Capítulo 74 - Parte 4

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              Eugênia parou olhando Leôncio por um tempo.



  - Então... O que me diz?
  - Eu não vou voltar para São Paulo, Leôncio. estive lá, não tenho coragem de voltar.
  - Seus pais...
  - Não merecem conviver com minha cara cínica olhando para eles como se eu não tivesse mentido por 19 anos. Eu não vou voltar para a casa deles de novo!



   Leôncio fechou uma das mãos e bateu na madeira.



  - Então o que você quer fazer? Me diz! Nós não temos nada Eugênia, nada! Eu te sustentava com o que recebia do meu pai... E agora, hã?
  - Nós vamos dar um jeito.
  - Dar um jeito? Eu não vou viver para sempre na fazenda do Lázaro. E claro, não vou trabalhar para alguém, o que dirão?
  - Não precisa se exaltar tanto, meu amor. Eu sei que estamos vivendo de favor aqui, mas eu sei que vamos resolver...
  - É mesmo? Me diz como, Eugênia?! Você gosta de viver no luxo, conforto, não é? Aliás, nós dois gostamos. A única solução que tenho é...
  - O quê?
  - Vou falar com meu pai. Ajudei e muito ele na fazenda, não há de me negar nada.
  - Não! A ele não... Vamos pensar em outra coisa, sim?
  - Em quê? Eugênia, estamos em uma situação crítica, entende?
  - Eu sei disso, mas...
  - Mas, mas o quê? Não tem outro caminho! Eu tenho parte na fazenda, eu mereço, e vou atrás. Bom, ao menos o suficiente para viver por enquanto eu consigo.
  - Não direi mais nada, faça o que quiser.
  - Vou agora mesmo para a fazenda.
  - Não se esqueça que tudo está acontecendo por causa do seu pai.
  - Mais um motivo para correr atrás do prejuízo.


   Leôncio deu as costas, e saiu, dizendo que voltaria para a fazenda.










   Na casa de Ana Laura, as mulheres estavam no quarto, e enquanto compartilhavam a alegria da gravidez, também pensavam sobre o que fariam a respeito da prisão de Celso, Fausto, e Peixoto.


   Lázaro deixou Virgínia com elas, e seguiu novamente para o gabinete, na esperança de conseguir algo.


  - Eu acho que deveríamos ir para a fazenda, e vocês passariam essa história a limpo com o meu avô.
  - Mas que idéia absurda, Virgínia! Como vamos até o seu avô, sabendo que não adiantará de nada?
  - O que não vai adiantar é ficar aqui se lamentando, mamãe.


  - Sabe, a Virgínia em certa parte tem sua razão, Branca. Vamos ficar aqui se lamentando enquanto o meu pai inferniza a vida de todos?
  - Mãe, será que aquele senhor da tribo, o indígena... Ele não pode nos dizer algo?
  - Bem lembrado, Berenice. Aquele senhor foi um anjo nos últimos acontecimentos. Tenho certeza de que ele poderá nos ajudar!


Escrava Sinhá [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora