Capítulo 109

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9 de maio - 1888



Parte 2










                   Berenice foi até o antigo armazém, onde toda boba, admirava a organização e pintura feita. A reforma estava melhor do que ela imaginou, mas ainda haviam melhoras a serem feitas. Ela contou para Lúcio tudo o que aconteceu no tribunal, e ele ouvia atento enquanto terminava de retocar uma parede.





         - Então a nova proprietária da fazenda Álvares Real é a sua prima Maria Vitória?
         - Sim, acredita?
         - Que responsabilidade! E sua mãe, concordou com o resultado?
         - Claro! Abalada sim, por tudo que ouviu, mas satisfeita com as indenizações.
         - Depois farei uma visita para a minha sogra, imagino como ela deve estar triste com tudo isso.
         - Amanhã estaremos todos na casa da minha prima Ana Laura, vai ficar conosco!
         - Eu vou sim, claro! Mas e então, o que achou dessa parede?
         - Está linda! A inauguração do consultório público vai ser um sucesso!
         - A sua sala de aula também!
         - Isso virá depois, cada coisa em seu tempo. Estou tão feliz que tudo está dando certo.
         - Compartilho do mesmo sentimento. Agora eu só preciso trazer os móveis para cá, equipamentos, e tudo que seja necessário. Mas só depois de finalizar as paredes e o teto.
         - E as suas férias terminam hoje, amanhã já volta a atender.
         - Sim, então vai demorar mais um pouquinho. Mas não se preocupe, será um curto prazo.
         - Já caminhamos o bastante, e somente isso importa! Mas agora eu já tenho que ir.
         - Mas já?
         - Quero fazer companhia aos meus pais, e não é certo ficarmos por tempos a sós aqui.
         - Sim, eu concordo.
         - Nos vemos logo?
         - Prometo lhe escrever!   - Ele beijou-lhe uma das mãos.
         - Estarei esperando. Até logo, Lúcio!   - Sorriu.













                     Maria Vitória caminhava junto a Cila e Dandára, mas pararam debaixo de algumas árvores ainda na cidade.





         - Minha filha, mas o que você foi fazer na sala com aquele homem?
         - Precisava, minha mãe. Foi necessário, horrível, mas de algum jeito isso saiu de vez de dentro de mim.
         - Estou feliz que se sinta melhor, afinal de contas, a nova dona da fazenda Álvares Real deve estar forte para cuidar do que lhe pertence!   - Risos.
         - Ai minha mãe, ainda estou tentando digerir tudo isso, e entender como será. Amanhã nos encontraremos na casa da Ana Laura, eu quero muito conversar melhor com os meus tios.
         - Você terá uma grande responsabilidade em mãos, meu amor. Mas terá pessoas ao seu redor para guiá-la e ajudá-la em tudo que precisar.
         - Quero muito que venham amanhã.
         - Melhor não, deixe que os Álvares Real conversem entre si. Você sabe onde nos encontrar, certo?
         - Meu Deus... Eu preciso ir até a fazenda, preciso mesmo dizer que o trabalho escravo está encerrado a partir de agora!
         - Nada disso, tem muitos documentos a serem resolvidos. Eu ouvi uns senhores falando sobre, o seu tio deve lhe explicar melhor.

         - Estou muito cansada! E também ansiosa para contar a novidade lá na fazenda. Podemos ir?
         - Vó... Queria tanto ir com vocês!
         - Vai descansar essa cabecinha, vai para a casa da dona Eugênia. Nós duas chegaremos bem.
         - Alugarei uma carruagem, para que possam ir confortáveis, e eu também ficarei mais tranquila.
         - E quando vai nos visitar?
         - Estarei vendo e estudando melhor esses tais documentos, o meu tio, e até o próprio Henrique deve saber melhor.
         - Está certa! Sei que voltaremos a nos ver logo.
         - Muito obrigada por tudo, minha avó!   - Maria a abraçou.





Escrava Sinhá [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora