Capítulo 73 - Parte 3

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                      Dandára olhou para Cila de uma maneira assustada, e a fala da antiga escrava trouxe uma forte reação para todos. Eles estavam calados, até que Dandára quebrou o silêncio após segundos.


         - O que a senhora disse, minha mãe?
         - Eu vou voltar para a fazenda Álvares Real, a fazenda onde passei todos os anos da minha vida, e de onde eu jamais deveria ter saído.



         - MAS O QUE DEU NA SENHORA, MINHA AVÓ?


         - Dona Cila, o que está dizendo? O que foi que o Barão disse para a senhora querer voltar para lá? Ameaçou, foi isso?
         - Eu quero voltar, Fausto. É isso!
         - Não, eu não acredito...



         - A senhora quer voltar ao inferno daquela fazenda... Mas o que esse Barão lhe disse? Me diz dona Cila!    - Disse Rosário.
         - EU QUERO VOLTAR!    - Gritou ela.    - Essa é uma decisão minha! Eu nasci, e cresci escrava... O Barão quer somente a minha pessoa... Maria Vitória pode ficar bem aqui, junto a Dandára.


         - Pois eu não entendo, minha mãe... Alguma coisa está acontecendo, não está? Me diz o que é, por favor!
       - Encontraram os outros escravos...



          Fausto levou as mãos na cabeça.



         - Encontraram, e os levaram para a fazenda de volta... Eu não posso deixá-los sozinhos, principalmente as mulheres. Então eu vou! Vou e... Cuidarei dos meus meninos, e de todo o meu povo.



         Maria Vitória começou a chorar.


         - Não fará... Não pode fazer isso.
         - Vou sim, minha filha. Mas você permanecerá aqui, bem, e ao lado da sua mãe.



         - Eu não acredito nisso... Minha mãe, então foi tudo em vão? Tudo que passamos, aquela guerra dentro da fazendo... Nós perdemos amigos por causa disso, a mãe do Bento morreu por toda aquela confusão, e outras tragédias estiveram perto de acontecer!
        - EU SEI! Sei bem... E meu coração dói... Dói muito. Mas eu não posso deixar eles lá na fazenda... O Tião está lá, e acredito que Edmundo também pois não voltou até agora.    - Disse Cila em lágrimas.



         - A SENHORA NÃO VAI, VÓ!
         - Eu vou, Maria Vitória. Está decidido! Eu vou voltar para a fazendo, junto ao Barão... Mas você vai ficar aqui, vai ficar ao lado da sua mãe, ao lado do seu noivo, você será feliz, meu amor.
         - Não! Como poderei ser feliz com a senhora naquela fazenda? Isso não é justo!
         - Me entenda, filhinha... Estou indo, mas na fé que tudo irá se resolver. Peço perdão a vocês, ao Fausto, e ao senhor Celso, por favor, levem o recado para ele. Agradeço pelo tempo que estive aqui... Mas eu preciso fazer coisas, e vou fazer! Mas para isso, eu vou voltar para a fazenda, e cuidarei dos meus meninos.



Escrava Sinhá [Concluída]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora