Capítulo 108

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9 de maio - 1888



Parte 1









                     Ana Laura desceu as escadas devagar, e beijou o marido assim que se aproximou dele.

         - Ficará bem, Laura?
         - Na companhia da Hilde outra vez. Ansiosa para você voltar!
         - Não está chateada que todos estarão presentes para ouvir a sentença menos você?
         - Não, pois sei que é pelo bem do bebê. Ele mexeu a noite inteira, acho que toda a minha emoção chegou até ele.
         - Nosso bebê chegará em uma nova era da família, sem dúvidas! Se poupe um pouco, Laura. Tome um chá, leia um livro, se coloque distraída.
         - Farei isso, eu prometo! E como você acha que vai acontecer tudo?
         - O próprio Barão Leopoldo se entregou, Laura. Nada mais valioso do que a confissão do próprio réu.
         - Mas ele não citou nada sobre as tais testemunhas que fugiram?
         - Não, somente o que lhe contei. Estou confiante de que vai dar tudo certo!
         - Assim espero, Celso.







                 Hilde correu para abrir a porta e anunciou a chegada de Fausto.





         - Bom dia para vocês!
         - Grande dia, meu irmão! E o Bento com a Rosário?
         - O Bento não vai, não quer ir, e a Rosário também não. Ela prefere ficar longe e fazer companhia ao garoto.
         - Eu entendo. Estás pronto?
         - Sim, podemos ir agora mesmo.
         - Ótimo! Vamos já.



         - Fausto, aliás, os dois... Dêem lembranças a todos, os aguardo aqui com boas notícias.
         - Claro, minha cunhada. Fique bem, aliás, vocês dois!   - Sorriu ao apontar para a barriga de Ana Laura.














                    Lázaro e Maristela já estavam juntos em uma sala, e por mais sério que estivesse, se colocou a abraçar a irmã, aquecendo-a, dando conforto o qual precisavam.





         - Mal dormir essa noite, Maristela. Não consegui parar de pensar em tudo que ouvimos ontem.
         - Por mais que não tenha me surpreendido, e sei que também não te surpreendeu, dói... E dói muito! Tão frio em suas palavras, disseminando um ódio em cada frase. Como pode?
         - Um homem como ele, que admitiu estar morrendo, nem mesmo pede perdão por seus pecados.
         - Em nenhum momento se mostrou arrependido, talvez na morte do Leôncio. E pensar que o meu irmão soube de tudo antes de nós, e não teve tempo de nos dizer.
         - Mas agora chega! Vamos ouvir a condenação dele e aceitar. Não vamos esconder os fatos, Maristela... E vamos honrar a memória da verdadeira Álvares Real, a nossa mãe, a baronesa do Rio de Janeiro!
         - Sim... E vamos honrar a quem ele fez tanto mal antes mesmo de nascer.
         - O que quer dizer?
         - O Edmundo está entre nós, Lázaro... Ele tem tanto direito como nós, filhos de mamãe.
         - Vamos ter tempo para pensar nisso, sim?
         - Eu sei que sim, mas todo tempo é valioso, e já o perdemos muito.





                  Eles foram interrompidos pela chegada de Branca.




         - Perdoe-me, não quis interromper, mas é que Peixoto e Berenice a estão procurando, Maristela.
         - Ah, claro! Já estou indo... Vejo vocês na sentença, com licença!   - Ela se retirou.





Escrava Sinhá [Concluída]Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon