Passaram-se alguns dias, e Berenice continuava a dar aulas para os escravos. Maria Vitória, com a ajuda de Rosário, conseguiu enviar cestas para a senzala, e escondido alimentou os escravos. Maristela não estava muito bem, desde o dia em que viu o retrato pintado de sua mãe.
- Meu amor, ainda está assim?
- Peixoto, eu fico mexida com tudo que aconteceu.
- Desde o primeiro dia que Berenice foi dar aulas para os escravos, que você está assim.
- Eu te contei que vi o retrato da minha mãe coberto por um pano preto, e me veio lembranças dela, só isso...
- Eu sei, meu amor, eu sei... Sentiu saudade, não foi?
- Eu era pequena quando ela se foi, mal tenho lembranças claras dela... Mas eu me lembro de como era carinhosa, e de como nos amava.
- Era diferente do Barão, não era?
- Meu pai toda vida me desprezou, ele sempre gostou mais dos homens, principalmente de Leôncio. Já a minha mãe amava a todos igualmente, sem preferência.
- Eu teria adorado a minha sogra, tenho certeza.
- E ela teria te adorado também. Principalmente por termos casado por amor, e não por interesse.
- E pode ter certeza que o amor é o mesmo... E por favor, não fique assim, não gosto de te ver triste.
- Nem eu... Quem está triste? Estou ótima!
- É assim que gosto de te ver!Peixoto deu um beijo apaixonado em Maristela, e a abraçou com carinho.
Berenice juntou-se aos pais.
- Como eu amo ver vocês tão apaixonados!
- Eu também amo, filha! - Disse Maristela. - E as aulas, como estão indo?
- Muito bem, acredito que logo verei os escravos lendo, escrevendo...
- Mas como conseguiu convencer o seu avô?
- Ah, mamãe, já disse que tive métodos, mas o que importa é que ele aceitou.- E os seus alunos são esforçados? - Perguntou Peixoto.
- São sim, mas tem um em especial, que tem uma vontade enorme de aprender.
- Quem?
- Não vão acreditar, esse que estou falando, é o mesmo escravo que foi chicoteado naquele dia.
- É mesmo?! Nossa, que coincidência! - Disse Maristela.
- Ele me agradeceu muito, mas eu já lhe disse que não fiz nada de mais. Mesmo assim ele é grato, e eu fico tão feliz de saber que ele já está bem.
- Ô meu amor, que bom que está feliz.
- Gostaria muito que ele fosse um homem livre, ele é tão bom, tão inteligente... Com certeza seria um homem de bem, e com muito para oferecer.
- Eu acredito que será um homem livre, pode ter fé, filha.
- Assim que o quero, livre! Bom, agora vou preparar algumas coisas, e me organizar. - Berenice beijou os seus pais. - Eu amo vocês.
- Nós também te amamos. - Disse Peixoto.
![](https://img.wattpad.com/cover/201348583-288-k831901.jpg)
YOU ARE READING
Escrava Sinhá [Concluída]
Historical FictionESSA HISTÓRIA VAI TE PRENDER DO INÍCIO AO FIM! Dandára, uma das mais belas moças, cativa da fazenda Álvares Real, apaixonou-se, e viveu um romance com Leôncio, o filho do Barão Leopoldo. Mas esse amor logo é interrompido pelo Barão, quando o me...