Capítulo 73 - Parte 1

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                     Cipriano estava reunido com os outros capatazes do lado de fora da Fazenda. Estavam a cavalos, e armados, decididos a encontrarem os escravos fugitivos, afim de levá-los de volta, para ganharem ainda mais com o Barão.



         - Vamos entrar a fundo nessa mata, revirar cada canto. De hoje não passa. Os miseráveis vão voltar para a fazenda, eu tenho certeza!
         - Daqui a pouco o sol vai nascer, será mais fácil para enxergar.    - Respondeu um capataz.
         - Com certeza! O Barão vai nos agradecer muito, não se esqueçam disso. Eu sei que o Barão não vai se esquecer de quem for fiel à ele.
         - Então vamos logo, e se possível devagar, não se esqueçam que há indígenas com eles, nós poderemos ser atacados.
         - Então matem antes. Vamos pegá-los desprevenidos... Eles não terão chances. E lembrem-se, dêem prioridade aos homens, se tentarem fugir, peguem os homens primeiro. Para o Barão as mulheres são as menos importantes no momento. Porém não deixem de pegá-las também, mas a atenção primeiramente deve ser aos homens.
         - Algum motivo em especial?
         - Assunto do nosso patrão, ele deve saber o que faz.
         - E aquela escrava, a Dandára, será que encontramos?
         - Aquela desgraçada não perde por esperar... Vou encontrá-la nem que seja no inferno.
         - Você deve estar bem chateado, nunca conseguiu nada com ela.



          Os capatazes começaram a rir.



         - JÁ CHEGA! Temos uma missão só... Vamos atrás dos mortos de fome, trazê-los para a fazenda, e fazer a nossa vingança. VAMOS?!



              Em seus cavalos, os capatazes da Fazenda saíram pela mata, em busca dos escravos fugitivos.












                     Cila estava acordada, e andava pela casa com uma mão em seu peito. Sentia uma sensação estranha, e desconfortável, como se fosse um pressentimento.


         - Aconteceu algo, dona Cila?
         - Edmundo? O que faz acordado?
         - Dona Cila, percebi a senhora de , andando de um lado pro outro.
         - Meu filho, meu coração está aflito, algo vai acontecer.
         - Fique tranquila, tá tudo certo.
         - Não, nãonão. Minha cabeça dói, minha consciência pesa a cada dia.
         - A consciência? O que quer dizer?
         - É... A consciência de que... Ah, tudo isso pode estar acontecendo por minha causa...
         - Sua causa?
         - Sim, a Maria Vitória teve desavenças com o Barão para me defender, e depois aconteceu tudo isso.
         - Não é culpa da senhora o Barão ter uma má fé. E outra, no fim tudo deu certo, não deu?
         - Até o momento sim.
         - Mas posso revelar algo para a senhora?
         - O quê, meu filho?
         - Quero dar uma escapada hoje.
         - Como assim escapada?
         - Vou até a tribo, vou ver o Tião, e os outros.
         - Ah não, Edmundo, não vá... Sabe que pode ser perigoso.
         - Tomarei todo cuidado possível, dona Cila. Além de tudo, tenho roupas novas, com certeza ninguém vai me reconhecer nelas.
         - Meu coração se aperta cada vez mais. Eu lhe peço, não saia hoje.
         - Eu preciso ir, dona Cila. Eu preciso ver o meu povo, a minha gente, é uma necessidade.
         - Então eu vou com você!
         - De jeito maneira, minha véa, a senhora vai aquecer esse coração, ficar quietinha aqui, entendeste?



Escrava Sinhá [Concluída]Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora