Capítulo 112

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                    Virgínia bateu na porta do próprio quarto, e foi atendida pela empregada que correu para saber se a jovem patroa precisava de alguma coisa.


         - Precisa de alguma coisa, senhorita?
         - O meu pai está em casa?
         - Sim, senhorita. Mas ele e sua mãe ainda estão no quarto.
         - Chama o meu pai, diz que quero vê-lo.
         - A senhorita está chorando?
         - Chama o meu pai, agora!
         - Mas senhorita, e se ele ainda estiver dormindo?
         - É uma ordem, sua imbecil!
         - Sim, senhorita... Vou chamá-lo agora mesmo, não me demoro!  




                 A empregada correu apressada pelo corredor do outro lado da casa, e bateu na porta do quarto dos patrões.




         - Senhor Lázaro, estás acordado?   - Ela continuou do lado de fora.
         - Sim, o que houve?
         - A senhorita Virgínia me pediu para chamá-lo.
         - Para quê?
         - Eu não sei, senhor, não me disse. Mas percebi uma voz chorosa.
         - Certo... Volte para o seu trabalho.
         - Como quiser, com licença!




                  Branca levantou-se da penteadeira e voltou-se ao marido.



         - Não vai até ela, Lázaro?
         - Eu não sei, Branca.
         - Mas como não sabe? Lázaro, ela o chama e está chorando!
         - Deixei Virgínia naquele quarto para que aprendesse e pensasse no que falou.
         - E quem sabe ela não quer se desculpar?
         - Tão rápido?
         - Lázaro, não estamos falando de um bicho sem sentimentos, estamos falando da nossa filha.
         - Exatamente por ser nossa filha que devemos pará-la.
         - Mas já é a segunda vez que você tranca Virgínia no quarto. Ontem também bateu nela, se fosse a Ana Laura você teria tomado tal atitude?
         - Ana Laura nunca me deu motivos para isso, sempre foi um anjo!
         - E Virgínia o que seria? Um demônio?
         - O que é isso, Branca? Não diga essas coisas!
         - Eu sei que a nossa primogênita sempre foi motivo de orgulho, talvez Virgínia só queira isso também.
         - Ontem você concordou comigo, Branca.
         - Sim, exatamente! E hoje eu acredito que a nossa filha tenha aprendido. Por favor, vai ver o que ela quer, Lázaro.
         - Branca...
         - Eu sei que você é o homem desta casa, é o marido, é o pai, mas sou eu, sua esposa e mãe das meninas que estou lhe pedindo. Por favor, vá ver a Virgínia!
         - Eu vou me trocar, e depois vou até o quarto dela, está bom?
         - Está ótimo!   - Sorriu.











                  Berenice chegou na casa de Ana Laura e foi recebida com um abraço da prima. As duas se sentaram nos sofás da sala para conversar.




         - Eu vim muito cedo?
         - Veio na hora certa! Aceita um café, ou um bolo? Tome café da manhã comigo! O Celso saiu mas não deve demorar.
         - Eu vou aceitar tomar um café sim, mas depois. Primeiro me conte, como você está?
         - Bem, obrigada!
         - É que eu sei que a história do casamento da Virgínia mexeu muito com você.
         - Acho que já considero este assunto encerrado! A Virgínia parece mesmo disposta a subir ao altar com o Henrique.
         - Acha que serão felizes?
         - Eu só posso torcer    - Sorriu.   - Mas posso saber o que a senhorita faz tão cedo na rua?
         - Fui até o consultório, e olhando bem não falta quase nada. Depois vou dar um olá ao Lúcio no trabalho dele.
         - Ah... Alguém está muito apaixonada, sim?   - Risos.
         - Muito! Ai Laura, se soubesse como me sinto bem perto do Lúcio. Ele me faz sentir-me a garota mais especial do mundo.
         - Eu sei como é. É bom gostar de alguém, não é? Se apaixonar de verdade é como a calma em dias de tempestade.
         - Nem sempre, não é? Mas que bom que o amor nos pegou!   - Sorriu.
         - E eu fico feliz também pelo projeto lindo que estão construindo juntos. E foi bom você ter vindo, pois era exatamente sobre isso que eu queria falar.
         - Estou te ouvindo, prima.
         - Berenice, eu sei que o consultório público é algo maravilhoso, e um sonho para vocês.
         - Com certeza!
         - Mas eu também sei que mais especial do que isso para você seria uma sala de aula para todos, certo?
         - Sim... Mas no momento me contento apenas com o consultório, depois a sala de aula vem com o tempo.
         - Mas Berenice, eu mesma vou te ajudar nisso, vou colaborar com os materiais.
         - Ana Laura, não precisa...
         - Que fique claro que não é caridade, sim? Quero te ajudar nisso, diretamente. Posso dar algum tipo de aula para que você não fique sobrecarregada, posso dar aulas de literatura.
         - Mas Ana Laura... E o Celso? O seu bebê?
         - Essa parte contarei ao Celso depois, e posso fazer quando o meu bebê estiver maiorzinho, além disso eu tenho a Hilde.
         - Estou realmente emocionada, eu nem sei o que dizer, Laura. Muito obrigada!
         - E quando acha que podemos começar?
         - Logo após a inauguração do consultório, será incrível!
         - Pronto! Já podemos pensar em mesas, cadeiras, livros... E tudo mais que nós e as pessoas vão precisar.
         - Ai prima!   - Berenice a abraçou.   - Estou tão feliz com esta novidade! Esse projeto tende a crescer cada vez mais.
         - Assim espero, Berenice. É só questão de tempo e paciência! Agora nós podemos tomar o café? Estou cheia de fome!   - Sorriu
         - Claro! Quase me esqueço que são três precisando se alimentar.
         - Três?
         - Sim! Eu, você, e o bebê!
         - Ai Berenice...   - Ana Laura soltou risos.













Escrava Sinhá [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora