Capítulo 16

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             Leôncio não respondeu Eugênia. Ela levantou sua voz, dizendo ao marido:



         - Anda Leôncio, me prometa... Me prometa que se livrará imediatamente de Dandára, caso Maria Vitória descubra a verdade.
         - Por Deus, Eugênia, como quer que eu te prometa algo desse tipo?
         - Preciso de uma garantia de que não sairei perdendo. Se Maria Vitória descobrir a verdade, poderá se revoltar contra nós, e ir correndo para os braços da Dandára, e se eu não tenho o amor e carinho de Maria Vitória, ela também não terá!
         - Você não deve estar bem do juízo.
         - Estou perfeitamente bem!
         - Ao ponto de pensar que Maria Vitória deixaria de lado a vida que tem, para ir atrás de Dandára, que é uma escrava?
         - Até parece que você não conhece a filha que você tem. Maria Vitória iria atrás de Dandára, nem que fosse para nos provocar!
         - Você acha isso?
         - Tenho absoluta certeza. E não posso negar, Maria Vitória puxou a Dandára no sangue, e também no coração.
         - Eu também penso assim...
         - Mas é claro, a você ela não puxou, e muito menos a mim. Mas não importa, eu só quero uma garantia, uma promessa, de que Dandára nunca, jamais desfrutará do amor de Maria Vitória.
         - Está bem, Eugênia. Eu prometo, que me livrarei de Dandára, SÓ SE Maria Vitória, chegar a descobrir que é filha dela.
         - Assim está bom.




                    Leôncio abaixou a cabeça, e Eugênia lhe disse.



         - Meu querido, não pense que sou uma pessoa ruim, estou apenas tentando proteger, e defender meus direitos como mãe.
         - O que estás a dizer?
         - Eu cuidei, criei, e como eu disse, do meu jeito amo Maria Vitória. Não suportaria a idéia de que a outra chegaria, e levaria embora todos esses anos que me apeguei a nossa filha.
         - Eugênia, os anos que você se apegou a Maria Vitória, foram os mesmos anos que nós roubamos de Dandára, dela cuidar, e amar Maria Vitória. Então me peça tudo, me fale o que quiser, menos do seu "direito" como mãe, se você tem direitos, é porque tirou eles de Dandára.





                    Eugênia olhou para Leôncio, respirou fundo, e começou a chorar novamente. Leôncio apenas abaixou a cabeça, e saiu do quarto, deixando sua esposa chorando, cheia de fúria, e gritando com as paredes.












                  Rosário e Maria Vitória continuavam a conversar, agora falavam sobre rapazes, incluindo o pretendente Fausto.




        - Mas então, você gosta dele?
        - Mas que pergunta, Rosário, já falei como nos conhecemos, não foi nada agradável. Óbvio que não gosto dele!
        - Então aceitou a tal proposta para?
        - Para... Oras... Para saber como será... O que vai acontecer...
        - Hum rum... Eu acho que o tal do Fausto lhe chamou a atenção, mas você não quer admitir.
        - Não foi isso... Ele... Ele é muito bonito, tem charme, mas é muito convencido, metido... Não gostei.
        - Mas pelo o que disse, ele parece ter gostado de você.
        - Ele também me odiou, tá?! E acho muito bom isso, assim o tal noivado será apenas para sair um pouco daqui, e me livrar, nem que seja por horas, de toda essa pressão.
        - Sei... Vai ver que já até estão apaixonados, e não querem admitir um para o outro.
        - Vi aquele garoto dois dias, não tem como está apaixonada.
        - Bom, então ao menos encantada.!
        - Você só fala de mim, e você, vai me dizer que não tem ninguém que te chame a atenção?!
        - Na verdade tem sim...
        - Então me fala, quem é?
        - Ah, foi um cativo, muito forte e valente.
        - Me diz quem é ele, mesmo que eu não conheça.
        - Conhece sim! Pois ontem mesmo ele foi chicoteado na frente de todos.
        - Não acredito, está apaixonada por ele?
        - Não exatamente, ele apenas me chamou a atenção por sua coragem.
        - Hum rum, sei... Está gostando dele sim!
        - Ah, pare com isso... (risos).




Escrava Sinhá [Concluída]Where stories live. Discover now