Virgínia bateu na porta do próprio quarto, e foi atendida pela empregada que correu para saber se a jovem patroa precisava de alguma coisa.
- Precisa de alguma coisa, senhorita?
- O meu pai está em casa?
- Sim, senhorita. Mas ele e sua mãe ainda estão no quarto.
- Chama o meu pai, diz que quero vê-lo.
- A senhorita está chorando?
- Chama o meu pai, agora!
- Mas senhorita, e se ele ainda estiver dormindo?
- É uma ordem, sua imbecil!
- Sim, senhorita... Vou chamá-lo agora mesmo, não me demoro!A empregada correu apressada pelo corredor do outro lado da casa, e bateu na porta do quarto dos patrões.
- Senhor Lázaro, estás acordado? - Ela continuou do lado de fora.
- Sim, o que houve?
- A senhorita Virgínia me pediu para chamá-lo.
- Para quê?
- Eu não sei, senhor, não me disse. Mas percebi uma voz chorosa.
- Certo... Volte para o seu trabalho.
- Como quiser, com licença!Branca levantou-se da penteadeira e voltou-se ao marido.
- Não vai até ela, Lázaro?
- Eu não sei, Branca.
- Mas como não sabe? Lázaro, ela o chama e está chorando!
- Deixei Virgínia naquele quarto para que aprendesse e pensasse no que falou.
- E quem sabe ela não quer se desculpar?
- Tão rápido?
- Lázaro, não estamos falando de um bicho sem sentimentos, estamos falando da nossa filha.
- Exatamente por ser nossa filha que devemos pará-la.
- Mas já é a segunda vez que você tranca Virgínia no quarto. Ontem também bateu nela, se fosse a Ana Laura você teria tomado tal atitude?
- Ana Laura nunca me deu motivos para isso, sempre foi um anjo!
- E Virgínia o que seria? Um demônio?
- O que é isso, Branca? Não diga essas coisas!
- Eu sei que a nossa primogênita sempre foi motivo de orgulho, talvez Virgínia só queira isso também.
- Ontem você concordou comigo, Branca.
- Sim, exatamente! E hoje eu acredito que a nossa filha tenha aprendido. Por favor, vai ver o que ela quer, Lázaro.
- Branca...
- Eu sei que você é o homem desta casa, é o marido, é o pai, mas sou eu, sua esposa e mãe das meninas que estou lhe pedindo. Por favor, vá ver a Virgínia!
- Eu vou me trocar, e depois vou até o quarto dela, está bom?
- Está ótimo! - Sorriu.Berenice chegou na casa de Ana Laura e foi recebida com um abraço da prima. As duas se sentaram nos sofás da sala para conversar.
- Eu vim muito cedo?
- Veio na hora certa! Aceita um café, ou um bolo? Tome café da manhã comigo! O Celso saiu mas não deve demorar.
- Eu vou aceitar tomar um café sim, mas depois. Primeiro me conte, como você está?
- Bem, obrigada!
- É que eu sei que a história do casamento da Virgínia mexeu muito com você.
- Acho que já considero este assunto encerrado! A Virgínia parece mesmo disposta a subir ao altar com o Henrique.
- Acha que serão felizes?
- Eu só posso torcer - Sorriu. - Mas posso saber o que a senhorita faz tão cedo na rua?
- Fui até o consultório, e olhando bem não falta quase nada. Depois vou dar um olá ao Lúcio no trabalho dele.
- Ah... Alguém está muito apaixonada, sim? - Risos.
- Muito! Ai Laura, se soubesse como me sinto bem perto do Lúcio. Ele me faz sentir-me a garota mais especial do mundo.
- Eu sei como é. É bom gostar de alguém, não é? Se apaixonar de verdade é como a calma em dias de tempestade.
- Nem sempre, não é? Mas que bom que o amor nos pegou! - Sorriu.
- E eu fico feliz também pelo projeto lindo que estão construindo juntos. E foi bom você ter vindo, pois era exatamente sobre isso que eu queria falar.
- Estou te ouvindo, prima.
- Berenice, eu sei que o consultório público é algo maravilhoso, e um sonho para vocês.
- Com certeza!
- Mas eu também sei que mais especial do que isso para você seria uma sala de aula para todos, certo?
- Sim... Mas no momento me contento apenas com o consultório, depois a sala de aula vem com o tempo.
- Mas Berenice, eu mesma vou te ajudar nisso, vou colaborar com os materiais.
- Ana Laura, não precisa...
- Que fique claro que não é caridade, sim? Quero te ajudar nisso, diretamente. Posso dar algum tipo de aula para que você não fique sobrecarregada, posso dar aulas de literatura.
- Mas Ana Laura... E o Celso? O seu bebê?
- Essa parte contarei ao Celso depois, e posso fazer quando o meu bebê estiver maiorzinho, além disso eu tenho a Hilde.
- Estou realmente emocionada, eu nem sei o que dizer, Laura. Muito obrigada!
- E quando acha que podemos começar?
- Logo após a inauguração do consultório, será incrível!
- Pronto! Já podemos pensar em mesas, cadeiras, livros... E tudo mais que nós e as pessoas vão precisar.
- Ai prima! - Berenice a abraçou. - Estou tão feliz com esta novidade! Esse projeto tende a crescer cada vez mais.
- Assim espero, Berenice. É só questão de tempo e paciência! Agora nós podemos tomar o café? Estou cheia de fome! - Sorriu
- Claro! Quase me esqueço que são três precisando se alimentar.
- Três?
- Sim! Eu, você, e o bebê!
- Ai Berenice... - Ana Laura soltou risos.
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Escrava Sinhá [Concluída]
Historical FictionESSA HISTÓRIA VAI TE PRENDER DO INÍCIO AO FIM! Dandára, uma das mais belas moças, cativa da fazenda Álvares Real, apaixonou-se, e viveu um romance com Leôncio, o filho do Barão Leopoldo. Mas esse amor logo é interrompido pelo Barão, quando o me...