Capítulo 45

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                      No outro dia, Leôncio saiu a cavalo, e levou Maria Vitória com ele. Pela primeira vez saíram juntos, e Leôncio a levou para ver cada canto da Fazenda.



                    Rosário limpava o casarão, e bateu no quarto de Eugênia.



        - Com licença, senhora. Eu posso entrar? Preciso limpar.
        - Entra.
        - Licença.
        - Você não vai limpar nada agora.
        - Não?
        - Não  - Eugênia encarou Rosário.  - Eu sei quem você é, você é a escravinha, amiga da Maria Vitória, não é?
        - Sou sim, senhora.
        - É, eu sabia... Maria Vitória sempre teve algo puxando ela para perto do povo dela. Mas você irá fazer algo.
        - O quê?
        - Entregue essa carta para ela, assim que eu for embora daqui, e ela voltar do passeio com o pai dela.
        - A senhora vai embora?
        - Vou sim, vou sair dessa casa infeliz. Eu não vou mais voltar, maldito seja o dia em que pisei meus pés nessa casa.
        - Mas... A senhora vai mesmo?
        - disse que vou! O que foi? Não precisa ficar triste com minha saída.
        - Eu triste, senhora?
        - Sim, afinal de contas fui a patroa dessa casa por anos.
        - Se a senhora diz...
        - Ah, outra coisa... Quero que mande um recado para a Dandára.
        - Qual?
        - Diz para ela cuidar da Maria Vitória. E tentar dar para ela muito amor, para compensar a falta de luxo, e comida.



              Rosário fez cara de espanto.



        - É...
        - Vai dizer, não vai?
        - Ah... Claro... Eu... Eu vou.
        - Ótimo! Pegue minhas bagagens, leve todas para baixo.
        - Sim, senhora.



                       Rosário pegou as bagagens com certa dificuldade, e desceu as escadas.



               Eugênia também desceu, e aguardou na sala. O Barão estranhou o movimento, e foi ver o que estava acontecendo.



        - Que bagunça é essa?
        - Nãobagunça alguma, apenas estou indo embora.


                O Barão começou a rir.


        - Indo embora? Ah, Eugênia, por favor, não seja ridícula!
        - Está duvidando?
        - Você não iria embora dessa casa, e muito menos deixaria o meu filho.
        - Estou indo agora, já chega de tantas humilhações!
        - E você acha que o seu pai te receberá novamente?
        - Tenho certeza que sim.
        - Até você dizer a eles que mentiu sobre a Maria Vitória.
        - Eu vou dizer isso para os meus pais, mas contarei os fatos, o que realmente aconteceu.
        - Olha, só... Está aprendendo a ter atitudes? estava na hora. Uma pena que não pode ser assim, afinal, é uma mulher. Agora vá, volte para o seu quarto, e aguarde o meu filho.
        - Eu estou indo. Mas antes, tenho que te falar umas coisas.
        - Para de drama, e me obedeça! Volte para o seu quarto.
        - Você não manda em mim, Barão Leopoldo. No Leôncio você manda à vontade, mas não em mim.
 


Escrava Sinhá [Concluída]Where stories live. Discover now