Capítulo 116

42 3 0
                                    










                     Maria Vitória estava no escritório, e ouviu quando alguém bateu na porta, e ela autorizou a entrada.



         - Com licença, dona Maria Vitória, mas é que alguémlhe espera lá pelas entradas da fazenda. Disse que precisa vê-la.   - Disse um dos trabalhadores, antigo capataz
         - Alguém? Bom... Já vou indo. Está na entrada?
         - Sim, deseja vê-la.
         - Já estou indo, obrigada!




                  Maria pensou que pudesse ser um antigo cativo que estava a sua procura. Saiu, encostou-se na árvore da entrada, e olhou para os lados, procurando a pessoa que lhe esperava.




         - Maria Vitória...




                   Seu coração bateu mais forte, e ela respirou fundo por um tempo. Virou-se devagar para ter certeza de que a voz era de quem ela pensava ser, e não pôde acreditar quando confirmou.



         - Fausto?   - Ela tinha a voz trêmula.
         - Mocinha... Eu...
         - O que faz aqui? Pensei que já tivesse embarcado.
         - Por favor, me escute, sim?
         - Estou confusa. O que tens para me dizer?
         - Eu estava no porto, me despedi do meu irmão, e olhei para o navio. Mas aí passou por mim tantas lembranças, e eu não tive coragem de embarcar.
         - Não vai viajar?
         - Não, eu não vou mais.
         - O que aconteceu?
         - Foi a pergunta que eu mais me fiz no caminho pra cá.
         - Fausto, juro que estou tentando entender.
         - Eu não poderia viajar sem o meu coração, Maria Vitória. Eu tinha as bagagens, a passagem, mas não tinha a pessoa que eu amo ali comigo. Talvez eu não mereça, mas eu preciso que você me perdoe, e seja minha esposa, como já deveria ser a muito tempo.
         - Espere! Como pode aparecer assim, de repente? Não tens consideração pelos meus sentimentos, Fausto?
         - Tudo que eu quero é que me entenda, e entenda o que aconteceu comigo. Esse tempo foi valioso, Maria Vitória... Descobri que quero sim ser feliz com você, e felizmente o meu orgulho permitiu-me vir até aqui.
         - Estás se precipitando. Tiveste muita coragem, mas estou muito magoada com você.
         - Eu sei... Estou disposto a reconquistar o seu amor, fazê-la lembrar de tudo que vivemos até aqui. Me perdoa, Maria Vitória!





                 A garota saiu andando.




         - Se eu fosse você procuraria outro navio.
         - Impossível! Eu nem sei onde estava com a cabeça quando comprei aquela passagem.   - Ele seguiu atrás.
         - E agora quer me convencer de que nunca deixou de me amar?
         - Tanto não deixei, que em minha bagagem levava na primeira parte a sua fotografia.
         - Eu nem me lembrava mais dela.   - Ela parou e tornou a virar para ele.
         - Lembra sim, sempre lembrou. Sei que fui errado, um imbecil, um grande bobo!
         - Não... Você fez o certo. Estava confuso, com vergonha de si próprio.
         - Que bom que compreende.
         - E agora você está aqui, não foi embora como disse.
         - Estou aqui para reconquistá-la.
         - Mas como me reconquistar se nunca deixei de amá-lo?
         - Mocinha... Estás sendo sincera?
         - Eu deveria estar muito brava, Fausto. Mas foi-se o tempo em que eu tinha raiva da sua pessoa... O rapaz convencido da estação entrou na minha vida, e não foi embora mesmo quando decidiu sair.
         - Prometo nunca mais ir embora, mocinha. Quero viver todas as estações ao seu lado. Quero ser feliz com você, Maria Vitória!
        



Escrava Sinhá [Concluída]Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum