Capítulo 42

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                    No casarão, Leopoldo recebia Cipriano, e outro capataz. Ambos pareciam apressados, e com assunto urgente.



         - Mas o que está acontecendo?
         - Senhor, recebemos uma notícia agora cedo, e se diz sobre aquele fazendeiro que esteve aqui.   - Disse o capataz.
         - E que notícia é essa?
         - Eu explico  - Falou Cipriano.    - Aconteceu um acidente na estrada. A carruagem foi atacada por flechas, e os cavalos se desviaram, fazendo a carruagem se chocar com uma serra.
         - Atacados por flechas? Como? Tem índios por aqui?
         - Em terras mais longes, pelo jeito, sim.
         - Mas que miséria, todo dia uma coisa nova!
         - Pois é, senhor...
         - E... E o fazendeiro, está bem?
         - Parece que sim, mas a carroça com escravos estava junto com a carruagem, e com o choque, acabou se abrindo. Senhor, há escravos mortos.



                           O Barão fez jeito de quem ia levantar.



         - Escravos mortos?
         - Sim...
         - Então... O tal do Sebastião, se deu mal?
         - Não sei ao certo, senhor. Mas tudo indica que sim. As vestes do Sebastião foram encontradas, mas o corpo dele não.
         - Encontraram somente as vestes?
         - Sim. O corpo dele não encontraram, somente as roupas que ele usava. Tudo indica que pode ter sido comido por algum animal, que passaram horas desacordados, e ninguém viu.
          - Ora, ora...



                O Barão começou a rir.



         - Do que está rindo, senhor?
         - De tudo...
         - Tudo?
         - Do escravo infeliz, que mal pôde experimentar um pouco da venda, assim como o fazendeiro também não pôde. Ainda bem, esse escravo está fora!
         - Ele pode ter se salvo.
         - Impossível! Teria ido com a roupa do corpo, não a tiraria, não seria inteligente para isso.
         - Pode ser...
         - E o fazendeiro, que nem desfrutou da compra que fez... Enquanto isso, estou aquí, com meu lucro. Agora podem ir, me deram uma excelente notícia, anda, retirem-se!




                 Os capatazes saíram, e o Barão ordenou que chamassem Maristela.












                  Eugênia acordou assustada, indisposta, e ouviu a porta bater.



         - Maristela, é você?
         - Não Eugênia, sou eu, Leôncio.
         - O que faz aqui?
         - Eu moro aqui, Eugênia. E esse quarto também é meu.




                         Leôncio entrou no quarto, e se deparou com Eugênia deitada na cama.



         - O que faz aqui, Leôncio? Deveria ter vergonha de olhar para mim.
        - Vergonha? Não tenho motivos para isso.
        - Cafajeste! Você me humilhou, Leôncio! Agora todos sabem que eu nunca fui mãe!
         - Eu fiz o que deveria ser feito, seria inevitável que Maria Vitória chegasse a descobrir a verdade, entenda!
         - A culpa é da Dandára... Se ela não tivesse se aproximado da Maria Vitória, ou se você tivesse se livrado dela, nada disso estaria acontecendo!
         - Controle-se! Fique calma, por favor!
         - É o que sabem pedir nessa casa, calma! Isso é um absurdo!
         - Eugênia... Você precisa entender que eu não podia mais esconder a verdade. Tudo estava contra nós!
         - Você fez isso por causa da Dandára... Me diz, não foi isso?
         - Não. Eu fiz isso para que Maria Vitória não soubesse da verdade por outra pessoa, pois isso aconteceria.




Escrava Sinhá [Concluída]Where stories live. Discover now