Capítulo 113 - ESPECIAL - Parte 3

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A abolição da escravatura

Parte 3







                   Haviam pessoas por todos os lados nas ruas do Rio de Janeiro, e a festa poderia durar dias. Todos comemoravam que finalmente a escravidão havia chegado ao fim no Brasil. Alguns não estavam satisfeitos, se queixavam, e sentiam-se traídos pelo império, mas por outro lado, a festa era bonita de se ver!



         - O bebê não para de pular dentro da barriga! Será que ele está sentindo toda essa alegria?
         - Com certeza, Laura! Meu amor, a cidade está em festa! Qualquer um, de longe, pode avistar essa maravilha e sentir o clima espetacular da liberdade.



         - Ai, meu irmão, minha cunhada... Eu confesso para vocês que não imaginei presenciar e viver esse grande dia!   - Fausto se aproximou.
         - Estamos vivenciando algo histórico, meu irmão! Gerações futuras se lembrarão desta data.
         - Isso sem dúvida alguma! Fico a imaginar como toda essa gente se sente neste momento. Eu que sou eu, estou em festa!
         - Eu te vi daqui, estava a dançar e sapatear com todos, sim? Mas você precisa urgente de alguma aulas com a Rosário.   - Sorriu.
         - Pensarei nisso, se é que terei tempo.
  



                 Ana Laura sorria para cada um que passava diante dela, e interrompendo o assunto do marido com o cunhado, lembrou-se de Maria Vitória.



         - Mas e a minha prima? O que será que deve ter ido fazer na fazenda?
         - Com toda certeza ela foi tirar a todos da fazenda, cunhada. Saiu com Rosário, e o Bento, juntos e felizes, deixei que fossem sós, tenho certeza de que foi um momento lindo!
         - Se é assim, logo devem aparecer por aqui. Ficarei atenta!









                  Lázaro e Branca seguiam na carruagem de volta para casa, junto a Virgínia. Estavam em silêncio, e assim ficaram até chegarem na casa, onde Branca tratou de conversar no quarto deles, a sós com o marido.



         - Não lhe disse nada, mas eu gostaria de ter ficado mais um pouco. A festa está muito bonita! E nós nem vimos a Ana Laura.
         - Eu sinto muito, Branca. Aquele tumulto deixou-me desorientado.
         - Você logo se apressou a vir embora, parecia estar fugindo de algo. Maristela se aproximou de nós, e você correu para a carruagem.
         - É que... Soube que Maria Vitória foi até a fazenda, a Berenice informou.
         - E o que tem? O mais óbvio, não?
         - Com certeza ela voltará para a cidade acompanhada.
         - De toda aquela gente. Imagina a alegria desta comitiva? A Maria Vitória chegará com a avó, a Dandára, o Edmundo, e...   - Ela parou de falar e olhou para o marido.   - Não quis encontrar com o seu irmão?
         - Não saberia como agir, e nem o que dizer. Voltar foi a melhor opção!
         - Só por isso, Lázaro? Meu marido rígido e autoritário fugiu de um problema?
         - Infelizmente não tenho tanta coragem igual a minha sobrinha.
         - Mas terá que ter. Lázaro, não se esqueça que aquele homem salvou-me de um ataque terrível, sim? Se não fosse por ele, teria sido picada e morta por um cobra.
        - Nunca me esqueço disso. Mas também não quero abraçá-lo por gratidão, e sim por sentir essa ligação de irmandade. Além disso, Branca, ele é simplesmente fruto de um escândalo terrível! O que dirão as pessoas?
         - Escândalo maior estamos enfrentado atualmente, meu marido. Confesso que antes eu era contra uma aproximação entre vocês, exatamente por querer zelar a nossa imagem perfeita, principalmente para sermos motivo de exemplo nesta cidade.
         - E agora? Tentas sempre me convencer a ir até ele de alguma forma.
         - Não tem como fugir para sempre. Temos uma dívida, a Maristela o quer bem, e você já perdeu um irmão... Por muito pouco não perdeu o outro.
         - Ah, Branca...
         - Ouça, meu marido. Ouça-me! Podemos voltar ao centro mais tarde, e então, em meio a uma festa, terá a oportunidade de falar com ele.
         - Você realmente gostou da festa, não foi?   - Risos.
         - Bom... Não é do meu costume me misturar com todos, ainda mais com aquelas danças e músicas. Mas hoje eu reconheço que estamos vivendo uma data muito especial, a qual eu garanto que não será esquecida jamais pelos brasileiros.
         - Se é assim... Eu me alegro! Voltaremos mais tarde, e que seja o que Deus quiser!








Escrava Sinhá [Concluída]Where stories live. Discover now