Capítulo 76

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Dias Depois...








   - Mais um dia se inicia, sem respostas, sem alegria... Apenas saudades das pessoas que estamos distantes, longe...   - Disse Maria Vitória enquanto caminhava pelo Jardim da casa do coronel.
   - É... Eu consigo pensar em como estão todos na fazenda, os homens na prisão, a tribo sem o Irapuã...
   - Um verdadeiro caos está acontecendo. E nem fazemos idéia de quando irá acabar.
   - Isso se acabar, não é, Maria Vitória?
   - Tem que chegar ao fim, Rosário. Ou o que será de todos nós se o barão continuar vencendo?
   - Não sei... Mas estou com medo. Dias se passaram, passamos de semanas e a peste permaneceu muito quieta. Ele não fez mais nada.
   - Mais nada até onde nós sabemos, certo? Fico trêmula em pensar na minha mãe, minha avó, e nos outros. Sabe-se lá o que acontece dentro daquele lugar.
   - As coisas pioraram, com certeza a segurança está reforçada, com capatazes por todo lugar. Além do trabalho que deve estar mais pesado do que nunca.
   - pensou nos castigos desnecessários?
   - Penso muito, aliás, ainda consigo sentir.



      Maria Vitória olhou para a grade, para o outro lado da rua.



   - O que foi?
   - Se lembra de quando saímos para o centro, e jurei para ti que vi um vestido idêntico a um dos que eu tinha?
   - Me lembro sim.
   - Pois veja, aquela outra moça que está ali parada, ela também está com um vestido idêntico! Veja, é igual o vestido rosa que usei no dia em que fui a um passeio com Fausto.
   - Outro? Eita, agora desconfio que não seja impressão.
   - Te disse que meu pai trouxe os vestidos, mas que eu não quis. Ele saiu, dizendo que precisava resolver assuntos, e está estranho nos últimos dias...
   - O que estás pensando?
   - Nada... Talvez seja confusão da minha cabeça, apenas.
   - Tem certeza?
   - Não, nenhuma certeza, mas tenho muitas dúvidas. De qualquer forma, isso não me importa mais. Os vestidos comprados com o dinheiro do Barão são o de menos.
   - Assim que se fala! Mas agora... Tenho que lhe contar algo.
   - O que foi?
   - Ontem o Bento chorou muito, e disse que estava com saudades da mãe. Além disso também queixou saudades da Dandára, do Edmundo, e da dona Cila.
   - E onde ele está agora?
   - No quarto lá em cima.
   - Pobre Bento, tão pequeno, e tão castigado pela vida.
   - O problema é que estamos tão preocupadas, que não nos lembramos de que ele sente tanto quanto nós.
   - Tens razão, Rosário. Bento precisa de cuidados como todos precisam, não é por ser criança que ele sente menos.
   - Sonho com o dia em que Dandára se casará com Edmundo, e o adotarão como filho deles.


      Maria Vitória sorriu.



Escrava Sinhá [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora