Capítulo 56

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                    O dia amanheceu, não estava ensolarado, mas estava nublado, e úmido. Dandára passou a noite acordada, e Edmundo também, pois não poderia deixá-la sozinha, e sua preocupação com as meninas era enorme.



        Cila dormiu bem pouco, e teve pesadelos. Acordou chamando pela meninas. Dandára tentou acalmá-la, porém, foi em vão, a senhora estava frágil, e seu coração queria explodir de tamanha agonia.



  Edmundo tentou manter a calma entre as mulheres, mas era impossível. Todos estavam aflitos, e apesar de já terem presenciado as piores atrocidades cometidas, eles ficaram bárbaros com o que estavam presenciando naquele momento. Rosário com a boca tapada, e a neta do Barão amarrada no tronco. Naquele momento, ninguém sabia como reagir, o que fazer com Dandára, o que falar.














                  Tião estava de pé, quando Iracema o chamou.



         - Vamos?
         - Para onde?
         - Irapuã nos manda ir para fazenda de mulher branca.
         - Eu acho uma loucura... Mas não dormi a noite todo pensando no que ele me disse. Rosário sofrendo, a menina branca que está com ela...
         - Sebastião então irá com Iracema. Vamos avisar a moça branca o que está acontecendo.
         - Será uma caminhada e tanto, além de quê, nem sei onde fica a fazenda dos pais de Berenice.
         - Velho sábio Irapuã guirá, com certeza.
         - Eu não duvido. Eu vou... Pela Rosário.
         - Vamos logo, velho Irapuã nos disse para seguirmos.
         - Então... Vamos.




                   Iracema foi na frente, enquanto Tião seguiu atrás. Ele estava duvidoso, e temeu pelo o que Rosário poderia estar passando.












                 Maria Vitória estava tossindo, estava fraca, e caída no chão, amarrada pelas cordas. Rosário seguia firme, porém, não conseguia esconder a fraqueza do seu corpo, pois essa estava ainda mais fraca, e molhada pela chuva. Estava difícil resistir a tudo aquilo, e o pior era não poder gritar por socorro.






                   Capatazes rodeavam o local, e observavam as duas. Maria virava o rosto, e olhava para os céus, perguntando a si mesma quanto tempo mais duraria aquilo. A dor era grande, e o corpo amolecida cada vez mais, isso era impossível esconder, era como se um peso a derrubasse, e fizesse dela refém. Rosário estava com seus braços doloridos, e sentia seu corpo arrepiar por causa do frio que passou. A chuva, o frio, a sede, a fome, o pior de tudo, era saber que não sabiam, quanto tempo ainda ficariam ali.










                       Na estação de trem, Celso e Fausto desembarcaram, novamente de volta ao Brasil, ao Rio de Janeiro. Uma viagem boa, e tranquila, e cada um estava animado para reencontrar sua amada.



Escrava Sinhá [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora