Capítulo 92

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                          Maria Vitória estava no escritório de Lázaro, e tomava café com o tio enquanto conversavam sobre algo o qual a jovem queria muito.




         - Espere, Maria Vitória... Deixa eu ver se entendi... Você quer que alguns cativos da fazenda façam parte da passeata que você e as meninas estão organizando?
         - Sim! Eu peço que pense bem, é algo que muito desejo.
         - Como eu já disse mil vezes, esses cativos são do seu avô. Não posso libertá-los, ou...
         - Não é libertar cada um, é apenas uma autorização para irem. Apenas minha mãe, minha avó, e alguns amigos.
         - Mas você sabe e entende que eu teria que colocar capatazes para vigiá-los do início ao fim, não sabe?
         - Eu imaginei que diria isso.
         - Mas é melhor do que nada, não acha?
         - É... Pode ser.
         - Sairão andando pelas ruas fazendo o quê?
         - O senhor verá!
         - Certo... Eu vou permitir que leve sua mãe, sua avó, e...
         - Dois amigos, o Tião e o Edmundo.
         - O Edmundo? Ai... Ainda tem essa história.
         - O senhor poderia conversar com ele logo.
         - É muito complicado, Maria Vitória. Essa história é uma loucura!
         - Sei o quanto pode ser perturbador, mas adiar tudo isso só vai piorar a situação.
         - Ah... Eu vou pensar, tentarei colocar as coisas no lugar. Mudando de assunto, como foi a primeira noite na casa nova?
         - Foi ótima! Dormi muito bem.
         - Imagino a felicidade de Eugênia, sim?
         - Está radiante! É muito bom ter o próprio lar. Mas é impossível não pensar no meu pai, e em como poderíamos estar vivendo com ele.
         - Eu também lembro muito do Leôncio. Lembro da nossa vida na fazenda, o que fazíamos, o que queríamos ser... Tudo!
         - Era uma vida boa na fazenda?
         - Um vida rígida, mas sabíamos nos divertir. Eu fiquei tão feliz quando ele me deu você para batizar!
         - Jura?   - Sorriu.
         - Bom, a gravidez de repente de Eugênia foi um susto, mas você foi um grande presente. No seu batizado a Branca te segurava admirada, e eu ao lado dela parecia um bobo a te olhar.
         - Eu fico muito feliz ouvindo isso, meu tio! Saber que tenho o seu carinho...
         - Sempre terá, Maria Vitória! E se eu puder ajudá-la no que for, fale comigo!
         - Mil vezes agradecida! Agora eu tenho que ir, estamos mesmo combinados?
         - Estamos, sim! Não se preocupe com isso.
         - Ótimo! É... Dê um abraço na tia Branca em meu nome, sim?
         - Pode deixar, eu darei! Eu estou tão cheio de coisas, não vou acompanhá-la, mas diz para o cocheiro que dei ordens para ele deixá-la em casa.
         - Não precisa, eu prefiro ir andando.
         - Não seja teimosa! Vá, o caminho é longo.






                     Maria Vitória foi até o cocheiro como Lázaro mandou, porém, a roda da carruagem se soltou assim que ele a empurrou.




         - Mas olha que perigo, senhorita... Felizmente foi aqui na fazenda mesmo.
         - É melhor arrumar isso, e ficar certo de que não acontecerá de novo!
         - Tens razão, a senhorita se importar de esperar algum tempo?
         - Não se preocupe comigo, eu já estou de saída.
         - Mas a senhorita vai andando?
         - Me sinto ótima assim! Se o meu tio lhe cobrar algo, só diz que saí de maneira rápida que nem me alcançou.
         - Senhorita, espere...
         - Até breve, com licença!














Escrava Sinhá [Concluída]Where stories live. Discover now