Leôncio permaneceu olhando para Dandára e Edmundo.
- Me perdoe, Senhor. Vim apenas para ver como está a Dandára.
- Por acaso ela está doente?
- Não senhor.
- Então não tem motivos para vê-la no horário em que deveria estar fazendo os seus serviços.
- Me desculpe.
- Volte para o que estava fazendo, e me agradeça por não castigá-lo.
- Sim, Senhor. Mas quero que saiba que Dandára não teve culpa nenhuma.
- Volte para o que você estava fazendo, eu já disse!Edmundo olhou para Leôncio, e saiu, mas temeu do que poderia acontecer ali.
Leôncio desceu do cavalo, e direcionou-se para Dandára.
- O que ele fazia aqui?
- Ele já disse, senhor, veio apenas saber como eu estava.
- Mas você não está doente.
- Eu poderia estar doente, mas me mantive forte todos esses anos.Leôncio olhou seriamente para Dandára.
- O que quer dizer?
- Sabe o que eu quis dizer, Senhor.
- E desde quando você me chama de senhor?
- Desde quando foi me dada essa ordem, não se lembra?Leôncio ficou pensativo.
- Foi me dada essa ordem na noite em que o senhor levou a minha filha, não se lembra?
- Sim... Claro que me lembro.
- Pois então é isso, e se o senhor me permitir, voltarei a fazer o que sempre fiz.
- Eu gostaria de falar com você.
- Tem algo para me falar depois de tantos anos?
- Tenho.
- Então pode dizer.
- Dandára... - Leôncio parou de falar.
- O que ia me dizer?
- Que eu... - Ele ficou pensativo novamente. - Eu acho que não deveria ficar se lamentando por algo que aconteceu a muitos anos atrás. Maria Vitória está crescida, e feliz sabendo que é minha filha, e de Eugênia.
- Para o senhor é fácil falar, pois sua vida é fácil. Eu não me lamento mais sobre o passado, pois a vida tem sido muito boa para mim.
- Imagino que esteja recomeçando com aquele escravo.
- Estou recomeçando sozinha, e se o senhor está tão interessado, saiba que esse meu recomeço, tem muito a ver com a minha filha.
- Do que você está falando?
- Estou falando sobre muitas coisas, Senhor. Mas não se preocupe, o senhor logo saberá.
- Não pense em chegar perto da Maria Vitória!
- Isso a vida dirá, agora, me dê licença, tenho serviços para continuar.
- Não brinque, Dandára.
- Quem brinca aqui é o senhor, enquanto eu falo sério.
- Está me desafiando?
- Não, estou lhe avisando de que a minha vida dará voltas, e que a vida ainda irá me favorecer.
- Você mudou muito.
- É mesmo? Nem eu mesma reparei.
- Você sabe que se fosse por mim, tudo teria sido diferente.
- Mas estava em suas mãos, tudo estava em suas mãos, mas o senhor escolheu vosso caminho, e agora estamos aqui, e somos apenas dois estranhos. O senhor não me conhece, e nem eu o reconheço, assim será, sempre.
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Escrava Sinhá [Concluída]
Historical FictionESSA HISTÓRIA VAI TE PRENDER DO INÍCIO AO FIM! Dandára, uma das mais belas moças, cativa da fazenda Álvares Real, apaixonou-se, e viveu um romance com Leôncio, o filho do Barão Leopoldo. Mas esse amor logo é interrompido pelo Barão, quando o me...