Capítulo 26

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                        Maria Vitória seguia todo percurso em silêncio na carruagem. Fausto também não disse uma palavra, mas no meio do caminho não se conteve.



        - Hum... Existem belas fazendas por aqui, não acha?



                  Maria Vitória olhou com uma cara entediada, e respondeu:



         - Sim. São bem bonitinhas.
         - Maria Vitória, ficarás assim o dia todo? Se for, podes deixar que agora mesmo voltamos para trás e te deixo novamente na fazenda do Barão.
         - Se quiser me levar de volta, para mim tanto faz.
         - Não sejas chata!
         - E vocêcomeçou a me insultar, não é?
         - Pois se de repente você quis logo vir, e agora fica com a cara aborrecida.
         - Nossa, Fausto, mas que bom que percebeu.
         - Percebi sim... A única coisa é que ainda não entendi o que estás a acontecer.
         - Você ainda não entendeu por completo? Então quer que eu desenhe?
         - Que bom que falaste em desenho   - Fausto tirou a cópia de um desenho do bolso.   - Veja, essa é a cópia de uma das pinturas de um artista de Portugal, que estará hoje fazendo uma exposição na praça principal. Gostarias de ir ver?





                  Maria Vitória olhou para Fausto, com uma cara de indignação, e de que não estava acreditando no que havia acabado de ouvir. Fausto por outro lado, não sabia se ficava sério ou ria da situação, pois ele estava apenas tentando entreter Maria Vitória, para que ela deixasse a situação de lado.




        - Então... Você vai querer apreciar as obras desse grande artista?
        - Fausto se você soubesse a vontade que me deu, de te jogar para fora dessa carruagem.
        - Você não faria isso, não tem motivos, e também seria trágico, não acha?
        - Como você é cínico e debochado, isso me irrita!
        - Mas Maria Vitória, estou apenas tentando te entreter do que te deixar com raiva.
        - E você não sabe o que me deixou com raiva?
        - Sim, eu acho que eu sei. Está com raiva por achar que eu praticamente te comprei, não é isso?
        - Meus pais concordaram com esse passeio depois que você mostrou aquele anel.
        - Mas eu sabia que seria assim, e você deveria saber também.
        - Você viu os olhares para o anel, assim que o viram, me permitiram de imediato sair com você.
        - E que culpa tenho eu? Apenas fui convidar-te para esse passeio, e levei o anel, como havia dito na carta. Mostrei o anel para que te deixassem vim, mas não imaginei que veria dessa forma... Me desculpe.





                 Maria Vitória olhou para Fausto, e logo depois desviou o olhar. Estava arrependida pela forma como o tratou.


        - Você não tem culpa de nada mesmo, não se desculpe. Eu que lhe devo desculpas por descontar a raiva que senti, e talvez não seja pra tanto, afinal já sabia que isso ocorreria, com você ou qualquer outro.




Escrava Sinhá [Concluída]Where stories live. Discover now