Capítulo 29

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                         Passaram-se alguns dias, e Berenice continuava a dar aulas para os escravos. Maria Vitória, com a ajuda de Rosário, conseguiu enviar cestas para a senzala, e escondido alimentou os escravos. Maristela não estava muito bem, desde o dia em que viu o retrato pintado de sua mãe.




         - Meu amor, ainda está assim?
         - Peixoto, eu fico mexida com tudo que aconteceu.
         - Desde o primeiro dia que Berenice foi dar aulas para os escravos, que você está assim.
         - Eu te contei que vi o retrato da minha mãe coberto por um pano preto, e me veio lembranças dela, só isso...
         - Eu sei, meu amor, eu sei... Sentiu saudade, não foi?
         - Eu era pequena quando ela se foi, mal tenho lembranças claras dela... Mas eu me lembro de como era carinhosa, e de como nos amava.
        - Era diferente do Barão, não era?
        - Meu pai toda vida me desprezou, ele sempre gostou mais dos homens, principalmente de Leôncio. a minha mãe amava a todos igualmente, sem preferência.
        - Eu teria adorado a minha sogra, tenho certeza.
        - E ela teria te adorado também. Principalmente por termos casado por amor, e não por interesse.
        - E pode ter certeza que o amor é o mesmo... E por favor, não fique assim, não gosto de te ver triste.
        - Nem eu... Quem está triste? Estou ótima!
        - É assim que gosto de te ver!




                  Peixoto deu um beijo apaixonado em Maristela, e a abraçou com carinho.




          Berenice juntou-se aos pais.




        - Como eu amo ver vocês tão apaixonados!
        - Eu também amo, filha!  - Disse Maristela.  - E as aulas, como estão indo?
        - Muito bem, acredito que logo verei os escravos lendo, escrevendo...
        - Mas como conseguiu convencer o seu avô?
        - Ah, mamãe, disse que tive métodos, mas o que importa é que ele aceitou.



        - E os seus alunos são esforçados?   - Perguntou Peixoto.
        - São sim, mas tem um em especial, que tem uma vontade enorme de aprender.
        - Quem?
        - Não vão acreditar, esse que estou falando, é o mesmo escravo que foi chicoteado naquele dia.
        - É mesmo?! Nossa, que coincidência!  - Disse Maristela.
        - Ele me agradeceu muito, mas eu lhe disse que não fiz nada de mais. Mesmo assim ele é grato, e eu fico tão feliz de saber que ele está bem.
        - Ô meu amor, que bom que está feliz.
        - Gostaria muito que ele fosse um homem livre, ele é tão bom, tão inteligente... Com certeza seria um homem de bem, e com muito para oferecer.
        - Eu acredito que será um homem livre, pode ter fé, filha.
        - Assim que o quero, livre! Bom, agora vou preparar algumas coisas, e me organizar.  - Berenice beijou os seus pais.  - Eu amo vocês.
        - Nós também te amamos.  - Disse Peixoto.




Escrava Sinhá [Concluída]Where stories live. Discover now