uma expressão diferente, abatida, e não fazia nada.



         - Onde estava, Berenice?  - Ela perguntou quando a garota passava.
         - Mamãe, não vi que está aí, que bom que acordou!
         - Responde, Berenice. Aonde estava?
         - Eu... Estava em um café da cidade com o doutor Lúcio, lembra-se dele?
         - Lembro sim.
         - Aquele projeto que lhe falei, parece que finalmente sairá do papel e de nossas cabeças, queremos colocá-lo em prática!
         - Até que eu lhe diga que sim, está proibida de fazer qualquer projeto.
         - Mas como? Mamãe...
         - Nossa família desmoronando, cada dia algo novo, correndo o risco da cidade inteira ficar sabendo, e você saindo para tomar um café? Ainda por cima sem me dizer nada, saiu em completo silêncio.  - Ela se levantou
         - Eu não lhe disse nada, pois estava muito abatida, dormindo, eu não quis acordá-la.
         - Mas não é o momento de fazer nenhum projeto, é o momento de se reservar em casa, o máximo que pudermos.
         - A senhora nunca se importou com essas coisas, principalmente na parte do que as outras pessoas vão pensar. Além disso sempre me apoiou, em todas as minhas idéias, ficou ao meu lado até nos piores momentos.
         - Apoiei sim, eu me lembro, e sei no que deu tudo. Se lembra daquele projeto que fez com os escravos? O que aconteceu, hã?
         - Esse assunto me perturba até hoje, sabe que não gosto de falar sobre isso.
         - A nossa família já tem grandes problemas, muitos escândalos, não precisamos de mais nada. Não haverá projeto até que eu diga ao contrário! Estamos entendidas?
         - Eu não estou te reconhecendo, mamãe, mas o que posso fazer? Lúcio ficará chateado, mas eu me resolvo com ele depois. Com licença!






                  Maristela sentou-se novamente, e Berenice correu para o quarto, mas deparou-se com Peixoto no corredor, e entraram juntos.



         - Filha, aconteceu alguma coisa?
         - A minha mãe, pai...
         - O que tem a Maristela?
         - Eu não reconheço a minha mãe... Está tão séria, tão fria.
         - Calma, calma! O que foi? Conte-me direito.
         - Não sei se lhe contei, mas estou em um projeto com o Lúcio.
         - Lúcio? Quem é esse?
         - O senhor sabe, o médico que cuidou da Ana Laura, e estava cuidando do Cipriano.
         - Ah, sim... Eu sei, o reconheço. Mas que projeto é esse?
         - Ele pretende abrir um consultório público, um hospital para pessoas em situações inferiores, e eu tive a idéia de ao lado, abrir uma escola para que eu possa ensinar como eu gosto, basicamente isso.
         - E o que a sua mãe tem com isso?
         - Me proibiu de fazer o projeto por conta de tudo que está acontecendo. Disse que devemos nos reservar em casa ao máximo, e ainda me lembrou de quando eu ensinei os escravos da fazenda, e deu no que deu... Ela sabe, papai, ela sabe muito bem o quanto que esse assunto me faz mal!
         - Berenice, filha... A sua mãe está nervosa, muito estressada, triste, olha o tanto de coisa que ela está suportando.
         - Eu sei, mas isso não é motivo para ela descontar em mim, ou é?
         - O que você deve fazer é obedecer, e esperar o tempo dela, só isso, não está sendo fácil.
         - Sinto saudades da minha outra mãe, aquela extrovertida, que fazia graça por tudo.
         - Se você estivesse no lugar dela não agiria de outra maneira, filha. Obedeça a sua mãe, essa é uma ordem minha, entendido?
         - Sim, papai.
         - Não se preocupe, meu amor, logo poderá colocar o seu projeto em prática, tenha paciência.  - Ele beijou-lhe a testa.














Escrava Sinhá [Concluída]Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ