Capítulo 75 - Parte 3

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              Maristela costurava na sala, e soltava um "ai" a cada vez que espetava o dedo na agulha. Isso fez Berenice se preocupar com a mãe, e com o bem estar da mesma.


      - Mamãe, ainda insiste em costurar? Não percebe que estás sem condições?
      - Berenice, minha filha, preciso me distrair com algo enquanto espero o seu pai entrar por aquela porta!
      - Mas minha mãe, veja como estás ansiosa, e como treme. Até os dedos está espetando com a agulha.
      - É essa agulha que não me serve, com certeza está enferrujada.
      - Nunca ouvi falar disso.
      - Ô Berenice, você deveria procurar algo para fazer também, viu, minha filha? Olha, vai bordar... Ler um livro, fazer um doce na cozinha, vai...
      - Poderia, seria ótimo! Mas no momento desejo apenas cuidar da senhora, pois sei que por mais que não queira dizer, sei que não se sente nada bem.
      - É, tens razão. Estou terrivelmente acabada, Berenice! Sem o seu pai, parece que me falta a metade, entende? Mal posso esperar para vê-lo outra vez, e poder estar com ele de novo aqui, em nossa casa.
      - Logo ele virá, não se preocupe com isso. Somos o lado do bem, vamos vencer!
      - Você está falando como as mocinhas dos livros, minha filha, volte um pouco para a realidade. Ou melhor... Fique no mundo dos livros, pois o mundo real me assusta a cada dia.



                 Berenice sorriu




      - A senhora é uma graça sempre, não é? Isso me deixa alegre.
      - Alguém precisa mesmo se alegrar nessa casa, tudo aqui parece mais um velório.
      - Não fale assim, estamos um pouco desanimadas, o que é comum com tudo que aconteceu. Mas nós estamos juntas, não estamos?
      - Sempre, filhinha.
      - Então levante-se! Precisamos fazer algo para levar a mente para outro lugar, ou acabaremos deprimidas.
      - Certo! Devo concordar... O que acha de darmos uma volta pela fazenda? Podemos olhar o jardim, as plantações, animais...
      - Será ótimo, vamos!















              Leôncio foi para a fazenda de Lázaro. Pegou os vestidos de Maria Vitória, em seguida voltou a sair, dessa vez seguindo para o centro da  cidade. O mesmo foi para uma um pequeno comércio, onde mulheres mais simples faziam vestidos para vender.


      - Olá, bom dia a todos!
      - Bom dia! Posso ajudar o senhor?  - Perguntou uma moça.
      - Pode sim, eu gostaria de falar com os donos do lugar. Preciso falar de negócios.
      - Os donos são meus avós, um pouquinho, irei chamá-los. Pode-se sentar por enquanto.
      - Obrigado!




           Ele sentou-se, mas não demorou muito, e um casal de idosos apareceu para atendê-lo.


      - Olá! Como podemos ajudar?
      - Olá, senhora! É... Eu gostaria de vender vestidos para vocês!
      - Para nós? Mas nós que vendemos aqui!
      - Eu sei, acalme-se... É... São vestidos de bons tecidos, e todos novos. Acontece que... A minha filha, ela casou-se, e os vestidos são de mocinhas, e não de uma mulher casada.
      - Ah, sim, compreendo! E a que preço deseja vendê-los?
      - Senhora... São vestidos bons, de tecidos muito caros, e não são usados. Veja, muitos desses vieram até mesmo da Europa.
      - É mesmo?
      - Oh, sim, claro!



Escrava Sinhá [Concluída]Où les histoires vivent. Découvrez maintenant