Capítulo 65

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                      Cila levantou-se cedo, já como era de costume se levantar, desceu em silêncio, foi para a cozinha, e começou a preparar o café da manhã. Junto a ela foi Dandára.




         - Estou fazendo, como forma de gratidão. A sinhá Ana Laura está sendo generosa.
         - Tens razão. Porém, estou com medo, a senhora acha que o Barão não virá?
          - Que vem, sim, com toda certeza! Não sei o que será de nós.
          - Tenho medo, ele vai ficar revoltado, com o ódio ainda maior. Mas... A senhora disse várias vezes que jamais sairíamos da Fazenda, não sei seus motivos para dizer tal.
          - Dandára minha filha, não é melhor tu voltar para o quarto, e ficar com o menino? Coitado, vai acordar chamando, e querendo a mãe.
          - É... Tens razão, é melhor eu ficar para acalmá-lo. Mas o que será dele?
          - É difícil dizer, não dá para falar sobre isso agora. Melhor deixar para mais tarde.
          - Sim, esperá-lo acordar. Com licença, minha mãe.
          - Claro! Toda...



                   Cila rapidamente preparou tudo, e deixou tudo arrumado para quando os outros acordassem.













                  Irapuã estava acordado, sorridente, e estava sentado em uma grande pedra, quando avistou Sebastião se aproximar.



         - acordado, jovem guerreiro?
         - Senhor, não consegui dormir praticamente. Estive pensando em tudo que aconteceu, nas pessoas feridas, os mortos, em tudo...
         - É... Nada é fácil. Nem mesmo a liberdade. Saiba que estou orgulhoso de você. Mostrou-se muito forte, valente, e corajoso... Tudo que um guerreiro precisa ser. E tens tudo que um guerreiro precisa ter.
         - E o que eu tenho? Não tenho armas, não tenho poder.
         - Tu tens amor ao teu povo. Tens amor na luta que acontece pelo o que você acredita. Isto é o mais importante, meu jovem.
         - Ontem me senti fraco com tudo que aconteceu. Inocentes se foram.
         - Inocentes viajaram por um propósito. Pense nisso, filho.
         - O Senhor é muito bom com palavras. Mas não dá... Meu sentimento não muda. Porém, fico alegre pelos que conseguiram se ver livres da escravidão.
         - É... Ainda não.
         - O que disse?
         - Ainda não estão livres da escravidão.
         - Mas invadindo a fazenda. O senhor disse que...
         - Eu não disse nada. Tião, a escravidão sempre existirá, infelizmente, só que de outras formas. Mas não vêm ao caso agora. Ouça bem...  Hão de retornar para aquela fazenda, não todos, mas alguns. Existe um líder, bravo, que tem contas para acertar naquela fazenda, aliás, ele pertence aquela fazenda. Pois a fazenda também pertence a ele.
         - Eu não entendi, senhor. Não estão livres? Vão voltar?
         - Até a batalha final...  Até o dia em que um certo documento for assinado.
         - Mas que coisa! Não entendo nem um tiquinho do que o senhor fala. Tem como ser mais claro? Fico aflito!
         - Calma, Tião...  Os dias de sorrir, hão de vir! precisas de paciência.
         - Diaxo! Eu não entendo nada. Agora que vou me questionar mesmo! Eu hein...
         - Meu jovem guerreiro, vá descansar, vá... Descanse a mente, eu sei que isso te faz sofrer, mas não se abale. Tenha fé no que você acredita.













Escrava Sinhá [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora