Maria Vitória estava no escritório de Lázaro, e tomava café com o tio enquanto conversavam sobre algo o qual a jovem queria muito.
- Espere, Maria Vitória... Deixa eu ver se entendi... Você quer que alguns cativos da fazenda façam parte da passeata que você e as meninas estão organizando?
- Sim! Eu peço que pense bem, é algo que muito desejo.
- Como eu já disse mil vezes, esses cativos são do seu avô. Não posso libertá-los, ou...
- Não é libertar cada um, é apenas uma autorização para irem. Apenas minha mãe, minha avó, e alguns amigos.
- Mas você sabe e entende que eu teria que colocar capatazes para vigiá-los do início ao fim, não sabe?
- Eu imaginei que diria isso.
- Mas é melhor do que nada, não acha?
- É... Pode ser.
- Sairão andando pelas ruas fazendo o quê?
- O senhor verá!
- Certo... Eu vou permitir que leve sua mãe, sua avó, e...
- Dois amigos, o Tião e o Edmundo.
- O Edmundo? Ai... Ainda tem essa história.
- O senhor poderia conversar com ele logo.
- É muito complicado, Maria Vitória. Essa história é uma loucura!
- Sei o quanto pode ser perturbador, mas adiar tudo isso só vai piorar a situação.
- Ah... Eu vou pensar, tentarei colocar as coisas no lugar. Mudando de assunto, como foi a primeira noite na casa nova?
- Foi ótima! Dormi muito bem.
- Imagino a felicidade de Eugênia, sim?
- Está radiante! É muito bom ter o próprio lar. Mas é impossível não pensar no meu pai, e em como poderíamos estar vivendo com ele.
- Eu também lembro muito do Leôncio. Lembro da nossa vida na fazenda, o que fazíamos, o que queríamos ser... Tudo!
- Era uma vida boa na fazenda?
- Um vida rígida, mas sabíamos nos divertir. Eu fiquei tão feliz quando ele me deu você para batizar!
- Jura? - Sorriu.
- Bom, a gravidez de repente de Eugênia foi um susto, mas você foi um grande presente. No seu batizado a Branca te segurava admirada, e eu ao lado dela parecia um bobo a te olhar.
- Eu fico muito feliz ouvindo isso, meu tio! Saber que tenho o seu carinho...
- Sempre terá, Maria Vitória! E se eu puder ajudá-la no que for, fale comigo!
- Mil vezes agradecida! Agora eu tenho que ir, estamos mesmo combinados?
- Estamos, sim! Não se preocupe com isso.
- Ótimo! É... Dê um abraço na tia Branca em meu nome, sim?
- Pode deixar, eu darei! Eu estou tão cheio de coisas, não vou acompanhá-la, mas diz para o cocheiro que dei ordens para ele deixá-la em casa.
- Não precisa, eu prefiro ir andando.
- Não seja teimosa! Vá, o caminho é longo.Maria Vitória foi até o cocheiro como Lázaro mandou, porém, a roda da carruagem se soltou assim que ele a empurrou.
- Mas olha que perigo, senhorita... Felizmente foi aqui na fazenda mesmo.
- É melhor arrumar isso, e ficar certo de que não acontecerá de novo!
- Tens razão, a senhorita se importar de esperar algum tempo?
- Não se preocupe comigo, eu já estou de saída.
- Mas a senhorita vai andando?
- Me sinto ótima assim! Se o meu tio lhe cobrar algo, só diz que saí de maneira rápida que nem me alcançou.
- Senhorita, espere...
- Até breve, com licença!
![](https://img.wattpad.com/cover/201348583-288-k831901.jpg)
YOU ARE READING
Escrava Sinhá [Concluída]
Historical FictionESSA HISTÓRIA VAI TE PRENDER DO INÍCIO AO FIM! Dandára, uma das mais belas moças, cativa da fazenda Álvares Real, apaixonou-se, e viveu um romance com Leôncio, o filho do Barão Leopoldo. Mas esse amor logo é interrompido pelo Barão, quando o me...